Na quinta-feira, 10 de setembro, é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Para conscientizar a população, foi criada a campanha Setembro Amarelo sobre a importância da prevenção. Para explicar o problema, que já é considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a segunda causa de morte entre os jovens de 15 e 24 anos, o Jornal O PROGRESSO conversou com o psicólogo Renan Pretti. Confira:
Por que é tão relevante falar sobre prevenção do suicídio?
R: O suicídio é um ato que pode ser evitado quando há abertura ao diálogo e a compreensão dos motivos que levam alguém a ceifar a própria vida e podem reverter esse quadro. Além disso, o suicídio pode alcançar pessoas de qualquer faixa etária, isto inclui as nossas crianças, por isso é preciso ter atenção redobrada a qualquer mudança de comportamento. Para se ter uma ideia do quão importante é falar sobre o tema, dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que o suicídio já é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
Você acredita que o assunto ainda seja um tabu? Por quê?
R: Sim, o assunto ainda na nossa sociedade é um tabu que precisa ser totalmente desmistificado para que haja uma melhor compreensão sobre as causas de suicídio. Hoje em dia o assunto está sendo mais abordado por escolas, empresas, universidades, instituições públicas, mas ainda sim existe um bloqueio quando se fala em suicídio, pois gera-se uma ideia de que se falarmos sobre o assunto iremos "motivar" quem já está com o pensamento. Não é bem assim, não tem como resolvermos um problema se não falarmos dele.
É comum ouvirmos dizeres de que quem quer se matar o faz logo e não fica anunciando. De que forma pensamentos como esse prejudicam?
R: Sim, é comum pessoas com falta de informação e ignorância falarem isso. A pessoa que tem o pensamento suicida ela demonstra em comportamentos sutis o anúncio de sua idealização, e é muito importante familiares e amigos estarem atentos a esses comportamentos. Indivíduos com pensamentos suicidas geralmente deixam sinais e quando chegam a ceifar a própria vida, familiares começam a enxergar os sinais de quando o ente dava, mas com falta de sensibilidade e percepção deixaram escapar pelos dedos a chance de reverter a situação. Pensamentos assim não ajudam em nada, apenas prejudicam ainda mais sobre esse tabu quando falamos sobre suicídio.
Existem sinais ou sintomas de alguém que esteja prestes a cometer um suicídio?
R: Sim, sempre existe sinais de alguém que esteja com pensamentos ou prestes a cometer a autoagressão suicida, aqui está alguns dos sinais mais recorrentes relacionado ao suicídio que devem não ser menosprezados e sempre observados: Isolamento, Desinteresse, má alimentação, mudança do sono, agressividade, tristeza persistente, fadiga, falta de energia, choro sem razão aparente, ideação sobre morte, dores e sentimentos de inutilidade. Ficar atento também nas redes sociais sobre post’s ou mensagem depressivas ou sobre morte.
Sempre ligamos casos de suicídio à depressão. Há essa relação direta? Existem outras doenças que acometem a saúde mental e podem levar ao suicídio?
R: A Associação Brasileira de Psiquiatria – aponta um elo entre o comportamento suicida e os transtornos mentais. Os dados comprovam que de 15.629 pessoas que suicidaram, 90% dos casos enquadrariam em algum transtorno mental. A depressão maior se destaca com o índice de 35,8% dos casos de suicídio. A depressão é o transtorno mental mais associado ao suicídio, porém não é somente ele que leva a este ato. O sentimento de inutilidade, impotência de produção, pressão da sociedade sobre um padrão aceitável também levam a estes sentimentos gerando sim o pensamento suicida.
Qual o melhor a se fazer quando identificamos que alguém externa pensamentos ou comportamentos suicidas?
R: O melhor a se fazer é ter empatia e ajudar. Estar sempre próximo da pessoa, evitar de deixa-la sozinha, conversar sobre o plano de suicídio, conversar sobre outras tentativas se ocorreu, conversar sobre outros meios de resolver a situação sem ser o suicídio, levar a situação a sério e verificar o grau em que está, remover os meios de suicídio de alcance da pessoa, ouvir sem julgar, dependendo do grau da situação convencer de ir até o hospital para fazer alguma medicação para acalmar, procurar uma ajuda de profissional de saúde mental para auxiliar, psicólogo (a) ou psiquiatra.
Por fim, qual a importância do ‘Setembro Amarelo’?
R: Setembro Amarelo é uma campanha criada em 2015 com o intuito de conscientizar a população sobre a prevenção do suicídio. O projeto foi pensado e implementado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Devido ao seu alcance, o setembro amarelo já faz parte do calendário anual e tem alcançado cada vez mais pessoas. A data é importante porque tem fomentado o debate sobre alguns tabus envolvendo o suicídio, difundido o contato de instituições que auxiliam pessoas nessas situações e disseminar informações que ajudam a identificar situações de risco. Também é fundamental buscar o auxílio de um profissional formado no curso de Psicologia e registrado no Conselho Regional de Psicologia. A população também tem acesso gratuito ao telefone 188, do CVV, que funciona 24 horas. Falar sobre suicídio não é apenas em Setembro!