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Câncer de mama

“Nunca foque a doença, foque sim, na vida”

A terapeuta Tatiana Rojas Rodrigues, 41 anos, conta como conseguiu superar o câncer de mama há sete anos

25 Out 2019 - 07h00Por Marli Lange
Tatiana teve bebê depois de se curar do câncer - Crédito: O ProgressoTatiana teve bebê depois de se curar do câncer - Crédito: O Progresso

“Em primeiro lugar, sempre tenha a consciência que o seu caso não é igual a de outra pessoa que teve ou tem a doença. Segundo, foque na vida, siga em frente com seus projetos de vida e tire da cabeça a doença”, estes são alguns dos principais recados da terapeuta integrativa, Tatiana Rojas Rodrigues, 41 anos, residente em Dourados, que conseguiu superar o câncer de mama há sete anos, sem ter que remover o seio. Hoje ela vive feliz com o marido, Marcelo Ferreira de Souza, 40, e com o filho, o pequeno Theo, com um mês de idade.

No entanto, para chegar a esse grau de consciência e superação, Tatiana teve que enfrentar muitos desafios, que sem dúvida, serviram para lhe fortalecer ainda mais como ser humano e descobrir o seu propósito de vida.

O câncer

Ela conta que o diagnóstico de câncer de mama foi descoberto em 10 de janeiro de 2012, exatos setes meses depois que sua mãe, Marly Rojas Rodrigues ter morrido por causa da doença aos 52 anos. “Realmente foi assustador, me tirou o chão, estava em estado de choque, principalmente porque não tinha me restabelecido da morte da minha mãe”, conta.

Na verdade, antes de receber o diagnostico ela tinha passado por dois médicos que não acreditavam que ela estaria com câncer, apesar de apresentar um nódulo no seio. Mas mesmo assim, ela solicitou uma investigação mais detalhada. “Os médicos não acreditavam que eu estaria com câncer, porque na época, tinha apenas 32 anos”, disse. Hoje ela aconselha que as mulheres acreditem na sua intuição e façam investigação mais aprofundada quando estiveram desconfiadas que existe algo errado.

Com o diagnóstico em mãos, Tatiana sabia que tinha de agir com racionalidade e deixar as emoções de lado porque o câncer estava se desenvolvendo de forma rápida. Mas primeiro chorou muito. Passada essa fase, procurou o mastologista Aroldo Henrique da Silva Boigues. “Ao me ver em estado lastimável, chorando muito e com medo, a primeira coisa que ele me disse foi: ‘A história da d. Marly não é a sua história”, lembra, complementando, que “isso foi fundamental para iniciar a minha recuperação. Ele quis dizer, que a minha doença não era igual ao da minha mãe, cada pessoa tem históricos diferentes”.

A cirurgia 

Feitos novos exames, em 15 de fevereiro de 2012, pouco mais de um mês depois de receber o diagnóstico, Tatiana fez a cirurgia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), no Hospital Universitário com o cirurgião, Luiz Algusto Freire. Se quando ela recebeu o diagnóstico, o nódulo media 0,9mm, quando foi para a cirurgia, o mesmo nódulo já media 1,7mm. “Foi assustador como avançou rápido”, lembra. 

A cirurgia foi feita com sucesso e o médico confirmou que era realmente um nódulo cancerígeno, mas que havia sido retirado sem que precisasse sacrificar a mama. “Fiquei contente com isso, foi a primeira vitória, mas sabia que tinha outros desafios pela frente”, lembra.

O tratamento

Esses desafios seriam os tratamentos que viriam pela frente. Durante oito meses, Tatiana fez 12 sessões de quimioterapia, 33 de radioterapia e uma clínica de desintoxicação em Curitiba (PR). “Sentia muita dor por causa da intoxicação e meu cabelo caiu, mas uma força interior me dizia que iria superar”, conta. Neste período de tratamento, Tatiana tocou a vida sem pensar no pior da doença, focando apenas a saúde, nos sonhos e projetos que tinha com o noivo, Marcelo, tanto que no final de 2012, eles se casaram, após terminar de construir a casa. “Foi realmente um ano de superação, fiz a cirurgia, aguentei as dores do tratamento, mas coloquei na cabeça que tinha que tocar a vida normalmente, e acho que foi fundamental para me ajudar na recuperação”, comenta. Paralelamente ao tratamento químico, Tatiana também fazia tratamento com psicólogo e terapia floral, o que ajudou bastante na evolução da cura.

Mudanças  

Naquela época, Tatiana era professora de Ciências da Natureza, na área de Licenciatura Intercultural Indígena na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Após o tratamento de oito meses, Tatiana recebeu ainda mais seis meses de licença médica. Fato esse que lhe deixou angustiada, já que desejava voltar a trabalhar para ocupar a cabeça. Foi neste período que ela começou a se interessar por terapias, como meio profissional. Para passar o tempo, começou a fazer uma série de cursos terapêuticos. Primeiro Terapia Floral, depois Reiki, Bioalinhamento, Psicodrama Interno Transgeracional, Estimulação Neural e EPASI. Além de servir para se auto aplicar, as terapias hoje são uma das suas fontes de renda, já que com isso se desligou da UFGD. De professora, ela se tornou Terapeuta Integrativa e instrutora da técnica EPASI.

Ser mãe

Depois de cinco anos com a doença superada, Tatiana desejava ter um filho, mas tinha outro desafio pela frente. Tinha que passar por um tratamento, já que os medicamentos fortíssimos utilizados para curar o câncer, normalmente podem causar infertilidade e menopausa precoce. Foram meses de tratamento, que ela preferiu fazer de forma natural, utilizando as próprias técnicas integrativas que ela aprendeu. Em 2017, Tatiana conseguiu a primeira gestação, mas acabou perdendo a criança. “Foi um trauma, perder um filho não tem nada comparado. Para mim foi pior que receber um diagnóstico de câncer”, revela. Mesmo assim, ela não desistiu de ser mãe, e em 2018, com mais tratamento integrativos, veio o resultado positivo de gravidez. E desta vez, Tatiana conseguiu levar a gravidez até o fim. E, finalmente, em 4 de setembro de 2019, nasceu o Theo Rojas.

Depoimento final

“Théo representa na minha vida a mão de Deus, a todo momento disponível para mim, e me segurei nela”....Me lembrei de quando fiz propósito com Deus dentro da igreja. Pedi a Deus que se fosse me levar da vida física, que me preparasse pois não queria ir embora revoltada e nem sentindo dor. Mas, se me deixasse viva apenas me mostrasse o caminho que ele desejava que eu seguisse. E me mostrou o caminho das terapias integrativas, pelas quais ajudo pessoas que passam pelo que já passei. E se ainda achasse que eu poderia ser mãe gostaria de queria realizar esse sonho”.

“Os versículos bíblicos me acompanham e me sustentam...”Seja forte e corajoso e não temas pois Eu o senhor seu Deus estarei em todo lugar que você for. Josué 1.9”

“Deus marcou o tempo certo para cada coisa. Ele nos deu o desejo de entender as coisas que já aconteceram e as que ainda vão acontecer, porém não nos deixa compreender completamente o que ele faz. Eclesiastes 3.11”.

 

 

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