Tensão no filme “O Lobo Atrás da Porta” aumenta quando surge Rosa - Crédito: Foto: Divulgação
O Cineclube da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) apresenta amanhã o filme nacional “O Lobo Atrás da Porta”. A sessão, com entrada gratuita, acontece às 17h, no cineauditório da unidade I da UFGD, localizado a rua João Rosa Gões, 1761, Vila Progresso. Premiado em diversos festivais – entre eles, Rio de Janeiro e Havana, no ano passado –, o longa começa de forma quase casual, sem indicar muito do que está por vir. Sylvia (Fabíula Nascimento) vai à escola buscar sua filha pequena e a professora diz que uma vizinha já pegou a menina. A mãe apavora-se: “Como assim: uma vizinha?”. É a primeira pista de uma trama que, na cena seguinte, desloca-se para uma delegacia, onde um delegado (Juliano Cazarré) inicia uma investigação.
A chegada do pai da menina desaparecida, Bernardo (Milhem Cortaz), introduz novos elementos. Pai e mãe, cada um tem sua versão sobre o sumiço da garota. E é a partir daí que o suspense ganha densidade. Cada personagem apresenta um ponto de vista que, comparado aos outros, se contrapõe, se contradiz. A questão é, como em qualquer obra de ficção, seja literatura, cinema ou televisão, não se deve nunca confiar no narrador.
Essa tensão só aumenta quando entra em cena Rosa (Leandra Leal, premiada no Festival do Rio) – amante de Bernardo. Cada novo depoimento representa um novo flashback, adicionando avanços na investigação e novas camadas ao filme. Fernando Coimbra, que também assina o roteiro, demonstra completo domínio da estrutura de sua narrativa, revelando sem pressa cada uma das reviravoltas da trama – todas bastante plausíveis, diga-se de passagem.
Cada plano, cada imagem, cada enquadramento parece milimetricamente planejado, sem que isso implique num exibicionismo formal. Segundo avaliação do Cine Web, a meticulosidade formal é um espécie de tradução da meticulosidade da trama orquestrada para narrar o desaparecimento da garota.
Coimbra foi feliz ao escalar um trio de atores com talento à altura de transmitir todas as nuances de seus personagens. Afinal, eles são ambíguos, e a plateia vai transitar entre o amor e o ódio por cada um deles. Um destaque especial vai para a coadjuvante Thalita Carauta – mais conhecida por seu trabalho humorístico no televisivo “Zorra Total” – que aqui é até engraçada, mas num outro registro.
Por fim, “O Lobo Atrás da Porta” passa-se no Rio de Janeiro de hoje – mas longe dos cartões postais, num subúrbio, que, no filme, parece operar por leis próprias: um purgatório onde os personagens ardem sem saber, à espera de suas condenações.