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O diagnóstico precoce de câncer ainda é um desfio para Dourados

10 Fev 2020 - 18h12Por Marli Lange
Uma das mais antigas bandeiras de luta da ACCGD é a implantação de um Centro de Diagnóstico Precoce em Dourados - Crédito: DivulgaçãoUma das mais antigas bandeiras de luta da ACCGD é a implantação de um Centro de Diagnóstico Precoce em Dourados - Crédito: Divulgação

Que o tratamento do câncer evoluiu nos últimos tempos já não é mais novidade para ninguém. Hoje, os milhares de pacientes que enfrentam a doença conseguem obter resultados bastante positivos e até mesmo a cura. Mas para isso o diagnóstico precoce é fundamental. E aí os problemas começam. Em Dourados, maioria das pessoas que dependem da rede pública para obter um diagnóstico precoce “sentem na pele” essa dificuldade, segundo a presidente da Associação de Combate ao Câncer Grande Dourados (ACCGD), Maria Aparecida Palmeira.
O período de tempo para se obter um diagnóstico ou o início do tratamento podem demorar meses ou anos e, quando o paciente consegue, já morreu ou no mínimo, teve que sacrificar algum órgão do corpo.
Foi o caso da contadora Helenice Celestino de Souza. Ela descobriu que tinha câncer de mama em 2012, mas para conseguir chegar a um diagnóstico demorou pelo menos cinco meses. Para conseguir o tratamento pela rede pública demorou mais nove meses. Depois de tanta espera, Helenice consegui se curar do câncer, mas não conseguiu salvar uma das mamas, que teve de ser removida. “Tenho certeza se tivesse conseguido o diagnóstico e o tratamento mais rápido, teria salvado a mama. Mas infelizmente quando consegui já era tarde, o tumor já tinha avançado bastante”, conta. Hoje ela ajuda outras pessoas com o mesmo problema. Ela faz parte do grupo de voluntários da ACCGD.     

Bandeira de Luta 
Uma das mais antigas bandeiras de luta da ACCGD é a implantação de um Centro de Diagnóstico Precoce em Dourados. Os tratamentos pela rede pública, pelo SUS (Sistema Único de Saúde) são realizados através do Hospital da Cassems, mas tudo fica travado quando a pessoa suspeita que tem câncer, mas não tem recursos financeiros para fazer o exame e passa a depender do SUS. 
No final do ano passado, o vice-presidente Hamilton Mourão, até então presidente da República em exercício, por ocasião de viagem do presidente Jair Bolsonaro, sancionou lei que prevê que os exames para diagnóstico de câncer devem ser realizados no prazo de 30 dias, após a primeira suspeita do médico, pelo (SUS. A medida foi publicada no dia 31 de outubro no Diário Oficial da União.O dispositivo altera a Lei 12.732/2012 que prevê 60 dias entre o diagnóstico e o início do tratamento do câncer em pacientes do SUS.
Para a presidente da ACCGD, é uma lei bastante importante e fundamental, já que o “fator tempo” na identificação da doença impacta no tratamento e na chance de cura do paciente. Se a nova medida está sendo cumprida pelos órgãos públicos, a presidente da ACCGD não tem certeza, mas as pessoas têm o direito de exigir, já que se trata de uma Lei.     

Promessa
Existe uma promessa de implantação de um Centro de Diagnóstico Precoce em Dourados, através do Hospital do Amor, o antigo Hospital do Câncer de Barretos, que estava previsto início de funcionamento em Dourados neste início de 2020. A reportagem do O PROGRESSO entrou em contato com a Assessoria de Imprensa para saber como andam as negociações para implantação, mas até agora nenhum diretor ou responsável se manifestou à reportagem.
“Com a ajuda da sociedade, mesmo ainda com mais necessidades, temos conseguido, na medida do possível, atender as pessoas na ACCGD. O paciente não sai da associação sem qualquer tipo de ajuda, mas a luta é para obter um resultado e um tratamento mais rápido para o câncer”, complementa Maria Aparecida Palmeira.

Novos casos de câncer
Segundo a presidente da ACCGD, a campanha Outubro Rosa tem contribuído e é parte fundamental do trabalho de estímulo à prevenção e diagnóstico precoce do câncer realizado anualmente pelos voluntários da entidade. O INCA (Instituto Nacional de Câncer) revelou essa semana que o Brasil deve registrar cerca de 625 mil novos casos de câncer por ano de 2020 a 2022. Somente entre a população infantojuvenil são esperados 8.460 novos casos por ano no mesmo período.
A publicação Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil mostra que o câncer de pele não melanoma deve permanecer como o mais incidente, com a expectativa de 177 mil novos casos por ano. Em seguida, está com o câncer de mama próstata, com 66 mil casos cada; cólon e reto, com 41 mil casos; traquéia, brônquio e pulmão, com 30 mil; e, estômago, com 21 mil.

 

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