Aos 71 anos, o homem que levou dezenas de brasileiros aos cinemas nas décadas de 1970 e 1980, surpreende, ao ressurgir no cenário nacional, em tempos de crise, com uma produção que conta com participações de personalidades. - Crédito: Foto: Divulgação
De uma sala instalada na Avenida Afonso Pena, umas das principas vias de Campo Grande, onde funciona a produtora Dacar Filmes, no estacionamento Fênix, o cineasta José Darcy Cardoso, mais conhecido como Davi Cardoso, monitora o lançamento do seu novo filme, "Sem Defesa", conforme matéria pelo Jornal O PROGRESSO, neste caderno. Aos 71 anos, o homem que levou dezenas de brasileiros aos cinemas nas décadas de 1970 e 1980, surpreende, ao ressurgir no cenário nacional, em tempos de crise, com uma produção que conta com as participações de personalidades que praticamente não têm nada em comum, como o senador Álvaro Dias, o jornalista Marcelo Rezende e o apresentador de televisão Ratinho.
Como na suas produções anteriores, nos tempos da chanchada, gênero do cinema brasileiro que marcou época. Cardoso interpreta o papel principal. Ele é um juiz do seu estado que sofre uma tentativa de sequestro e fica paraplégico.
O veterano chegou a perder diversos quilos para poder fazer o personagem numa idade avançada. Empenhou dinheiro e prestígio com autoridades locais para viabilizar o filme. Mas ele garante que Sem Defesa é a última produção da Dacar. "É muito desgastante e difícil", desabafa.
O termo chanchada , em arte, significa espetáculo ou filme em que predomina um humor ingênuo e de caráter popular. Ao longo da década de 1970, o conceito ganhou conotações pejorativas, mas as chanchadas foram responsáveis por uma das fases mais lucrativa do cinema nacional, ao reconciliar a sétima arte com o público, que andou afastado das salas de exibição de filmes brasileiros durante o período do Cinema Novo.
Na época, David Cardoso, , que começou no cinema pelas mãos do legendário Mazzaroppi e herdou do mestre o talento para produzir filmes populares. Ele sempre frequentou o cículo de cineastas conhecidos, como, Neville D’Almeida, Sílvio de Abreu, Reginaldo Faria e José Miziara. Segundo Cardoso, era uma época em que os cinemas de rua tinham uma espécie de identidade própria.
Em entrevista ao jornalista Matheus Trunk, o sul-mato-grossense David Cardoso revela: "Eu era o Roberto Carlos do cinema. Por dez anos ninguém me bateu. Não vou me comparar com Xuxa, Trapalhões, esse pessoal que tinha a Globo nas costas."