
O estudo, ainda em andamento na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), teve a proposta de investigar os efeitos de uma alimentação com restrição extrema de sal na gestação. O trabalho está sendo feito em ratas, que são acompanhadas desde o início da gravidez até o desmame de seus filhotes.
O pesquisador responsável, Joel Cláudio Heimann, frisou em entrevista à Agência Fapesp que ainda não é possível garantir que o mesmo efeito encontrado nos roedores e seus filhotes será repetido em humanos. Entretanto, as conclusões iniciais indicam que a falta de sal pode ser tão nociva como o excesso.
Se por um lado o consumo demasiado do tempero durante a gestação leva à formação de adultos hipertensos, a dieta hipos-sódica (com restrição de sal) resultou em filhotes com mais índices de colesterol e resistência à insulina, um dos primeiros passos para o diabetes e problemas cardíacos.
O presidente da comissão de gestação de alto risco da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), Denis José Nascimento, recorre à composição química do sal para justificar as sequelas negativas da restrição do produto. “O sal é formado por dois elementos químicos absolutamente indispensáveis para a sobrevivência”, afirmou ao portal Ig. “Um deles é o sódio e o outro o cloro (o nome científico é cloreto de sódio) e ambos participam de todas as funções vitais.
A boa concentração da dupla no cérebro influencia positivamente nos impulsos nervosos, no comando dos músculos e todos os tecidos do corpo humano.”
Em gestantes, completa Dênis José Nascimento, há um acúmulo de líquidos, natural por causa da gravidez. Este excesso de água faz com que a dissolução do sal seja mais rápida do que em mulheres não grávidas, por isso é preciso muita cautela na restrição extremada. “O equilíbrio no consumo é o caminho mais seguro para evitar problemas”, orienta Nascimento.
#####Excessos
O levantamento nacional feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia mostra que, em média, o brasileiro consome 8,4 gramas de sal por dia, duas vezes mais do que o limite máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Uma política de saúde adotada há 13 anos no Canadá incentivou que a população diminuísse duas pitadas de sal a menos por dia no preparo dos alimentos. O resultado foi uma redução de 8% nas mortes por infarto e 12% dos óbitos por acidente vascular cerebral (AVC).
Para evitar problemas, a dica dos especialistas é prestar atenção e fazer boas escolhas no supermercado, sempre prestando atenção nos rótulos e na concentração de sódio, para assim não extrapolar a dose. No caso das grávidas, uma alteração no metabolismo torna a preocupação com o exagero ainda mais importante. “Durante a gestação, o estado de jejum é mais curto, porque a passagem de nutrientes para o bebê. Isso faz com que a sensação de fome seja mais recorrente”, diz o médico da Febrasgo. “Por isso, o ideal é comer a cada três horas e sempre fazer escolhas saudáveis”.
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