Parece cedo, mas não é; as coisas começam a acontecer agora porque os políticos que ambicionam se candidatar no ano que vem precisam se acomodar em algum partido, ou seja, um ano antes das próximas eleições.
Por isso toda essa movimentação do prefeito Murilo Zauith que precisa decidir se fica, ou não, com o apoio do PT nas eleições do ano que vem.
Para ter o apoio do PT Murilo precisa se apresentar como candidato num partido que tenha afinidades com o PT. Agora dizer que tipo de afinidades seriam essas fica meio difícil, mas basicamente se poderia dizer que Murilo precisa estar num partido com características de esquerda ou, pelo menos, em um partido desses que, na esfera federal, seja um aliado da atual administração da presidente Dilma Rousseff.
Murilo teve o apoio do PT em sua eleição para prefeito apesar de ser candidato pelo DEM – um partido que a Direção Nacional diz rejeitar aliar-se. E esse apoio ele o teria mesmo sem precisar dar-lhe o cargo de vice.
Quando aceitou ser candidato para completar o mandato do desastrado Ari Artuzi, Murilo foi aconselhado pelos mem-bros do DEM para que indicasse para ser seu vice, um candidato do PMDB e em comum acordo com o governador André Puccinelli.
Murilo preferiu escolher uma mulher, Dinaci Ranzi do PT, atual vice-prefeita. Uma decisão que surpreendeu todo mundo. Assim que a atual vice foi apresentada – pois se tratava de pessoa desconhecida politicamente – foi se tornando sim-pática a todos os partidos e, no final da campanha, já se podia notar que sua presença somava muito no trabalho de coordenação.
Com essa escolha Murilo sinalizou, tanto ao seu partido, DEM, como ao governador que estaria preparando caminho para se tornar companheiro do senador Delcídio do Amaral na futura sucessão de André Puccinelli. Sua decisão estaria correta se vista como prefeito eleito que já todos consideravam. Ainda mais que, assim, lhe ficaria mais fácil ter acesso a recursos federais neste governo da presidente Dilma.
Murilo sabe que para a próxima eleição não tem o apoio do PT ainda, mas não se importa muito com isso porque sabe que tem o apoio de Tetila e de João Grandão – o que não é pouco. Então, no fundo, ele não liga muito para esse apoio oficial, não. O que ele queria mesmo ele tem: o apoio do senador Delcídio do Amaral na sua reeleição como prefeito. E ao senador interessa demais essa parceria, pois lhe facilitaria muito a sua eleição ao governo do Estado.
O governador pode até ficar amuado com essas atitudes de Murilo, mas como será candidato ao Senado em 2014 lhe interessa estar de bem com Murilo. Assim como lhe interessa estar de bem também com Delcídio, pois ele sabe que o senador será um candidato muito forte.
Se as decisões de Murilo estão corretas, somente o futuro dirá. Hoje se pode dizer que sim. Mas é bom que esteja pre-cavido, pois a história tem mostrado que, nos países democráticos, o povo costuma sempre alternar seus governos. Ora trocando a direita pela esquerda; ora trocando a esquerda pela direita. E com tantas deficiências administrativas nos governos petistas, a mudança na forma de administrar o país certamente se fará daqui a pouco. Aliás, são coisas da própria Política.
Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal.
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