Além da área perdida, onde o grão apodreceu, os produtores vão perder na qualidade da soja colhida - Crédito: Foto: Hedio Fa-zan/PROGRESSO
Flávio Verão######PROGRESSO
DOURADOS – O impacto da quebra na safra de soja em Mato Grosso do Sul pode causar um efeito dominó nas demais culturas de grãos, aponta o economista Leonardo Mussury. A estimativa de entidades ligadas ao setor de agronegócio são feitas em cima do atual prejuízo. E como a previsão do tempo aponta chuva para os próximos dias em boa parte do Estado, o economista acredita que os estragos podem ser bem maiores.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famasul) está fazendo levantamento da perda da soja. As estimativas apontam média de 50% de prejuízo. Em valores, pode chegar a R$ 1,5 bilhão. A entidade está orientando os produtores rurais a fazerem laudos técnicos sobre as perdas nas lavouras. A medida prevê um pedido de prorrogação do prazo de pagamento dos financiamentos contraídos para o cultivo da safra.
A produção, que seria recorde em Mato Grosso do Sul, deve ser uma das piores da década, devido as perdas provocadas pela chuva que impediu a colheita. O atual levantamento compromete inclusive os dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a perspectiva de super safra. Para Mato Grosso do Sul, a estimativa era de uma colheita de 5,4 milhões de toneladas.
A região norte do Estado é a mais afetada. Em São Gabriel d’ Oeste, por exemplo, as perdas da soja estão estimadas em 60%, segundo o Sindicato Rural. No sul de MS os prejuízos também são grandes e oscilam entre 40% e 50%. Além da área perdida, onde o grão apodreceu no campo, os produtores também vão perder na qualidade da soja colhida.
#####IMPACTO
Se as chuvas não pararem nos próximos dias o impacto da quebra da safra de soja pode influenciar fortemente nas demais culturas e, consequentemente, na economia do Estado. O economista Leonardo Mussury, que atua na área de agronegócios, diz que se o clima continuar chuvoso as perdas serão drásticas.
“É difícil até de fazer uma previsão sobre o impacto, pois depende muito das chuvas que não param no Estado. Como a previsão aponta tempo chuvoso para os próximos dias com certeza o plantio do milho terá perdas”, avalia Mussury.
Isto ocorrendo, segundo ele, haverá redução na área plantada do milho. Uma outra alternativa seria o plantio do trigo ou aveia. “Porém, poderá ocorrer geadas e dificilmente o produtor vai arriscar”, disse.
Como o Estado tem o agronegócio como carro-chefe da economia, os prejuízos podem ser grandes, avalia o economista. Com perda de grãos, os produtores não poderão honrar dívidas. Com poucas colheitas reduz também a arrecadação do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “O prejuízo no campo influencia no comércio e nos demais setores de economia”, pontua Leonardo Mussury.