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Taxa elevada de enzimas nos pulmões agrava casos de covid-19

A atividade aumentada das metaloproteinases nos pulmões de pessoas com covid-19 – em estado grave ou que foram a óbito – explica o agravamento da doença e também abre perspectivas para novos tratamentos

04 Jun 2022 - 19h00Por Brenda Marchiori, Jornal da USP
Os pesquisadores encontraram uma quantidade muito maior das enzimas metaloproteinases MMP-2 e MMP-3 nos pulmões de pacientes com covid-19 grave ou que foram a óbito pela doença - Crédito: PixabayOs pesquisadores encontraram uma quantidade muito maior das enzimas metaloproteinases MMP-2 e MMP-3 nos pulmões de pacientes com covid-19 grave ou que foram a óbito pela doença - Crédito: Pixabay

Equipe liderada pela USP identificou um novo processo ligado ao agravamento da covid-19: as enzimas metaloproteinases, MMP-2 e MMP-3, que se encontram aumentadas nos pulmões de infectados graves pelo vírus sars-cov-2. A descoberta, acreditam os pesquisadores, pode levar a novas possibilidades de tratamento da doença.

Um dos coordenadores do ImunoCovid, consórcio de laboratórios que investiga a covid-19, o professor Carlos Arterio Sorgi, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, conta que as metaloproteinases são importantes enzimas de regulação de reparo tecidual, mas, quando em expressão e atividade aumentadas, podem causar dano no tecido. O fato, segundo Sorgi, explica os danos nos pulmões dos doentes de covid-19 em estado grave. 

Essas elevadas taxas de metaloproteinases se juntam à hiperinflamação, “já conhecida como tempestade de citocinas”, diz o professor Sorgi, e causam um dano muito grande, dificultando a regeneração do órgão. Segundo o pesquisador, os pulmões de pacientes graves com covid-19 pesquisados possuíam uma grande quantidade dessas enzimas. Os dados estão descritos no artigo Metaloproteinases de matriz na patogênese da doença pulmonar COVID-19 grave: ações cooperativas do eixo MMP-8/MMP-2 na resposta imune através da liberação de HLA-G e estresse oxidativo, publicado na revista científica Biomolecules.

Inibidores de metaloproteinases
A pesquisa foi realizada em amostras de aspirado brônquio-traqueal de 39 pessoas internadas em estado grave com covid-19. Todas estavam entubadas em UTIs da Santa Casa e do Hospital São Paulo, ambos em Ribeirão Preto, entre junho de 2020 e janeiro de 2021. Os pesquisadores também analisaram material de 13 voluntários hospitalizados em estado crítico e de pacientes que faleceram em decorrência da doença.

O aspirado é um procedimento de rotina nesses pacientes e os pesquisadores coletaram amostras para demonstrar a presença e a atividade das enzimas metaloproteinases. A partir dos materiais biológicos e dos dados clínicos, o grupo conseguiu correlacionar as descobertas com outros aspectos da doença para poder determinar melhor a patofisiologia da covid-19. “Quando nós analisamos os dados da expressão dessa enzima em pacientes que sobreviveram e nos que foram a óbito, nós descobrimos que há uma grande diferença. O nível de atividade de enzimas ativas nos pacientes que morreram foi muito maior”, conta Sorgi. 

Esse fato, de acordo com o professor, mostra desregulação na expressão da atividade da enzima que “realmente está contribuindo para um dano muito grande no pulmão e levando o paciente a óbito”. De acordo com o professor, trata-se de uma descoberta muito importante para estudos de novos medicamentos para o controle da hiperinflamação e da injúria tecidual pulmonar. Segundo Sorgi, o controle das metaloproteinases poderia ser visto como “um novo alvo terapêutico que poderia ser acrescentado ao tratamento de covid-19 grave”.

Porém, até isso se tornar uma realidade, será preciso fazer mais pesquisas e testes em humanos. Além da confirmação de que os fármacos que, teoricamente, bloqueiam as metaloproteinases, são efetivos. “Isso é importante para um tratamento em várias frentes, incluindo inibidores de metaloproteinases, que podem garantir sucesso de recuperação do paciente com covid grave e que esteja entubado”, diz.

Além do professor Sorgi, participaram do estudo pesquisadores da FFCLRP, das Faculdades de Medicina (FMRP), Odontologia (Forp) e de Ciências Farmacêuticas (FCFRP) e Escola de Enfermagem (EERP), todas da USP em Ribeirão Preto; das Universidades Federais do Amazonas (UFAM) e de São Carlos (UFSCar), e do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto. 

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