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Cacique guarani diz que invasões estão sendo orquestradas

15 Mar 2016 - 17h57
Cacique Renato afirma que invasões no entorno da aldeia não tem apoio de lideranças da Reserva. - Crédito: Foto: Hedio FazanCacique Renato afirma que invasões no entorno da aldeia não tem apoio de lideranças da Reserva. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
O cacique guarani Renato Machado, uma das maiores lideranças da Reserva Indígena de Dourados, disse ontem em entrevista exclusiva ao O PROGRESSO, que as invasões de 14 áreas urbanas às margens da Perimetral Norte, não representam a vontade das lideranças das Aldeias Bororó e Jaguapirú. "Ali tem professores de Amambai, diretora de escola, professores e servidores de universidade e até funcionário público que estão querendo apenas um terreno", denuncia Renato. "Minha preocupação é que essas invasões acabem provocando discriminação da sociedade douradense com os povos indígenas, mesmo porque convivemos pacificamente com a população e nunca invadimos terra de ninguém", completa Renato.


Segundo ele, as invasões de sítios e pequenos lotes às margens da Perimetral Norte não partiram da comunidade. "Pessoas de outras aldeias e funcionários de ONGs inventaram para algumas famílias que aquela terra era indígena e invadiram o local", denuncia o cacique. Ele ressalta que essas pessoas chegaram a procurar as lideranças das aldeias Jaguapirú e Bororó em busca de apoio para as ocupações, mas nenhum cacique quis se envolver com essas invasões. "A gente quer terra para produzir e a área que eles estão invadindo não serve nem para plantar mandioca", observa Renato Machado.


O cacique pondera ainda que os grupos que organizaram a invasão dos terrenos e das chácaras estão brigando por poder. "Eles não estão preocupados em ampliar as áreas produtivas da nossa Reserva Indígena, mas apenas em arrumar um lote para erguer suas casas", ressalta. "Deixei claro para eles que a falta de terra não será solucionada com invasão desses sítios, mas preferiram seguir mesmo assim com as ocupações de terrenos e sítios", explica. "Se você prestar atenção verá que os índios que estão nessas áreas chegam de carro e têm estrutura para montar os barracos, mas não têm qualquer vocação para cultivar a terra porque são empregados em escolas, órgãos públicos e em ONGs", completa.


Renato Machado defende que a ampliação da Reserva Indígena de Dourados seja fruto de uma negociação entre o governo federal e os proprietários das áreas rurais existentes no entorno das aldeias. "O governo precisa saber quem está disposto a vender suas propriedades, comprar e assentar as famílias por critérios de integrantes e da vocação produtiva", sugere. "Também não adianta dar terra por dar, porque muita gente vendeu o que tinha na Reserva Indígena e agora reclama que não tem onde morar", alerta.


Ainda segundo Renato Machado, lideranças de outras ocupações na região de Dourados estão se infiltrando na Reserva Indígena para fumentar a ocupação dessas pequenas propriedades vizinhas às aldeias. "Basta as autoridades identificarem cada uma delas para saber quem é da Reserva Indígena e quem veio de fora", sugere. "Por exemplo, professores indígenas são contratados de aldeias de outras cidades e quando chegam aqui passam a orientar essas ações", completa. "Fui chamado para participar desses atos, mas, mesmo passando por sessões de hemodiálise semanalmente e na fila para transplante de rim, prefiro cultivar a terra que tenho na aldeia e viver do que produzo", finaliza Renato Machado.

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