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Hormônios influenciam na produção da voz, diz fonoaudiólogo

24 Jun 2016 - 08h43
Ademir Baena é fonoaudiólogo e tem consultório em Dourados

 - Ademir Baena é fonoaudiólogo e tem consultório em Dourados -
A voz é um dos meios de interação mais utilizado pelos seres humanos. Presente desde o nascimento, é uma das extensões mais fortes da nossa personalidade, sendo considerada responsável por inúmeras informações contidas em uma mensagem. O que muitas pessoas não sabem é que os hormônios causam interferência na voz, principalmente nas mulheres. Outros fatores como o seu uso inadequado, a emoção, o estresse, também influenciam.

O fonoaudiólogo Ademir Baena lembra que a voz revela a nossa saúde, nossas angustias, nossas alegrias, nossa origem, o estado emocional e outras características como segurança, sobriedade. "A voz nos representa e nos apresenta ao mundo pelo som. Ela também traduz a personalidade humana, é um "segundo rosto", ou equivalente à "impressão digital", considerando que é única e, portanto singular", compara o especialista em voz.

A construção de uma autoimagem positiva, harmoniosa, saudável, é questão de sobrevivência, e a qualidade vocal nos dias atuais é considerada um dos mais completos atributos do ser humano e, ter uma voz de boa qualidade torna-se um marketing pessoal e de fundamental importância para o sucesso pessoal, social e sobretudo profissional.

Baena explica que a voz é o resultado da sonorização do ar proveniente dos pulmões produzindo na laringe uma vibração das pregas vocais, expressando as condições físicas e emocionais do indivíduo. A harmonia entre a atividade muscular e o fluxo aéreo faz com que a produção da voz seja confortável, prazerosa e sem esforço para o falante e de boa qualidade para o ouvinte. Além disso, tem um papel muito importante na comunicação, pois é por intermédio dela que podemos identificar idade, sexo, regionalismos e emoções.

Porém, a voz humana, segundo ele, sofre influencia de vários fatores, tanto orgânico como funcionais, e um dos fatores orgânicos esta relacionado à interferência dos hormônios. Alguns outros fatores também podem alterar a voz, como o uso inadequado, abusivo, demanda excessiva, competição vocal, personalidade, emoção, estresse, além de fatores orgânicos, como constituição anatômica, inervação e hormônios. Esses hormônios, particularmente os estrogênios e androgênios, exercem papéis fundamentais e determinantes no desenvolvimento anatômico da laringe e na fisiologia vocal.

A voz se desenvolve sob a influência das variações de estrógeno, progesterona e testosterona. Os mais profundos efeitos hormonais são fisiológicos e ocorre durante a puberdade, principalmente nos meninos, período no qual ocorrem alterações nas dimensões laríngeas, a laringe aumenta de tamanho, assim como as pregas vocais, que provocam o abaixamento da frequência fundamental (F0) da voz masculina em aproximadamente uma oitava e da feminina em algumas notas, esta ocorrência se da pela ação do estrógeno associado à progesterona. Essa alteração que é fisiológica ocorre tanto nas meninas como nos meninos.

Ademir Baena diz que a voz também sofre mudanças durante o ciclo menstrual, sendo normal e muitas vezes não percebido pela mulher. Algumas delas podem ter cansaço vocal ou uma voz mais grave, a rouquidão. Essa alteração e alguns sintomas quando percebidos, de acordo com o fonoaudiólogo, geralmente aparece de quatro a cinco dias antes do fluxo menstrual, com diminuição dos sintomas entre 24 e 48 horas após o início do ciclo menstrual, voltando a voz a ser produzida com suas características naturais.

Já na gravidez o processo de retenção de líquidos no corpo se repete, causando também alguns sintomas vocais (discreta rouquidão, cansaço vocal, voz mais grave), ocorrendo, também, o aumento de volume abdominal que pode influenciar na respiração, tornando-a mais curta, mais lenta e, particularmente causando uma incoordenação pneumofonoarticulatória.

Pesquisas revelam que os índices de edema em pregas vocais no período pré-menstrual, segundo Baena, chegam a 92%, sendo atribuídos à retenção hídrica por ação da progesterona provocando flacidez da parede venosa.

O inchaço que incomoda muitas mulheres na TPM também atinge as cordas vocais. Além disso, a alteração hormonal reduz a produção do muco que protege e lubrifica as cordas vocais, provocando outras mudanças na voz. No período menstrual, as mulheres apresentam uma voz mais rouca, soprosa e instável, com muito ruído.
Na menopausa há uma mudança permanente da voz da mulher. Segundo o fonoaudiólogo, a grande maioria experimenta alterações da voz, particularmente uma redução da frequência fundamental, ocorre um agravamento da voz. Nos homens, na andropausa, a voz masculina ganha tons mais agudos, cansaço vocal, e perda da intensidade vocal.

"Neste período é de fundamental importância conscientizar as mulheres sobre esses problemas, a grande maioria desconhece essas ocorrências. Recomenda-se que principalmente aquelas que trabalham com a voz, como professoras, profissionais de telemarketing, recepcionistas, enfim aquelas que exercem funções que tenha a voz como instrumento de trabalho, tentem poupar a voz durante a TPM e o início da menstruação, pelo menos depois do expediente", recomenda Ademir Baena.

Ele ainda adverte sobre a importância de beber muito líquido, evitar ambientes enfumaçados, evitar fazer competição vocal, não ingerir bebidas alcoólicas, evitar abusos vocais e fazer exercícios de aquecimento vocal. Um otorrino ou fonoaudiólogo pode dar a orientação necessária, evidentemente após a avaliação de cada caso.

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