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Setembro Amarelo: MS teve 244 mortes por suicídio em 2020 e 2,5 mil tentativas

Mesmo em ano de pandemia, número de óbitos caiu 8,24% com relação ao ano anterior; apoio e fortalecimento do vínculo familiar são fundamentais para prevenção ao suicídio

05 Set 2021 - 13h00Por Ana Paula Amaral
Embora os casos de suicídio sejam mais frequentes entre a população mais jovem (entre 20 e 39 anos), as estatísticas já apontam aumento na incidência entre idosos - Crédito: RyanKing999Embora os casos de suicídio sejam mais frequentes entre a população mais jovem (entre 20 e 39 anos), as estatísticas já apontam aumento na incidência entre idosos - Crédito: RyanKing999

Pelo menos 244 sul-mato-grossenses tiraram a própria vida em 2020. As estatísticas apontam que a maior parte destas vítimas é homem, na faixa etária de 20 a 39 anos. Além dos casos em que a morte foi confirmada, outras 2.530 tentativas de suicídio foram registradas no Estado, número que pode ser subnotificado, já que nem todos os casos são informados pelas equipes de saúde. Neste mês, é celebrado o Setembro Amarelo, campanha voltada à prevenção ao suicídio. No Brasil, é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina, com ações realizadas em todo o país. Neste ano, o tema da campanha é «Agir salva vidas».

Os números fornecidos pela Secretaria de Estado de Saúde com exclusividade ao O Progresso indicam que o número de mortes por suicídio mantém uma média, com redução de 8,24% em relação ao ano passado. Esta redução, segundo a psicóloga Michele Scarpin Ramos, coordenadora de Rede de Atenção à Saúde, pode ter sido provocada pela proximidade com a família e o fortalecimento dos vínculos afetivos. “Inicialmente, houve uma grande preocupação com relação aos casos de suicídio durante a pandemia. Porém, as pessoas ficaram mais tempo em casa, fortaleceram os vínculos familiares e isso foi decisivo para salvar a vida de muitos pacientes que enfrentam a depressão”, explica.

O número de tentativas de suicídio também teve uma queda expressiva de 2019 para 2020, mas neste caso pode ser sido motivada pela sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde durante a pandemia, o que pode ter provocado subnotificações dos casos ocorridos no Estado. Em 2019, foram 3.380 tentativas de suicídio; em 2020, este número caiu para 2.530. Os dados também apontam que as mulheres tentam mais, porém os homens lideram o número de óbitos. “A mulher busca mais ajuda do que o homem. Geralmente, quando há uma tentativa que não se concretiza, ela busca ajuda e não há novas tentativas. Já os homens são mais resistentes e infelizmente tentam até conseguir”, diz ela.

Embora os casos de suicídio sejam mais frequentes entre a população mais jovem (entre 20 e 39 anos), as estatísticas já apontam aumento na incidência entre a população idosa.

Onde procurar ajuda
Segundo Michele Ramos, o SUS realiza programas específicos para tratamento de depressão e prevenção ao suicídio. Os atendimentos são feitos nos Caps (Centros de Atendimento Psico-Social) e também por meio de campanhas nas Unidades Básicas de Saúde.

Segundo a psicóloga, apesar da gravidade, o suicídio ainda é um tabu não somente nas famílias, mas até mesmo entre os profissionais de saúde, que muitas vezes evitam tocar no assunto. “Muita gente tem medo, não sabe como lidar com isso mas é preciso falar e buscar ajuda profissional. Quando acontece uma tentativa, muitas vezes a família não sabe como agir e finge que nada aconteceu, mas este comportamento é perigoso. É preciso conversar, entender e escutar sem julgamentos. Este é o primeiro passo para ajudar alguém que enfrenta esta batalha”, afirma a especialista. 

Outra preocupação é com relação ao suporte da família quando um suicídio acontece. Um estudo feito pelo CVV (Centro de Valorização da Vida) apontou que, para cada suicídio, um grupo de até 20 pessoas é impactado diretamente.

Estas pessoas, geralmente familiares, são consideradas pessoas de risco porque são sobreviventes de um suicídio. Ou seja, elas também precisam de ajuda porque costumam relatar sentimento de culpa por não ter percebido os sinais.

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