O Ministério da Saúde anunciou a incorporação do medicamento paxlovid, pílula contra a covid-19 da Pfizer. O remédio, aprovado para uso emergencial pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) em 30 de março, é o primeiro no SUS (Sistema Único de Saúde) contra a doença nas formas leve e moderada e para quem tem alto risco de complicações. Ele tem o objetivo de prevenir internações, complicações e mortes. Composto pelos antivirais nirmatrelvir e ritonavir, o paxlovid é de uso adulto e com venda sob prescrição médica. A Anvisa vetou que pacientes hospitalizados iniciem o tratamento com o remédio, assim como não recomenda o uso para grávidas e pacientes com insuficiência renal grave ou com falha renal.
Trata-se de um antiviral, classe de medicamentos indicada para o tratamento de infecções causadas por vírus, no caso, o Sars-Cov-2, coronavírus que provoca a covid-19. O remédio foi desenvolvido pela Pfizer.
Os vírus possuem enzimas que ajudam no ciclo de sua replicação. Uma delas se chama protease e é responsável pelo amadurecimento do vírus. Quando não amadurece, ele é incapaz de se multiplicar. O paxlovid, então, promove a inibição da protease do novo coronavírus, que foi batizada de Sars-CoV-2- 3CL, impedindo que ele complete seu ciclo de vida.
Eduardo Sprinz, infectologista e professor de medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), explica que os vários tipos de coronavírus vêm causando resfriados em seres humanos há quase meio século e, portanto, os cientistas já haviam identificado as principais enzimas e proteínas desses vírus.
Eles sabiam também que a protease é essencial para outros vírus, como o HIV. Contra este, já existe um antirretroviral inibidor da protease. Assim, quando apareceu um coronavírus letal, pesquisadores do mundo inteiro empreenderam uma colaboração para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos. Foi a partir dessas iniciativas que se desenvolveu uma molécula considerando a característica estrutural da protease do Sars-Cov-2.
"A diferença fundamental, em comparação aos antivirais disponíveis, é que essa substância é a primeira desse tipo. Se ela for aprovada e autorizada, estaremos diante de um marco histórico na medicina. Afinal, será o primeiro antiviral oral de sua classe especialmente desenhado para ser um inibidor de protease (3CL) do SARS-Cov-2", observa Sprinz.