Revelações, Olivia Torres e Juliana Paiva hoje
estão em \'Malhação\' e Ti-ti-ti\' - Crédito: Foto: Divulgação
Quase um ano depois de a juventude paulistana ser retratada nos cinemas, agora é a vez da carioca. Estreia nesta sexta-feira (14) o filme “Desenrola”, que assim como “As melhores coisas do mundo” tem a proposta de mostrar os anseios da adolescência pelo olhar dos próprios adolescentes.Mas de um jeito mais divertido, sem a reflexão proposta pelo longa de Laís Bodansky ou temas como drogas e bullying. Muito porque a comédia de Rosane Svartman (“Mais uma vez amor”) se concentra apenas em entreter, ao contar a primeira experiência sexual (e outras primeiras vezes) pelo ponto de vista de uma garota.
Priscila (Olivia Torres) é uma romântica jovem de 16 anos, virgem, que se vê sozinha em casa durante 20 dias após a mãe (Claudia Ohana) viajar. Após descobrir uma antiga caixa de tralhas dos anos 1980 escondida pela matriarca – cuja maior preciosidade é uma fita cassete com músicas românticas da época gravadas pelo pai -, a adolescente idealiza um grande amor para a sua primeira vez. E acredita que ele esteja personificado em Rafa (Kayky Brito em participação especial – no caso, seu torso), surfista de Ipanema que é o irmão mais velho de Tize (Juliana Paiva), a garota mais popular da escola.
A iniciação sexual vira tema do filme a partir de um trabalho de escola criado por Priscila, que busca mostrar quantos alunos do 1º ano do ensino médio nunca fizeram sexo. No grupo de pesquisa está Caco (Daniel Passi), seu melhor amigo (gay) e conselheiro, e Boca (o ótimo Lucas Salles), o engraçadinho da turma, que segue aquela estratégia de “amor de pré-escola” para mostrar o quanto gosta de Priscila: irritando-a.
“É assim que o gordo tem chance de pegar as pessoas: sendo o palhaço. Eu mesmo sempre fui assim, até fui expulso de seis colégios”, ri Salles. “Também sou como o Boca e sempre fui de fazer grandes provas de amor, como escrever nome na rua, fazer livros de poesias... O problema é que recebi de volta um chifre, e do meu melhor amigo!”
O ator é um dos vários rostos novos que aparecem na película. O curioso é que ela ajudou a revelar alguns nomes antes mesmo de estrear, caso de Olivia e Juliana. “Foi o meu primeiro trabalho com câmera, foi um susto”, diz Olivia, que hoje está em “Malhação”, como a ex-gordinha Rita.
“Até que foi tranquilo. A minha maior dificuldade foi interpretar uma grávida, algo fora da minha realidade. Fiquei com medo de mostrar uma imagem errada às pessoas, mas “Desenrola” é um filme simples, que passa o seu recado”, complementa Juliana Paiva, atualmente no papel da adolescente Valquíria Spina, filha do estilista Jacques Leclair (Alexandre Borges), da novela “Ti-ti-ti”.
Filme multiplataforma
O interessante em “Desenrola” é que ele é um projeto multimídia e colaborativo. O filme nasceu a partir dos documentários “Quando éramos virgens” (GNT), que inspirou a websérie “Desenrola” e depois rendeu o seriado \"Desenrola aí\", no Multishow. Para a produção do filme, Rosane diz ter visitado mais de dez escolas do Rio e de São Paulo. “Via todas as aulas, ficava no recreio... Para ter uma visão horizontal, sem ser nostálgico”, explica.
Antes mesmo de o longa ser produzido ele ganhou um site, que serviu para escalar um ator coadjuvante por meio de um teste virtual, para o público enviar seus vídeos de beijos cinematográficos (inseridos no final do filme) e até para a criação colaborativa da música-tema, composta pela banda Agnela e por outras cinco internautas.
Para Rosane, essa proposta multiplataforma é interessante tanto do ponto de vista artístico quanto do marqueteiro. “Nosso público, que está no filme, está acostumado a interagir com os produtos que gosta. Tem o lado artístico de ter sempre a troca, mas há o lado estratégico também, porque a web lhe permite falar de um produto desde o seu início”, pontua.
A diretora não se importa com as comparações de “Desenrola” com o paulista “As melhores coisas do mundo” ou com os gaúchos \"Os famosos e os duendes da morte\" (Emir Filho) e \"Antes que o mundo acabe\" (Ana Luiza Azevedo), todos de 2010, o que comprova um certo boom de filmes brasileiros com a temática jovem.
Segundo ela, ainda se contam nos dedos de uma mão o número de produções nacionais que tenham o adolescente como figura principal. “O cinema brasileiro passa por um bom momento, então que bom que esse tipo de filme está começando a aparecer. Eles ajudam a criar um gênero”.
(G1.com)