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15 DE OUTUBRO: BREVE REFLEXÃO SOBRE O ATO DE EDUCAR

15 Out 2019 - 19h22Por Wilson Valentim Biasotto
15 DE OUTUBRO: BREVE REFLEXÃO SOBRE O ATO DE EDUCAR -
Em 15 de outubro comemora-se o dia do professor e parece-me ser verdadeiro que ninguém se esquece da primeira professora, ou professor. Diz a música de Ataulfo Alves “que saudade da professorinha, que me ensinou o be a ba”. Ensinou! E vem a pergunta, o professor(a) ensina ou educa? A “professorinha” é uma referência carinhosa ou uma demonstração da pequenez da profissão?
 
Antigamente uma forma de mistificação da categoria do magistério, era disseminar a ideia de que o exercício do magistério era um sacerdócio, daí a justificativa para os baixos salários. Atualmente, com o crescimento dos sindicados representativos da categoria, já está claro que os professores são profissionais, não sacerdotes, o que não significa dizer que não devam colocar amor na profissão que exercem.
 
Talvez por ter se dissipado a ideia do sacerdócio, mas para manter os baixos salários, existem atualmente correntes governistas entendendo que a educação cabe à família e à escola apenas o ato de ensinar. 
 
Tal concepção talvez seja amparada no fato de que a personalidade é formada até por volta dos cinco anos da criança, portanto, educar seria formar a personalidade. No entanto, é preciso esclarecer se o caráter da pessoa, a formação do cidadão dá-se apenas com a formação de sua personalidade? 
 
Se entendermos que o ser humano é um ente inacabado, ou seja, que está em permanente construção até a hora de sua morte, então haveremos de conceber que não se deve retirar dos professores o papel de educadores e empurrar para a família uma obrigação que é também do Estado. Isto porque educar é formar o caráter, é agregar os valores necessários para o convívio social, é lapidar o indivíduo para que o seu aprendizado se converta em solidariedade, honestidade, responsabilidade e fraternidade. E a Constituição diz em seu artigo 205 que " A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho".
 
Educação, direito de todos; qualificação para o trabalho, segundo as aspirações e dons de cada um, não apenas para o trabalho de subserviência.
 
Paulo Freire nos ensinou que “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Significa dizer que todos somos ao mesmo tempo educandos e educadores e que o espaço, familiar ou público, é espaço educativo. Não importa aonde estejamos, havendo convivência estamos sendo educados e educandos, por um gesto, um comportamento, um exemplo dignificante.
 
Todavia, não obstante sermos alunos da própria vida e do mundo, os professores somos os profissionais com a obrigação de educar, seja ensinado o be a ba ou a regra de três. Não pode haver o ensinamento dissociado da educação, ao ensinar o be a ba que seja, o professor educa, porque o que está a ensinar é para libertar o educando da ignorância e do obscurantismo. 
 
O professor ensina educando para a vida, para que o aluno consiga ler o mundo no qual está vivendo. Não à toa, o artigo 20 da Carta das Cidades Educadores está posto que: “A Cidade Educadora deverá oferecer a todos os seus habitantes, enquanto objetivo cada vez mais necessário à comunidade, uma formação sobre os valores e as práticas da cidadania democrática, o respeito, à tolerância, a participação, a responsabilidade o interesse pela coisa pública, seus programas, seus bens e serviços”.
 
Pois é, tudo muito bonito. Vamos dar vivas a quem dedica grande parte da vida ao magistério, a quem se dedica para a educação de filhos alheios com respeito à pluralidade e à diversidade, mas vamos lembrar também que os professores/educadores comem, vestem-se, pagam aluguel e que, portanto, precisam ser reconhecidos pelos governantes, não somente com felicitações, mas também com salários e aposentadorias dignos, com condições de trabalho para poderem fazer frente às transformações tão vertiginosas que ocorrem nesses tempos contemporâneos. 
 
Parabéns aos professores e a aos profissionais de outras categorias que percebem e reconhecem a importância que os professores tiveram em suas vidas, em suas riquezas materiais, culturais, políticas e sociais. 
 
*Professor titular aposentado pelo CEUD/UFMS, membro da Academia Douradense de Letras. 

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