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Câmpus de Chapadão do Sul conquista Prêmio Agrociência

O Prêmio foi realizado pela Famasul, em parceria com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de MS

16 Dez 2024 - 07h45Por Vanessa Amin/UFMS
Câmpus de Chapadão do Sul conquista Prêmio Agrociência - Crédito: Alíria Aristides Crédito: Alíria Aristides

Trabalho inscrito pela engenheira florestal e mestre em Agronomia pelo Câmpus de Chapadão do Sul (CPCS) Gabriella Silva de Gregori venceu o Prêmio Agrociência, na categoria Pós-Graduação. O Prêmio foi realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), em parceria com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect).

A reitora Camila Ítavo esteve na cerimônia de premiação. “A iniciativa da Famasul e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em premiar os estudantes de ensino superior que estão realizando suas pesquisas, trabalhar o agro com a sustentabilidade, inovação tecnológica, é algo muito impactante de maneira pessoal para o estudante, institucional para as universidades, centros de pesquisa, mas quando a gente pensa no Estado, isso é estratégico”, explica. “Quero parabenizar e dizer que a Universidade Federal se orgulha imensamente das conquistas do nosso time, da nossa equipe, e que venha o próximo Agrociência, que a gente esteja preparado para submeter mais propostas para serem premiadas”, celebra.

O artigo da egressa Gabriella Silva de Gregori, orientado pela professora Elisângela de Souza Loureiro, trata sobre o uso do aprendizado de máquina para analisar algoritmos que melhor descrevem os dados na detecção da severidade de ataque de Glycaspis brimblecombei em eucalipto com uso de um sensor hiperespectral.

“Esse trabalho foi realizado por uma equipe multidisciplinar, contando com o auxílio de professores e estudantes de pós-graduação da UFMS e de outras instituições de diversas áreas do conhecimento. O cultivo de eucalipto tem grande importância para a economia do país e de Mato Grosso do Sul. O Estado tem desempenhado um papel de destaque no cenário nacional e internacional. Consolidado como o maior exportador de celulose do mundo, atualmente é responsável por 24% da produção nacional de celulose, com valor aproximado de 5,5 milhões de toneladas por ano”, conta a professora Elisângela.

A docente detalha que o eucalipto pode ser atacado por vários insetos-praga, destacando-se o psilídeo de concha (Glycaspis brimblecombei). “Os adultos e ninfas do inseto se alimentam da seiva das plantas, causando redução, enrolamento e deformação do limbo foliar; redução da área fotossintética; queda prematura de folhas; superbrotamento; seca de ponteiros; redução no crescimento das árvores; morte dos brotos apicais, ramos e da planta como um todo. Um dos principais sinais da presença da praga são as conchas, de coloração esbranquiçada, produzidas pelos insetos, sob as quais permanecem protegidos. Como as plantas de eucalipto podem chegar a vários metros de altura o monitoramento desta praga se torna difícil, o que despertou o interesse em como estimar a severidade do seu ataque utilizando sensores”, fala a professora.

De acordo com a engenheira florestal, a avaliação de diferentes níveis de ataque de psilídeos de concha pode influenciar na refletância hiperespectral das folhas de diferentes maneiras, devido a alterações na clorofila em função da sucção de seiva proporcionada pelo inseto. “Para classificar esses níveis, o uso de algoritmos de aprendizado de máquina pode ajudar a processar os dados com mais rapidez e precisão. Os objetivos do trabalho foram: avaliar o comportamento espectral dos níveis de ataque de G. brimblecombei; encontrar o algoritmo de aprendizado de máquina mais preciso para classificar os níveis de ataque de pragas; encontrar a configuração de entrada que melhore o desempenho dos algoritmos”, destalha.

Nesse contexto, a utilização dessa ferramenta pode auxiliar no processamento dos dados de forma a classificar esses níveis de ataque com mais rapidez e precisão, contribuindo para otimizar a utilização de produtos fitossanitários que serão aplicados, proporcionando maior eficácia de controle, contribuindo para um manejo mais sustentável. Futuros estudos devem explorar aplicação em campo, visando aprimorar a eficácia dessa técnica alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, como a preservação da biodiversidade, redução dos impactos ambientais adversos e agricultura sustentável.

A egressa premiada explica que os dados foram coletados em uma plantação clonal de Eucalyptus urophylla no CPCS. Para a análise desse material, foram separados em todos os comprimentos de onda e em bandas espectrais separadas em 28 agrupamentos. Os dados foram submetidos aos seguintes algoritmos de aprendizado de máquinas: redes neurais artificiais, árvores de decisão REPTree e J48, floresta aleatória, máquina de vetor suporte (SVM) e análise de regressão logística convencional (RL). “Houve diferença no comportamento hiperespectral das folhas para os diferentes níveis de ataque. O nível de ataque mais alto mostra a maior distinção e os valores de refletância mais altos. RL e SVM apresentam melhor precisão na classificação dos níveis de gravidade do ataque de G. brimblecombei”, salienta. Para o percentual de classificação correta, os algoritmos RL e SVM tiveram melhor desempenho, ambos com acurácia acima de 90%. Ambos os algoritmos obtiveram valores de F-score próximos de 0,90. Toda a faixa espectral garantiu a melhor precisão para ambos os algoritmos.

“Fiquei muito feliz quando recebi a notícia que estávamos entre os três semifinalistas. Conquistar o primeiro lugar foi um presente aos meus 20 anos de dedicação ao estado de Mato Grosso do Sul. Agradeço os servidores da Fundect, da UFMS e do Estado que me acolheram de braços abertos, quando vim para cá, através do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional da Fundect, onde iniciei minha vida profissional, na graduação e pós-graduação. Esse prêmio é um incentivo para a continuidade da pesquisa em controle biológico de pragas, promovendo a sustentabilidade dos cultivos agrícolas e florestais em MS e no Brasil”, diz Elisângela.

“Estava muito nervosa antes do anúncio, mas após, consegui sentir alegria e um pouco de alívio também. As expectativas para o futuro são de dar continuidade no trabalho, agora com análises em campo, para confirmar a eficiência dos dados obtidos”, conta Gabriela. “Agradeço imensamente a todos que participaram deste trabalho, pois tiveram papel fundamental para a conquista deste prêmio, agradeço também a toda minha família e amigos que estavam torcendo por mim”, finaliza.

O Prêmio

Em sua quinta edição, o Prêmio Agrociência tem como objetivo reconhecer as propostas que estimulam o avanço econômico, social e sustentável e estimular a competitividade no setor agropecuário. O concurso selecionou artigos científicos e foi dividido em três categorias: Ensino Técnico e Tecnólogo, Graduação e Pós-Graduação, com as seguintes temáticas: produção vegetal; produção animal; economia; meio ambiente e sociedade; inovação; e desenvolvimento local. “Queremos aproximar as pesquisas realizadas por nossas instituições de ensino dos produtores rurais de Mato Grosso do Sul”, explicou a coordenadora da premiação e analista técnica da Famasul, Regiane Miranda.

Foto: Alíria Aristides

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