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Gilberto Gil celebra Dominguinhos em filme inédito

15 Jun 2011 - 15h20
Sentados, da esq. para a dir.: o baixista Arismar do Espírito Santo, o guitarrista Heraldo do Monte, Dominguinhos e Gilberto Gil durante gravação do documentário \'Dominguinhos, volta e meia\' no último sábado - Crédito: Foto: André Brandão/ DivulgaçãoSentados, da esq. para a dir.: o baixista Arismar do Espírito Santo, o guitarrista Heraldo do Monte, Dominguinhos e Gilberto Gil durante gravação do documentário \'Dominguinhos, volta e meia\' no último sábado - Crédito: Foto: André Brandão/ Divulgação
Tudo pronto no estúdio de Gilberto Gil, na Gávea, Zona Sul do Rio. Músicos, técnicos e produtores, além do próprio cantor baiano, aguardam a chegada do amigo e parceiro de longa data José Domingos de Morais, o Dominguinhos. O encontro realizado no fim da tarde de sábado (12), mais um entre tantos na carreira dos dois artistas, tem um sabor especial. Será registrado pela equipe do diretor Felipe Briso e fará parte do documentário “Dominguinhos, volta e meia”, que celebra os 70 anos do cantor, compositor e instrumentista recém-completos em fevereiro último.

Enquanto espera, Gil relembra histórias do convívio com Dominguinhos, reafirma a influência do \"mestre Luiz Gonzaga\" na formação musical de ambos e não deixa de exaltar o talento e versatilidade do músico pernambucano num bate-papo animado com o baterista Robertinho Silva, o baixista Arismar do Espírito Santo e o guitarrista Heraldo do Monte, reunidos para a ocasião.

\"Dominguinhos guardava toda essa verve nordestina de Gonzagão, ao mesmo tempo em que sua sensibilidade musical estava voltada a busca de uma sofisticação harmônica\", comenta Gil, pouco antes de perceber a presença do homenageado já dentro do estúdio: \"Estávamos aqui só falando de você\", diz o cantor, levantando-se, de braços abertos, para cumprimentar o amigo.

E é sob um clima intimista e de reverência a Dominguinhos, mesmo entre iluminadores e operadores de som, que a gravação dos números musicais acontece. No repertório, canções de sucesso compostas pelo pernambucano e sua frequente colaboradora Anastácia, gravadas na voz de Gil (\"Tenho sede\", \"Eu só quero um xodó\"); as parcerias com o cantor baiano (\"Lamento sertanejo\", \"Abri a porta\"); uma homenagem a Luiz Gonzaga (\"Treze de dezembro\"); \"Meio-de-campo\", composta por Gil e gravada por Elis Regina nos anos 70; e uma música instrumental, abrindo espaço para pequenos improvisos.

São justamente estes encontros musicais, dos quais também já participaram Hermeto Pascoal, Wilson das Neves, Lenine e João Donato, que vão pontuar o longa, idealizado pela cantora e compositora Mariana Aydar, o multi-instrumentista e produtor musical Duani Martins e o pianista Eduardo Nazarian.

“Eles refletem momentos da trajetória do Dominguinhos. Com o Gil, por exemplo, queremos justamente lembrar de quando ele passa a ser conhecido, além de instrumentista, como um compositor de sucesso. Mas teremos de tudo: desde de obras mais instrumentais até peças mais voltadas para canção. Acho que vamos conseguir nosso objetivo, que é tirar todos rótulos de Dominguinhos. Ele é um músico universal”, destaca Eduardo, logo após as gravações.

Para Gil, é justamente este o mérito do amigo, que soube unir a tradição da música regionalista brasileira à contemporaneidade dos tempor modernos. \"Ele foi na esteira de Luiz Gonzaga, o primeiro grande artista regional a abordar a modernidade nos temas, na música e na poesia. Dominguinhos é um herdeiro direto disso. Traz essa fidelidade ao seu mundo inicial, ao Nordeste. Ao mesmo tempo, se encantou pelas faíscas da música popular do mundo inteiro. Fez isso com um talento musical prodigioso, engoliu tudo como se tivesse uma barriga de baleia\", brinca Gil.

Tímido, Dominguinhos agradece os elogios do tropicalista e relembra de sua participação no disco \"Refavela\", que selou a amizade entre os dois. “Depois de gravar \'Refazenda\' com ele, em 1973, passei a fazer parte da banda na turnê do álbum. Andamos tanto por esse Brasil com aquele disco. Gil me ajudou muito. Gravou músicas minhas e me fez ser reconhecido como compositor. Por causa dele, andei até de avião\", diz o pernambucano sobre um de seus maiores medos. \"Fomos tocar em algumas cidades europeias, aí não teve jeito. Ele queria descansar e dormir, mas eu queria conversar o tempo todo para me distrair\", reconhece.

Quem assistir ao documentário também vai poder conhecer um pouco do dia a dia do músico e de sua intimidade através da relação com a família, além de compromissos profissionais e pessoais.

\"Estamos fazendo uso deste ano em que Dominguinhos faz aniversário para recontar sua vida. De alguma maneira, 70 anos é uma idade simbólica. Nesta hora, qualquer pessoa se pega olhando para trás e revê um pouco a sua história. Porporcionar isso a ele é muito legal. E a gente percebe que ele está muito feliz\", declarou o diretor Felipe Briso, adiantando que o longa chegará às telas no primeiro semestre de 2012.

O grande homenageado confirma a impressão do diretor. \"O que posso dizer é que é muito interessante para o artista ter sua história relembrada. Tem sido muito bom mesmo. Tenho revisto muitos amigos. Está ficando muito bonito”.

Tanto Gil quanto Dominguinhos seguem em turnês juninas pelo Brasil nos próximos meses. O baiano se apresenta na Bahia nos próximos dias 17 (Salvador), 23 (São Sebastiãodo Passé) e 25 (Mata de São João) com a turnê do álbum \"Fé na festa\", lançado no ano passado. O repertório pivilegia os ritmos tradicionais do nordeste, incluindo baião, xote e forró.

Já Dominguinhos cumpre um roteiro que inclui shows na Paraíba, Bahia, Pernambuco e Sergipe. Os destaques são as apresentações no São João de Petrolina, no dia 21 deste mês, e no Forrocaju, dois dias depois.

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