Segundo Pansera, se o critério de desobedecer uma resolução do partido for suficiente para ensejar a expulsão de um filiado do PMDB, o mesmo deve ser aplicado a Jucá que, em 2014, contrariou determinação da sigla de apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff na chapa com o vice-presidente Michel Temer e declarou voto no então candidato Aécio Neves (PSDB-MG).
O ministro já solicitou a sua assessoria jurídica um estudo para fazer a representação.
– Jucá não obedeceu a Convenção Nacional do partido que aprovou a chapa Dilma e Temer. Como ele pode querer agora tocar processo? – questionou Pansera a interlocutores.
O ministro também ironizou o fato de não haver representações contra os demais ministros do PMDB que permanecem em suas pastas, apesar de decisão da legenda de desembarcar da base aliada e proibir que filiados exerçam cargos no governo. Nesta quinta-feira, apenas Pansera e Kátia Abreu (Agricultura) foram alvo de representações. Mauro Lopes (Aviação Civil) também está sendo processado na Comissão de Ética do PMDB por ter assumido o cargo contra determinação do partido.
– Por que não faz isso com o filho do Jader Barbalho? Comigo, é porque não tenho pai célebre – afirmou Pansera a pessoas próximas, em referência ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA), um dos caciques do partido.
Romero Jucá encaminhou nesta quinta-feira à Comissão de Ética do partido as representações pela expulsão de Celso Pansera e Kátia Abreu por "desobediência às decisões do Diretório e da Convenção Nacional do PMDB". Os pedidos de expulsão partiram dos diretórios da Bahia, no caso de Kátia, e do Acre, Sergipe e Espírito Santo, no caso de Pansera. Os demais diretórios ainda não se manifestaram.
No despacho à comissão, Jucá pediu "o processamento das representações com a maior rapidez possível para a satisfação da base partidária e dos representados". O processo de expulsão do ministro da Aviação Civil, Mauro Lopes, já está tramitando internamente desde o dia de sua posse, no dia 17 de março.
O PMDB anunciou por aclamação o desembarque do governo na semana passada. Na ocasião, ficou decidido que membros do partido não estão autorizados a exercer cargos no governo federal.