
A pandemia da Covid-19 impactou os hábitos dos brasileiros em relação as substâncias psicoativas. Estudo inédito da Unicamp mostrou que 38,4% das pessoas em quarentena relataram aumento no consumo de drogas, legalizadas ou não.
Em Dourados a Assistente Social e membro do Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas de Dourados (COMAD) Talita Rolim da Silva, acredita, com base na atuação dentro da Comunidade Terapêutica Novo Olhar e em contato com as outras CT, que houve um aumento de cerca de 30% de dependentes que querem se livrar das drogas (licitas e ilícitas) durante a pandemia Segundo ela, são casos de pessoas que já não aguentam mais os reflexos que a dependência trouxe, tanto no aspecto de saúde quanto na vida social.
A busca por essas substâncias pode ter motivação nos impactos que a pandemia causou, como o isolamento, o que desencadeou casos de depressão e ansiedade, além da instabilidade financeira e muitos conflitos intrafamiliares. Para a especialista muitas pessoas recorreram ao uso de substâncias químicas durante a quarentena como um refúgio diante de situações de sofrimento, exemplo a bebida alcoólica, que pode ser porta de entrada para outras drogas que também causam dependência química. Na pandemia essa tendência aumentou.
A especialista alerta para a falta de políticas públicas efetivas, de forma intersetorial voltadas para o atendimento de dependentes químicos. “Dourados é uma das maiores rotas do narcotráfico e no entanto, não conta com um órgão público específico intersectorial que atue desde a prevenção, fomento de pesquisa, capacitação permanente aos profissionais públicos, e fortalecimentos dos locais de atendimento para tratamento existentes.
Esse serviço público poderia executar um trabalho de integrar a rede de atendimento voltada ao dependente químico, o tratando como sujeito de direito que possui necessidades de forma integral”, sugere. Com o objetivo de instruir a sociedade, profissionais sobre os efeitos das drogas e para auxiliar familiares em como agir em casos de dependentes químicos no seio da família, é que o COMAD iniciou nesta semana a capacitação sobre a Pandemia da Dependência Química em parceria com o GEPED/ UFGD (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Drogas da Universidade Federal da Grande Dourados) e o Projeto Tekoha Marane’y.
A primeira palestra aconteceu na última sexta-feira sobre as Drogas na história. A formação deste ano tem por tema a “Pandemia da Dependência Química” e será oferecida no formato online, com palestras no canal do COMAD e Tekoha Marane’y no Youtube.
De abril até novembro serão abordados temas como: a lei sobre drogas e o Comad, efeitos do abuso de substâncias, a espiritualidade no tratamento da adicção, Abuso de substâncias entre mulheres e crianças, drogas e violência, dependência e povos indígenas, farmacologia do abuso de drogas, prevenção cuidados e reinserção social, opções de tratamento, e sistema prisional e drogas.
Serão 60 horas com certificação aos participantes que cumprirem o mínimo de 70% da carga horária e apresentarem o trabalho conclusivo, publicado após o último encontro no mês de novembro. De acordo com professor Neimar Machado de Sousa, um dos organizadores da capacitação, o tema segue uma recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), para que os Estados estabeleçam um controle maior sobre a venda de álcool. Durante a pandemia da covid-19, houve um aumento no consumo de substâncias legais e ilegais.
“Há uma tendência social em saúde, chamada de coping, uma palavra em inglês que tem associação com a maneira de enfrentarmos os problemas. É a forma como reagimos às situações de estresse, ameaça, ansiedade e desconforto emocional. Algumas pessoas respondem a esses sentimentos negativos recorrendo ao uso de drogas, justamente o que temos observado durante a pandemia”, explica Sousa.
Serviço As inscrições já estão abertas, a programação e o contato com a comissão organizadora estão disponíveis no site do evento: https:// www.even3.com.br/Comad2021
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