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Indios das etnias Caiuás e Guaranis ocupam fazenda em Dourados

06 Jun 2011 - 22h33
Indios das etnias Caiuás e Guaranis ocupam fazenda em Dourados  - Crédito: Foto: Cesar Firmino Crédito: Foto: Cesar Firmino
DOURADOS - Indígenas das etnias Caiuás e Guaranis das aldeias Bororó e Jaguapiru deram início a ocupação de uma área de 26 hectares às margens do anel viário, nas imediações do residencial Monte Carlo e aos fundos da Aldeia Bororó em Dourados. Desde o último dia 29, dezenas deles se mudaram para o local. Barracos de lona estão sendo montados aos poucos e a expectativa da comunidade é de reunir 120 famílias nos próximos dias.



De acordo com o cacique guarani Shatalim Graito Benites, o grupo está pleiteando uma área total de 6 mil hectares. Algumas destas estão nas imediações de onde instalaram os barracos.

O grupo justifica a ocupação alegando que as terras são indígenas, já que os antepassados guaranis teriam residido no local. Eles citam o indígena guaraní Sapriano Gonçalves, avô de uma das lideranças. “Ele era dono destas terras. Arrendou para um branco plantar, que por sua vez vendeu as terras, sem que fossem dele”, explica.

Os indígenas pretendem montar a aldeia “Ñu Verá”, que significa “Campo Brilhoso”, na região ocupada. Segundo o cacique, a ampliação da Reserva de Dourados é necessária, porque as famílias indígenas estão “sufocadas” nas aldeias.


O fato, segundo ele, contribui para que a população local sofra com a miséria e violência que tomaram conta das aldeias. “A cesta básica mensal não é suficiente para as famílias. Além disso, não queremos mais depender do poder público para comer. Queremos terra para plantar e criar nossos filhos com o esforço do nosso trabalho e com o que a terra nos dá”, alega.

Segundo Shatalim, os indígenas estão vivendo apenas pela fé. “São muitas famílias que se formaram recentemente e não são nem ao mesmo cadastradas em programas sociais de alimentação. Por isto passam fome”, destaca.




Ele comenta que a maior preocupação é com crianças. “Elas estão aqui passando frio e fome. Não muito diferente do que acontece na Bororó e Jaguapiru onde estavam. Não queremos ver mais nossos filhos passando fome e por isto resolvemos lutar por nossos direitos”, destaca.

FAZENDEIROS

Às margens do anel viário, se concentraram ontem cerca de 30 proprietários rurais. Eles disseram ao O PROGRESSO e ao site Douradosagora, que temiam uma invasão ainda maior nas fazendas circunvizinhas. O dono da fazenda ocupada primeiramente pelos indígenas é de Achilles Decian. O filho dele, Darci Lago Deciam disse que não é verídica a informação de que as terras eram indígenas. “Estas terras foram compradas por nossa família em 1965 e já naquela época elas pertenciam a Luiz da Fonseca Stait. O que é terra indígena foi demarcado. Eles têm a área deles. Não é justo que invadam as nossas. E a lei como é que fica?”, indaga.



Por causa disso, ele disse que ainda ontem iria ingressar na Justiça com um pedido de reintegração de posse. “Tenho soja e aveia para plantar e com a área ocupada não sei como vai ser”, questionou, observando que por parte dos produtores não há intenção de violência. “O que queremos é que os órgãos competentes resolvam o problema o mais rápido possível”, destaca.

O vereador Gino Ferreira esteve no local. Ele disse que teme que Dourados deixe de receber investimentos por conta das ocupações. “Quem é que vai querer investir em áreas onde pode haver conflitos. Esta atitude vai na contramão de tudo o que estamos fazendo para resolver a questão no Estado. A cidade toda perde economicamente. Creio que a União poderia indenizar os proprietários. Eles estão dispostos a vender. Agora tomar a força é injusto”, destaca.

PF

A Polícia Federal de Dourados foi acionada no local ocupado pelos indígenas. É que os proprietários rurais teriam dado início a preparação da terra que está ocupada pelos índios. A ação teria deixado os indígenas com temor de conflito. Representante do Ministério Público Federal também esteve no local. Depois de negociação, os proprietários foram aconselhados a colocarem as quatro máquinas agrícolas na redondeza.

A coordenadora da Funai de Dourados, Maria Aparecida Mendes de Oliveira, disse ao O PROGRESSO que não poderia falar com a reportagem porque estava numa reunião. Ela ficou de retornar a ligação, o que até o fechamento desta edição não aconteceu.

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