Marcos Chien, advogado tributarista da Acigames,
em palestra no dia dos descontos de games }
- Crédito: Foto: Gustavo Petró/G1
Filas gigantescas antes da abertura de lojas, sites de compras on-line que saíram do ar por conta do excesso de tráfego, jogos que acabaram em uma hora. Assim foi o sábado (29), dia escolhido pelo comércio para reduzir pela metade o preço de alguns jogos de videogame.Chamado de \"O Dia do Jogo Justo\", a campanha, que aconteceu na capital paulista e em mais seis cidades, além de trazer jogos muito mais baratos, também teve palestras, apresentações e, claro, games para que os visitantes e entusiastas do projeto pudessem se divertir. Entretanto, os jogadores, fugindo do estereótipo dos \"viciados em videogames\" utilizado por veículos não-especializados em games, estavam mais preocupados em uma causa: lutar para que o governo baixe os impostos sobre os videogames.
\"Os jogos e consoles estão na mesma classificação do que as máquinas de caça-níquel e de videopôquer\", diz o tributarista da associação dos games Acigames, Marcos Chien.
\"Nossa meta é enquadrar o videogame nas mesmas tributações que os computadores no país, muito menor, o que certamente irá aumentar as vendas do mercado legal sem prejuízo para o governo\".
A conta de Chien é 20% de imposto de importação, 40% de IPI, 18% de ICMS, mais de 9% de PIS e COFINS. Como a cobrança é em cascata, a carga de impostos chega a 124%.
No Brasil, um game que custa US$ 60 (no caso do Xbox 360 e do PlayStation 3) nos EUA, chega ao país por R$ 100, mas os impostos em cascata elevam este preço para mais de R$ 225. Ainda, muitos dos lançamentos no país custam em média R$ 150 e R$ 200.
No dia da promoção, os jogos \"Assassin’s Creed: Brotherhood\", \"Castlevania: Lords of Shadow\" ou \"Pro Evolution Soccer 2011\", que custam R$ 200, foram vendidos por R$ 100. “Vendemos cerca de dois jogos por minuto e isso é um movimento histórico, que comprova que há mercado e que o consumidor também prefere comprar um produto original, com nota fiscal e todas as garantias. Ele só quer é um produto mais barato”, diz Marcos Khalil, sócio fundador da UZ Games. Segundo ele, nas 25 lojas da rede que participaram do Dia do Jogo Justo, foram vendidas 2.500 unidades, dos três jogos que fizeram parte da ação.
\"Em uma hora os jogos esgotaram\", disse Gabriel Vonkarajan, franqueado de uma rede de lojas de games sobre a grande procura dos títulos em promoção. \"A fila estava muito grande antes de abrirmos nossas portas. O site de uma rede de lojas on-line não aguentou a demanda e caiu, impedindo gamers de comprar pela internet. Era possível comprar apenas um game por pessoa.
Em uma faculdade na cidade de São Paulo, o projeto Jogo Justo realizou palestras e levou games para os visitantes, mas o foco dos gamers era outro. \"Acho que o projeto é promissor para a redução de impostos e abrirá portas do Brasil para o mercado de games internacional \", disse Nadia Fornaro, 23 anos, gerente de testes. \"O preço [R$ 99] é um preço bom, porque tem que ter imposto, e vale a pena\".
\"O sonho de todo o jogador de games do Brasil é ter um game por um bom preço\", diz o analista de sistemas Erich Roveda. \"Acredito que o projeto dê certo, pois sua base tem fundamento. Para quem quer trabalhar na área de desenvolvimento de games como eu, é muito importante que dê certo\". O webdesigner Rafael Portes acredita que haverá empresas grandes investindo no Brasil com menos impostos sobre os games. \" Se o governo não investir, será uma burrada\".
Os mais novos também se engajaram ao projeto e à promoção de 50% de desconto nos games. É o caso de Pedro Henrique Lopes, de 11 anos, que foi com o pai, Nilton Lopes, acompanhar as palestras no dia de descontos e que, depois, iriam comprar \"Pro Evolution Soccer 2011, um dos games da promoção. \"Espero que o Jogo Justo dê certo para eu poder comprar mais jogos, pois está muito caro hoje\", disse o garoto.
Os desenvolvedores de games brasileiros também apostam na redução dos impostos sobre os jogos eletrônicos. \"O problema do mercado brasileiro é que o jogo é muito caro, criando a cultura da pirataria, desvalorizando o nosso produto\", afirma o empresário e game designer Andrian Laubisch. \"Com preço mais baixo, o público terá uma opinião mais crítica sobre os games, pois poderá comprar mais jogos. Com isso, o público também irá comprar mais games feitos no Brasil\".
(G1)