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Estudo identifica mais de mil espécies de árvores nativas em plantios de eucalipto e pinus

11 Mai 2022 - 16h45Por Vivian Chies, Embrapa Territorial
Mais do que não impedir, eucaliptos e pinos podem favorecer a formação dos sub-bosques por terem crescimento rápido e capacidade de sombrear o solo - Crédito: Carlos Cesar RonquimMais do que não impedir, eucaliptos e pinos podem favorecer a formação dos sub-bosques por terem crescimento rápido e capacidade de sombrear o solo - Crédito: Carlos Cesar Ronquim

Eucalipto e pinus, as duas espécies florestais mais cultivadas no Brasil, não impedem o crescimento de plantas nativas em seu sub-bosque. Pelo contrário, por terem crescimento rápido e capacidade de sombrear o solo, podem favorecer o desenvolvimento de árvores e arbustos nativos e compor projetos de reflorestamento, seguindo as regras do Código Florestal Brasileiro e legislações afins. 

A conclusão é de um estudo da Embrapa que identificou exatamente 1.136 espécies de árvores e arbustos nativos encontradas em sub-bosques de eucalipto e pinus e registradas em mais de 100 trabalhos científicos compilados em documento técnico da Empresa. Entre essas espécies, figuram algumas ameaçadas de extinção, como a araucária, a imbuia, o pau-brasil e o palmito-juçara. A composição das cinco famílias com maior representatividade de espécies é semelhante ao encontrado em matas ciliares da Mata Atlântica e do Cerrado do Brasil, os dois biomas compreendidos no estudo. Espécies de elevado valor comercial também foram registradas, tais como cedro, cerejeira, copaíba, jatobá, jequitibás e peroba-rosa.

Autor do documento técnico, o pesquisador Carlos Cesar Ronquim, da Embrapa Territorial (Campinas,SP),  conclui que esses dados mostram ser viável o uso dessas árvores como alternativa para a restauração florestal das áreas de Reserva Legal, seguindo as regras do Código Florestal Brasileiro e legislações afins. O Código (Lei 12.651/2012) permite o uso de árvores exóticas na recomposição dessas áreas, desde que na proporção máxima de 50% e  intercaladas com  espécies nativas regionais.

O pesquisador pontua que a principal dificuldade para o desenvolvimento das espécies nativas é a concorrência com as gramíneas, eliminadas apenas com sombreamento ou herbicida. Utilizar árvores de crescimento rápido para gerar sombra em menor tempo pode ser uma forma mais econômica de criar as condições necessárias para o reflorestamento.“O eucalipto vem sendo melhorado há mais de cem anos, para crescer rapidamente, mesmo em solo de baixa fertilidade. Então, se você tem uma área que precisa regenerar, e ela está degradada, o plantio de eucalipto, avaliando as condições locais, pode ser efetivo para surgimento de sub-bosques”, complementa Ronquim. 

Alternativa para cobrir custos

As espécies exóticas comerciais também podem gerar renda para cobrir pelo menos parte das despesas dos produtores rurais para a recomposição das espécies nativas. “A restauração é vista por muitos agricultores como um ônus, geralmente porque eles 'perdem' parte da área produtiva e não obtêm ganho econômico direto. Além disso, a recomposição tem custo elevado. A combinação de espécies comerciais exóticas e nativas em programas de restauração pode ser uma alternativa para reduzir esses custos. Nessa modalidade, o plantio exclusivo com espécie exótica, como o eucalipto, passa a ser apenas um estágio de transição. Completada a sua função de catalisador da vegetação nativa do sub-bosque e atingido um padrão de comercialização, essa espécie é retirada e vendida”, explica. “Já há métodos de colheita que minimizam os danos tanto às árvores nativas plantadas em consórcio quanto às espécies que se regeneram espontaneamente no sub-bosque”, acrescenta. 

O trabalho aponta que a riqueza, densidade e estrutura da regeneração natural sob os plantios de espécies exóticas dependem de uma combinação de fatores: localização no território brasileiro, distância de remanescentes florestais nativos, idade do plantio, espécie plantada, densidade de copas, entre outras. Na avaliação do pesquisador, o eucalipto é mais adequado do que o pinus para projetos de recomposição florestal porque tem ciclo de produção de madeira mais curto. 

Disponível gratuitamente no Portal Embrapa, a publicação apresenta uma tabela com as 1.136 espécies nativas identificadas em sub-bosques de eucaliptos e pinus, classificadas por família e com os nomes atualizados. A lista indica quais estão ameaçadas de extinção. Para o autor, “as espécies compiladas nesse estudo e que se destacaram por maior ocorrência, ameaçadas de extinção ou pelo elevado valor comercial devem servir de referência para serem empregadas nessa modalidade de restauração florestal em parceria, preferencialmente,com as espécies do gênero Eucalyptus, que são mais aptas e indicadas para essa modalidade de recomposição florestal”.

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