A cada dia a Zika, doença transmitida também pelo mosquito (não mosquita) Aedes aegypti, faz surgir especulações, dentre elas a provável ligação entre Zika e microcefalia. Inicialmente se alardeou que os números explodiram com a transmissão, agora, fala-se que parte destes números já existia, mas não era relatado pelo governo.
Recentemente proliferaram reações irresponsáveis. Acusações de descaso, falta de informação do povo no combate ao transmissor; tudo isso é verdade, mas o que chama a atenção é a sugestão de ideólogos da morte e da Organização Mundial de Saúde, veja da SAÚDE, da adoção do aborto como uma das formas de debelar o problema das grávidas, sim, porque deixar nascer uma criança anencéfala é um problema segundo pensam essas mentes gentis.
Porém, a ligação entre microcefalia e Zika no Brasil é um mistério, em outros países, dentre eles a Colômbia, através de pesquisa disponibilizada em 13 de fevereiro de 2016, indicou que mais de cinco mil mulheres colombianas grávidas foram infectadas com o Zika, mas não existe registro de microcefalia ligada ao Zika em nenhum desses casos. Como explicar as rápidas notícias no Brasil que logo relacionaram a Zika como fator de explosão da microcefalia?
Não se pode descartar que antes da questão da microcefalia, que grupos organizados apoiadores do aborto bradavam pela sua aprovação, mas até então estavam na defensiva por causa de um projeto de lei da chamada bancada cristã. O tal projeto já foi aprovado por uma comissão da Câmara dos Deputados, e restringiria o acesso ao aborto, acrescentando obstáculos para mulheres que querem abortar, dizendo que foram estupradas, quando o acontecimento não ocorreu verdadeiramente. Com o fato novo da Zika os defensores da causa da morte pelo aborto, reafirmaram sua defesa.
Outras perguntas deveriam aparecer na pauta reflexiva. O que há de diferente no caso brasileiro? Mosquitos geneticamente modificados? O uso de produtos químicos usados no combate ao mosquito ao longo das últimas décadas, tornando-os mais resistentes? Ou, além da quase epidemia no horizonte, existe interesses multimilionários de poderosos laboratórios? E, por último, encontrou-se a causa para apressar a aprovação do aborto, “fazendo dos bebês em gestação — as principais vítimas da estranha epidemia no Brasil — bodes expiatórios de uma crise de origem duvidosa”?
É perspicaz imaginar que o Aedes aegypti ou outro transmissor faça surgir deficiências nas crianças já nascidas, tornando-as deficientes, ou atinja outras idades. Far-se-á a defesa da matança dessas pessoas? É deplorável que a discussão negligencie a irresponsabilidade de décadas, que permitiu a volta e proliferação do mosquito, e agora, sem realmente buscar os culpados, estabeleça-se a pena de morte aos inocentes.
Entretanto, a notícia da pressão para legalizar o aborto parece ter invertido a situação, criando uma repercussão negativa, especialmente entre famílias de crianças deficientes. O Facebook e WhatsApp, com mais de 200 milhões de pessoas conectados no Brasil, têm evidenciado posturas pró-vida esperançosas, quando milhões de pessoas, até revoltadas com essa cultura da morte, posicionaram-se a favor do nascimento dos bebês com microcefalia.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em nota oficial disse: “O aborto não é a resposta para o vírus Zika. Precisamos valorizar a vida em toda e qualquer situação ou condição”.
De fato, valorizar a vida é curar os atingidos pelo Zika, Dengue e Chikungunya, é eliminar o mosquito, é cuidar da saúde dos brasileiros com responsabilidade, deixando de fazer obras faraônicas como foram os estádios da Copa e todo investimento das Olimpíadas, para não citar tantos outros, e investir esses vultosos recursos em saúde pública. Matar mosquito não produz Ibope, pensaram os sucessivos governos, eis o resultado! Para completar, ontem a imprensa noticiou que novo surto ligado a Sífilis pode estar associado aos casos de microcefalia, além do crescimento da síndrome de Guillain Barré.
Pároco da Catedral de Dourados, MS. e-mail: [email protected]