
A Embrapa Agropecuária Oeste, por meio do seu sistema de previsão de geadas, alerta para o alto risco de ocorrer geada no mês de junho de 2022 em municípios da região sul de Mato Grosso do Sul. A instituição de pesquisa salienta que essa probabilidade é de 75%, podendo acontecer sob qualquer intensidade, desde fraca até forte.
O fenômeno La Niña se caracteriza pelo resfriamento das águas do oceano pacífico equatorial. Quando isso acontece, dadas as fortes interações que existem entre o oceano e a atmosfera, as condições climáticas mundiais passam a ser influenciadas por essa realidade momentânea.
Desde o trimestre abril-maio-junho de 2020 este resfriamento está acontecendo, demonstrando ser um resfriamento prolongado. No contexto do sistema de previsão de geadas da Embrapa Agropecuária Oeste, a ocorrência de dois trimestres com anomalias de temperatura que superam – 0,5 ºC já é suficiente para caracterizar a ocorrência de La Niña.
Analisando-se o histórico climático da região sul de Mato Grosso do Sul em relação às outras vezes que esse fenômeno aconteceu, sempre em anos de La Niña ocorreu frio intenso no mês de junho, com temperaturas chegando abaixo de 6 ºC e na maioria das vezes abaixo de 4 ºC, caracterizando condição favorável a geadas.
Dos seis anos já avaliados, o sistema acertou cinco, errando somente o ano de 2020, demonstrando 83% de acerto, equivalente a, aproximadamente, 8 acertos e 2 erros a cada 10 anos.
O caso mais recente é o do ano de 2021. Naquele ano a Embrapa havia se antecipado, alertando aos interessados com relação ao alto risco de uma geada precoce, conforme notícia que fora veiculada ainda em janeiro daquele ano. As geadas de fato aconteceram e foram de forte intensidade, sendo que no primeiro episódio foram registradas no dia 30/06/2021 temperaturas mínimas de 0,8 ºC em Ivinhema, 0,3 ºC em Dourados e -2,1 ºC em Rio Brilhante.
Como funciona o
sistema de previsão?
Esse sistema foi desenvolvido e é mantido pelos pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste. Fazem parte dessa equipe: Danilton Luiz Flumignan, Éder Comunello e Carlos Ricardo Fietz. Além deles, Rafaela Silva Santana, que na ocasião era estudante de Agronomia da UFGD, contribuiu com o trabalho de desenvolvimento do sistema.
O sistema usa dados de chuva medidos na estação agrometeorológica do Guia Clima (https://clima.cpao.embrapa.br), da Embrapa Agropecuária Oeste, e da temperatura da superfície do mar fornecidos pela agência americana National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).
Com índice de confiança de 95%, o sistema é capaz de prever em dezembro, qual a temperatura mínima que deverá ocorrer em junho, no sul de Mato Grosso do Sul. Por meio da temperatura prevista e com base nos critérios do método é possível prever a probabilidade de ocorrer geada e qual a intensidade da mesma.
A previsão para junho de um determinado ano pode ser divulgada em dezembro do ano anterior. Essa previsão antecipada é monitorada até o mês de maio, pois as condições de temperatura da superfície do mar podem mudar até lá e, se essa mudança for significativa, a previsão precisa ser reavaliada. Não é normal ter que corrigir as previsões que são feitas em dezembro. Pode acontecer, mas o mais comum é confirmá-las.
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