A sociedade vive de tendências, em vários aspectos, como a moda, o design, a arquitetura, a gastronomia, e até comportamento de consumo, que impacta o mundo dos negócios. O ciclo dessas tendências variam e elas surgem por influência de uma série de fatores.
Depois da Revolução Industrial e a eclosão do American Way Of Life (jeito americano de viver), a posse se tornou extremamente relevante para as pessoas se sentirem bem sucedidas e 'comprar coisas', era uma forma de demonstrar sucesso.
Isso aconteceu em uma época onde os recursos eram abundantes e a economia estava em desenvolvimento contínuo. Ainda hoje, vemos traços desse consumo desenfreado, pois a tendência no quesito comportamento é mais lenta do que, talvez, a moda. Mas atualmente, vivemos sinais de esgotamento econômico e de recursos. Estamos nos robotizando e, sem que percebamos, perdemos a empatia, o acolhimento e nossos valores.
Algumas pessoas sentem essa desconexão que a tecnologia traz e têm consciência deste esgotamento. O que as fazem buscar referências do passado e de uma experiência mais profunda, com relações humanas reais, para um conforto emocional que, aparentemente, vai contra a era digital. Elas buscam um refúgio para não se desprenderem da essência humana, que é se relacionar, trocar, ajudar e ter experiências autênticas.
Compartilhar. Nada traz melhor referência ao passado e acalora mais nossa alma do que o compartilhamento, seja de serviços ou objetos. Antigamente, o que se colhia, era compartilhado entre os produtores e famílias; as pessoas trocavam açúcar, café, leite… Quem tinha um aparelho de televisão, juntava a vizinhança para assistir a uma novela; a troca era constante, a relação humana e o pensamento comunitário eram muito mais fortes.
A tendência, hoje, é um movimento de propósito, de conexão com os valores humanos e o combate ao consumo desenfreado, por consciência de que o planeta não tem recursos infindáveis e dinheiro nenhum compra a vida.
Já é percebido que grande parte da nova geração consome de maneira diferente. O desejo de posse mudou para um desejo de ter experiências mais genuínas, proporcionadas pela interação humana e por causas reais. "Por que" consumir, substitui "o que" consumir. E é neste contexto que empresários e profissionais liberais precisam se ajustar. Encontrar propósito para seus negócios e comunicá-los bem – algo que tenha significado para as pessoas e para o planeta.
Como você está sendo visto, hoje, por essa população mais consciente e engajada com a responsabilidade socioambiental?
Negócios colaborativos e conscientes estão surgindo a cada dia, nos mais diversos segmentos, e eles podem ser muito rentáveis. Posso citar muitos exemplos, como o Uber, Airbnb, marcas de aluguel de bolsas de luxo, roupas de festa, etc., mas sem a tecnologia, esses negócios colaborativos não seriam tão abrangentes e nem conectariam tantas pessoas. É graças ao digital que pessoas de comum interesse se relacionam, trocam experiências e conectam a necessidade de um com a solução do outro.
Essa tal de Economia Colaborativa chegou e só tem a evoluir. Ela traz sentido para o capitalismo; traz também uma nova perspectiva de futuro para os negócios, para as pessoas e para o planeta.