
Assim como cada fase da vida revela demandas emocionais diferentes, esperar que a pessoa chegue à terceira idade com todas as dificuldades resolvidas é uma ilusão. Em entrevista ao O PROGRESSO a psicóloga douradense Tatiana Schnorr explica que é nessa fase da vida que os conflitos e crises internas podem se intensificar, pois o idoso se depara com várias questões que os colocam em dúvida: sobre ele ser útil ou não para alguém; se ele é capaz de ser independente; se ele é apenas um fardo familiar ou realmente é amado.
Ela explicou que a terapia é uma ferramenta valiosa para lidar com esses conflitos. Os idosos que se veem numa situação de tensões psicológicas, incômodo emocional, fragilidade nos relacionamentos interpessoais precisam de ajuda. A profissional ressaltou que com a pandemia notou-se um grande crescimento de idosos à procura de ajuda psicológica com a queixa principal: estado depressivo.
Quais os principais desafios do envelhecimento? A maioria das pessoas estão preparadas psicologicamente quando chegam nessa fase da vida?
Passamos por distintas fases durante toda a vida, cada uma com seus próprios desafios. Na velhice isso não é diferente. Não existe padronização de desafios encontrados no envelhecimento, existe subjetividade. Psicologicamente falando podemos nos deparar com limitação da capacidade de executar afazeres diários; depressão; ansiedade; abandono emocional, entre outros. Enfim, fatores relevantes que podem desencadear maiores desafios.
Estar preparado(a) psicologicamente para a velhice se torna algo peculiar, pois a forma como você enfrenta essa fase diz muito sobre o que pensas na idade atual. As pessoas, em sua grande maioria, não pensam que um dia pode envelhecer, estamos mais preocupados com o momento presente e/ou um futuro onde não necessariamente exista a terceira idade.
Conflitos e crises internas ocorrem com frequência? Eles também precisam de terapia?
É nessa fase da vida que os conflitos e crises internas podem se intensificar. O idoso se depara com várias questões que os colocam em dúvida: sobre ele ser útil ou não para alguém; se ele é capaz de ser independente; se ele é apenas um fardo familiar ou realmente é amado, por exemplo. Volto a ressaltar que não existe via de regra, cada um sente e expressa seus sentimentos de forma única.
A terapia é uma ferramenta de grande ajuda e valia para todos que precisem dela. Os idosos que se veem numa situação de tensões psicológicas, incômodo emocional, fragilidade nos relacionamentos interpessoais e/ou qualquer outra demanda, o profissional de psicologia é o mais indicado para acompanha-lo.
Como a psicologia pode ser aliada do idoso?
A psicologia possui diversos benefícios, para os idosos pode ser usada na redução e/ou minimização dos sintomas psicológicos, no autoconhecimento, no entendimento sobre os comportamentos das pessoas sobre ela, afinal para várias demandas.
De que forma a família pode ajudar?
Depois de uma avaliação psicológica adequada sobre o estado emocional da pessoa idosa, os familiares precisam ser devidamente orientados, em sua singularidade de como proceder com este idoso. De uma forma geral ele precisa ser ouvido, entendido e respeitado, depois do diagnóstico feito, orientações específicas serão direcionadas.
A pandemia afetou a saúde mental dos idosos? Por quê?
O que se percebeu é que a pandemia foi um influenciador (negativo) direto na saúde mental de todos, não apenas dos idosos. Para eles o que mais foi sentido está relacionamento ao isolamento emocional, para aqueles mais ativos foi uma ruptura significativa do contato com outras pessoas. Nesse período notou-se um grande crescimento de idosos à procura de ajuda psicológica com a queixa principal: estado depressivo. Como dito anteriormente, por conta de fatores individuais, o estado emocional acabou se fragilizando.
Falamos sobre desafios da velhice. Objetivos a serem alcançados também existem nessa fase final da vida?
Devemos entender que objetivo não está associado à idade, mas a satisfação emocional. Se mesmo nessa fase final da vida, o idoso tiver qualquer tipo de objetivo e acredita que seja possível realizá-lo, porque não tentar? O importante é que o idoso se sinta capaz e feliz por ter em que acreditar, fazendo assim sentir que está “vivo” dentro de si a vontade de viver.
Deixe seu Comentário
Leia Também

Agrotóxico
Novo estudo vincula exposição ao herbicida glifosato a problemas de saúde mental e cognitiva
29/11/2023 09:30

Saúde
Pesquisa sobre a relação entre hipertensão e periodontite é premiada pela American Heart Association
29/11/2023 07:30

Senado
Teresa Leitão defende a regulamentação da cannabis medicinal no Brasil
29/11/2023 07:00

Câmara dos Deputados
Oposição critica vacinação de crianças contra Covid em debate com ministra da Saúde
29/11/2023 06:45

Saúde
Covid-19 registra 995 novos casos na última semana em MS, com sete óbitos confirmado
28/11/2023 21:45