Trânsito na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, em
São Paulo - Crédito: Foto: Guilherme Dionízio/AE
O total de veículos no país mais que dobrou nos últimos dez anos e atingiu 64,8 milhões em dezembro de 2010, segundo levantamento do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) divulgado na quinta-feira (10).Para neutralizar as emissões de gás carbônico da frota, o Brasil precisaria aumentar em mais de 11 vezes a cobertura de Mata Atlântica atualmente existente no território nacional, de acordo com cruzamento de dados do Denatran realizado por pesquisador da Universidade Católica de Brasília (UCB) a pedido do G1.
O balanço do Denatran aponta que o Brasil fechou 2010 com exatos 64.817.974 veículos registrados. Em dez anos, o aumento acumulado é de 119%, ou seja, mais 35 milhões de veículos chegaram às ruas no período. Segundo o órgão, essa seria a frota circulante no país e considera carros, motos, caminhões e outros tipos de automotores inseridos no cadastro desde 1990. Os dados do Denatran não desconsideram, por exemplo, eventuais proprietários que registraram o veículo, mas deixaram de circular e não deram baixa no registro.
Com base no número absoluto divulgado pelo órgão, foi realizado - a pedido da reportagem - uma projeção do total de gás carbônico (CO2) emitido pela frota durante um ano. A estimativa é do professor Genebaldo Freira, pesquisador e Diretor do Programa de Mestrado e Doutorado em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília (UCB).
Ele explica que, \"para fins de estimativa (resultado aproximado, fins pedagógicos) considerou-se que cada veículo roda, em média, 50 km/dia; que o combustivel majoritário é o gasol (mistura de gasolina e álcool) e que a média de emissão é de 150 g CO2 por km rodado\".
Com essas variantes, o pesquisador aponta que a atual frota emite anualmente 171,1 milhões de toneladas de CO2. \"Seriam necessários 945 mil quilômetros de Mata Atlântica para neutralizar essas emissões (caso a frota toda estivesse rodando). Isso representa 11,1 % da superfície do País\", comenta o professor.
\"Obviamente não temos essa biomassa disponível para efetuar esse trabalho. Logo, grande parte dessas emissões vai se juntar às outras e aumentar a concentração do CO2 na atmosfera\", comenta o professor. Atualmente, de acordo com dados da Fundação S.O.S. Mata Atlântica, esse tipo de floresta ocupa apenas 1% do território brasileiro.