Cantora inglesa se apresentou para um público de 2 mil pessoas em SP - Crédito: Foto: Daigo Oliva/G1
Há uma teoria sobre cantoras e bebidas que explica razoavelmente bem o show que Kate Nash fez em São Paulo nesta sexta-feira (25), no HSBC Brasil. Certas moças pensam que têm a pungência de um copo de vodka, mas sempre vão proporcionar um inofensivo gosto de refrigerante.Na primeira vinda ao Brasil, Kate Marie Nash bem que tentou se fazer notar por meio de suas novas (e pesadas) influências, mas é difícil ser punk em um show em que, em certo momento, quase metade das duas mil pessoas presentes resolve fazer coraçõezinhos com a mão. A cantora britânica também traz a figura de um coração em uma das bochechas e passa parte do show com um lacinho preto na cabeça, que havia sido arremessado ao palco.
O começo, pouco antes da 23h, foi como na apresentação realizada no Rio de Janeiro no dia anterior, com o noise pop \"I just love you more\". Em vez do teclado habitual, a cantora de 23 anos empunha uma guitarra e outras duas contribuem para a barulheira. Após o fim da microfonia, vem \"Doo-wah-doo\", com refrão perfeito para caras e bocas. No fim da música, com pegada de girl group dos anos 60, solta um \"eu te amo\", em português.
Mesmo sendo uma das mais cantadas de seu segundo CD (\"My best friend is you\", de 2010), as faixas da estreia \"Made of bricks\" (2007) foram imbatíveis, como a balada \"Birds\". \"Mariella\" foi outra das mais cantadas, levando em conta trava-línguas como \"I\'m never ever ever ever ever ever ever ever ever ever ever ever ever, yeah\".
Embora por vezes faça pose de roqueira e tente ficar menos risonha em meio a discursos feministas (\"Mansion song\") e berros no microfone (\"Model behavior\"), tudo sempre termina em risos e em palavras e gestos afetuosos. A plateia, que encheu apenas meia casa, ria junto. Dava a entender que a ideia era ver no palco o show que cantora fazia há três anos, não a distorção de \"I\'ve got a secret\", dedicada a \"todos os gays\".
Antes de \"Foundations\", que termina com um pouco comum solo de baixo, Kate pede a seu roadie que filme o público. Em seu maior hit, de seu primeiro disco, canta que já a chamaram de \"amarga que parece ter chupado muitos limões\". Faz cara de quem está com a boca cheia de jujubas.
#####Música surpresa
Por duas vezes, não tem o auxílio de sua banda. Em \"I hate seagulls\", pede silêncio antes de apresentar um arranjo guitarra e voz. \"We get on\", por sua vez, não estava nos planos. \"Não sei mai como tocar e cantar essa música\", garantiu, tentando conter os pedidos.
Como a plateia não se calava, fez uma forcinha para lembrar a letra. Pediu ajuda dos fãs quatro vezes e conseguiu mais aplausos ao final da versão teclado e voz do que com qualquer outra música. Concessões sempre deixam o público mais ouriçado.
\"Eu tenho certeza que a plateia do Brasil é a melhor do mundo\", garantiu, já perto do fim do show. De camisa com um \"Brazil\" grafado, volta para o bis. Toca \"Nicest thing\", \"Pumpkin soup\" e, então, começa a pisotear as teclas do piano. Um sorriso e um aceno prolongados teriam feito estrago maior nos coraçõezinhos da plateia.