Cena da animação “Juro Que Eu Vi Saci”, que estará na programação que começa na sexta-feira em Corumbá; dia 27 em Três Lagoas e dia 28 na Capital. - Crédito: Foto: Divulgação
Em um desenho animado, o saci ajuda um velho fazendeiro que perdeu seu coração a ter uma segunda chance. Já num documentário, o saci vira o guia para atingir a alma do povo. Num outro filme, em um confronto possível apenas pelo cinema, ele enfrenta o próprio Drácula. São produções dos mais diferentes gêneros e linguagens, mas que ganham unidade ao tratar do mesmo tema: saci, o duende brasileiro. Mostrar toda essa diversidade do folclore é o objetivo da mostra “Curta Saci”, que chega em Mato Grosso do Sul no final de janeiro. A ideia de organizar a mostra veio do jornalista Andriolli Costa, diretor do curta-metragem “Enterros” (2015) e que finalizou agora “O Colecionador de Sacis” – que terá sua estreia durante o evento.
“O Colecionador” é um curta independente, feito com recurso zero, mas que tinha uma mensagem importante. Desde o começo eu quis que ele fosse um filme dramático, para afastar a ideia de que só é possível falar de saci para um público infantil. Não é, o saci é universal”, defende Andriolli.
Para fortalecer essa mensagem, Andriolli procurou produtoras audiovisuais de todo o país para organizar a mostra mais plural possível, correndo contra o recesso de fim de ano. No total, serão sete curtas exibidos nas cidades de Corumbá, Três Lagoas e Campo Grande. “Observadores de Saci” (documentário, 2011), “Caçadores de Saci” (infantil, 2005), “Somos Todos Saci” (animação, 2013), “Juro Que Vi Saci” (animação, 2004), “O Saci” (terror, 2015), “Sem Fim” (ficção, 2014) e “O Colecionador de Sacis” (drama, 2015).
Em Corumbá, a mostra será realizada na próxima sexta-feira, no Cine Sesc. Serão duas sessões: uma às 17h, com os curtas infantis e contação de histórias sobre folclore, e outra, com a programação completa, às 19h. Em Três Lagoas será dia 27, no Cineclube Boca Cine. Por fim, a mostra se encerra em Campo Grande, dia 28, no Museu da Imagem e do Som (MIS). Ambas às 19h. Todas com entrada franca.
Após cada sessão, que deve durar cerca de 1h15min, haverá debate sobre a importância do folclore para a identidade nacional. Doutorando em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Andriolli Costa é pesquisador de cultura popular e imaginário, com foco principalmente no saci e na lenda dos tesouros enterrados no Paraguai.
O público também será convidado a gravar em vídeo suas experiências com o saci. O material será utilizado para a produção de um documentário em homenagem aos 100 anos de Sacy Pererê – Resultado de um Inquérito. Obra seminal de Monteiro Lobato, com depoimentos de leitores dos mais variados sobre o diabrete brasileiro, cuja pesquisa foi feita em janeiro de 1917 com parceria do jornal O Estado de São Paulo.