William Shatner e Justin Halpern, durante o
lançamento da série em 2010 - Crédito: Foto: AFP
Dizem que é nos tempos de crise que nascem as melhores ideias. O escritor Justin Halpern que o diga. Estreia no próximo dia 7, no Warner Channel, a série “$#*! my dad says” (lê-se “bleep my dad says”), inspirada em um perfil que o americano de 30 anos criou no Twitter para homenagear seu pai, Sam Halpern, um médico aposentado de 73 anos dotado de enorme humor peculiar.William Shatner, ninguém menos que o eterno Capitão Kirk de “Star trek”, é quem vive o papel do patriarca rabugento.“Tê-lo como pai é estranho. E incrível”, brinca Halpern, o filho, em entrevista ao G1. “Ele é um cara muito interessante com um passado muito interessante. É um prazer ouvi-lo falar, sempre. E acredite: ele é bem mais simpático do que deveria”, descreve.
Aos 28 anos, após perder o emprego e a namorada, o escritor se mudou de Los Angeles para San Diego para voltar a viver com o seu pai. O homem é uma figura: desbocado, mal-humorado e donos de pensamentos que eram decorados e repetidos por seus familiares e amigos. Exemplo: \"não existe uma hora certa de ter filhos, mas sempre está na hora certa de transar. Deus não é um imbecil. Ele sabe como as coisas funcionam\".
Diante de material tão rico e sem nada melhor para fazer na época, Halpern sintetizou as melhores pérolas do pai em 140 caracteres em um perfil do Twitter. Nascia em 2009 o @shitmydadsays (\"as m... que meu pai fala\"), um fenômeno imediato dentro do microblog e que logo rendeu um livro best-seller (lançado no Brasil recentemente pela Editora Sextante, com o título de \"Meu pai fala cada m*rda) e uma comédia de TV na CBS, mesmo canal de \"Two and a half men\" e \"The big bang theory\" .
\"As ideias surgem de todos os lugares, então por que não no Twitter também?\", sugere Halpern, que hoje é um dos roteiristas e produtores do programa. Perguntado se todas as piadas citadas no perfil, livro e série são verdadeiras, ele garante que sim. “É tudo verdade. O que eu fazia às vezes era editar umas palavras para encaixá-las em 140 caracteres. Às vezes pegava também um parágrafo cheio de abobrinhas e juntava a primeira sentença com a última. Mas sempre foram as palavras do meu pai.
##### Um verdadeiro \'paitrimônio\'
”Apesar das pancadas recebidas por parte dos críticos americanos, \"$#*! my dad says\" ganhou o prêmio de “nova série cômica favorita” no último People’s Choice Award. A série é inspirada na vida pessoal do escritor, mas tem lá as suas alterações. Shatner é Ed, um médico aposentado, veterano da Guerra do Vietnã e três divórcios na ficha corrida. Já Ryan Devlin vive Henry, escritor recém-despedido que decide visitar o pai após dois anos afastado com o único objetivo de conseguir dinheiro emprestado.
As pérolas do pai mantiveram seu teor ácido na TV e divertem. Shatner, que já exibia seu talento humorístico em “Boston legal”, é claramente a estrela do programa: só dá ele nas chamadas e fotos promocionais. Por outro lado, o seriado peca pelo resto do elenco, fraco, e pela necessidade de encaixar um pitaco genial do velho Ed a cada 30 segundos.
No livro e no programa televisivo existe um algo a mais por trás das “m...” de Sam. Há uma liçãozinha de vida e um enfoque no relacionamento entre pai e filho. Halpern admite que nunca se entendeu bem com a personalidade do pai até dividir o teto com ele novamente. “Nos últimos cinco anos tivemos uma relação muito boa”, explica ele, que não é hipócrita ao ser questionado sobre como é ter o pai como fonte de renda.
“De certa maneira, sim, sempre soube que ele seria a solução para todos os meus problemas”, admite. “Mas a real é que sempre me senti sortudo por tê-lo como pai e, em certo momento da minha vida, me toquei que tudo o que aprendi com ele iria me ajudar. Mas se por acaso pensei que um dia ele seria o responsável por cada dólar que ganhei no último ano? Nãããooo!”
(g1)