Endometriose interfere na qualidade de vida social e sexual da mulher
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A endometriose é uma doença ginecológica que não tem cura e afeta milhões de mulheres em todo o mundo. Difícil de diagnosticar, muitas vezes, age silenciosamente por longos anos sem manifestar sintoma. Similar ao câncer, mas sem a sua malignidade, interfere na qualidade de vida social e sexual da mulher levando a infertilidade. O nome da doença advém do endométrio - camada mais interna do útero - composta por glândulas e vasos sanguíneos que passam por modificação no decorrer do ciclo menstrual, permitindo a implantação do embrião. Quando não acontece a gravidez é eliminado na menstruação.
Embora a endometriose seja conhecida há mais de cem anos, até hoje existem inúmeras teorias e dúvidas para explicar o surgimento da doença. “Entre as muitas teorias existentes, a da menstruação retrógrada - associada a outros fatores facilitadores - parece ser a hipótese mais provável”, afirma Sely S. Resende, médica especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana do Fertilily (Centro de Reprodução Humana Assistida de Campo Grande.
Geralmente, os fragmentos do endométrio se instalam nas trompas, vagina, ovário ou útero. O resultado são cólicas intensas, acúmulo de gases, sangramento excessivo, dores durante as relações sexuais, no abdômen, nas costas, alterações intestinais e urinárias.Não é tão raro o aparecimento de nódulos endometrióticos em parede abdominal após cirurgia de cesareana e abordagem cirúrgica por vídeolaparoscopia em pacientes portadoras de endometriose.
#####Diagnóstico
Sabe-se que 90% das mulheres com trompas uterinas pérvias apresentam fluxo menstrual retrógrado, mas apenas 10% desenvolvem a doença. A hipótese mais defendida atualmente é a falência do sistema imunológico. Fatores facilitadores como más-formações uterinas, fechamento do colo do útero, presença de septo vaginal, hímen imperfurado que impede a eliminação transvaginal do sangue, aumento da produção de hormônio e tendência genética atuam para a instalação da doença. Pesquisas demonstram que mulheres asiáticas são as mais propícias a desenvolverem endometriose.
Nas mulheres com endometriose grave, a modificação anatômica causada pela doença explica a infertilidade. A presença de sangramento nas trompas, nos ovários e no revestimento pélvico (peritôneo), causa uma reação inflamatória intensa provocando enrijecimento das trompas. Isso dificulta a aproximação da trompa para captar o óvulo no momento da ovulação. A formação de cistos endometrióticos no ovário (endometriomas), diminui a reserva ovariana, uma vez que destrói a camada onde ficam os folículos que darão origem aos óvulos.
Nos casos de endometriose mínima ou leve a infertilidade pode ser atribuída as alterações imunológicas, disfunções ovulatórias e alterações no endométrio dificultando a implantação do embrião. “Cerca de 25% a 50% das mulheres inférteis têm endometriose”, conclui Suely Resende.
O tratamento clínico tem o objetivo apenas de evitar as menstruações. O sangramento cíclico piora a doença. Entre os vários medicamentos utilizados estão os anticoncepcionais orais a base de progestágenos, gestrinona, danazol etc. Os dispositivos intra –uterinos (DIU) medicados são outras opções.
Não existe cura para endometriose. Somente o controle da doença melhora a qualidade de vida da paciente. Quanto antes procurarem atendimento especializado em centro de reprodução humana assistida menores serão os danos nos ovários e trompas. Mulheres com idade acima dos 35 anos, as técnicas de reprodução assistida são as mais recomendáveis.
Em caso de infertilidade por endometriose grave, de acordo com a Sociedade Americana de Reprodução Humana (ASRM ), a fertilização in vitro aumenta a possibilidade de gravidez em mulheres que têm esperança, mínima ou nenhuma, de conseguirem engravidar.