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Hidroxicloroquina

Dourados recebe 3 mil unidades de hidroxicloroquina, mas uso é tratado com cautela

Medicamento divide a opinião pública e científica sobre a eficácia

27 Jul 2020 - 13h32Por Vinicios Araújo
Secretário da Saúde Geraldo Resende - Crédito: DivulgaçãoSecretário da Saúde Geraldo Resende - Crédito: Divulgação

Dourados já recebeu do Governo do Estado cerca de 3 mil comprimidos de hidroxicloroquina, medicamento que dividiu a comunidade científica e o cenário político no enfrentamento da Covid-19, infecção provocada pelo novo coronavírus.

Em entrevista exclusiva ao Jornal O PROGRESSO, o secretário estadual de saúde Geraldo Resende afirmou que apesar de não ter no protocolo de tratamento aos pacientes a inserção do fármaco, o Estado já fez a distribuição de mais de 13 mil comprimidos de cloroquina para que sejam prescritas sob critério médico. 

O Estado já solicitou mais 15 mil comprimidos de cloroquina e adquiriu, com recursos próprios, 119.460 unidades de hidroxicloroquina.
Segundo Resende, caberá ao secretário municipal Gecimar Teixeira, coordenar as medidas adotadas nas unidades de saúde da cidade. A reportagem tentou contato com o médico intensivista, mas as mensagens não foram retornadas até o fechamento deste material. 

O uso do medicamento mexeu com o debate público desde que o presidente Jair Bolsonaro passou a defender o uso da cloroquina e hidroxicloroquina. Polarizado no âmbito da política, o remédio também dividiu a opinião na ciência. O que se sabe de fato é que não há evidências comprovadas da eficácia do uso. 

Países como a França, que no pico da pandemia tiveram a hidroxicloroquina no protocolo recomendado, agora emite decreto proibindo uso após estudos alertarem para a ineficácia e até mesmo a letalidade da aplicação. 
Geraldo Resende reforça que em paciente mais jovens, os efeitos colaterais do medicamento podem ser despercebidos. O problema é quando o infectado é idoso e possui comorbidades cardíacas. A falta de estrutura de saúde para a maioria dos casos pode gerar mais mortes com a aplicação do medicamento. 

“Idosos e cardiopatas podem ter agravamento do quadro. Se é um paciente diferenciado, com disponibilidade de equipamentos, ambulâncias de prontidão e atendimento hospitalar à disposição, tudo bem. Mas essa não é uma realidade da maioria dos brasileiros”, alertou o gestor da pasta. 

Jair Bolsonaro foi infectado pelo novo coronavírus e fez uso da hidroxicloroquina. Muito além do uso, propagandeou. A atitude foi criticada por organizações como a Sociedade Brasileira de Infectologia, que até orientou o abandono da medicalização considerando a baixa eficácia e o aumento de agravantes. 

Dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, acabaram demitidos do cargo por não colaborarem com a estratégia do presidente em disseminar que a hidroxicloroquina e a cloroquina seria a resposta para a Covid-19. Hoje, sem ministro, o Ministério defende que o medicamento seja aplicado ao paciente desde o estágio precoce da infecção.

Especialistas ouvidos pela reportagem demonstram cautela ao falar do uso de medicamentos sem comprovação científica. “Estudos anteriores nos mostraram que mais de 80% das pessoas infectadas irão evoluir de 3 formas: assintomáticos, sintomáticos leves e síndrome gripal. Fazendo uso de kit-covid, ou qualquer outro placebo, o desfecho será o mesmo, o já esperado. Muitos colegas médicos aproveitando-se deste dado, e outros, no desespero e pressão por ‘fazer algo’, estão tomando condutas não embasadas. Entendemos o desespero, o querer fazer, o querer mudar a realidade atual, mas é preciso cautela”, afirma infectologista que preferiu não se identificar. Para ela, a politização colocou o paciente contra o médico. “A questão política, ideológica, e o desespero das pessoas está muito grande, nos colocando em uma situação de exposição delicada”, concluiu.

 

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