Único vereador médico na Câmara Municipal de Dourados, Diogo Castilho (DEM) é contra o toque de recolher imposto pelo Governo do Estado e adotado pelo prefeito Alan Guedes (PP) em Dourados. Desde domingo atividades não essenciais como o comércio fecham às 20h e só retornam às 5h. A medida tem como objetivo conter a proliferação do coronavírus.
Diogo Castilho é contra o novo toque de recolher em razão de penalizar comerciantes da noite. “Isso é muito negativo. A economia do país já não está bem, com muitas pessoas passando necessidades e o auxílio emergencial que será pago pelo governo é muito pouco, nem compra uma cesta básica”, disse o parlamentar em entrevista por telefone.
O Brasil enfrenta o maior pico da pandemia. Vários estados estão com ocupação de leitos de UTI no limite e em Mato Grosso do Sul não é diferente, principalmente nas regiões de Campo Grande e Dourados. Fechar o comércio mais cedo tem sido a medida adotada por muitos governadores e prefeitos como medida de contenção da doença. No entanto, há quem é contra, por falta de provas científicas.
O decreto anterior, de fechamento do comércio às 22h, conforme o vereador Dr. Diogo, já penalizava o comércio. “O que temos que fazer é adotar medidas de contenção mais rigorosas, para poder liberar o comércio de forma adequada. Pra isso a população tem que respeitar, fazer a sua parte”, diz o vereador.
Questionado justamente por esse quesito, de a população ter afrouxado os cuidados com a doença, Diogo foi enfático: “As pessoas estão cansadas. Já faz um ano que estamos na pandemia; elas veem o que acontece e nada é feito”, ponderou. A solução à pandemia, para ele, seria de o setor privado poder adquirir vacinas, contudo, essa realidade ainda é distante no país, já que somente o Governo Federal pode ter acesso aos imunizantes, para distribuir aos estados e municípios.
Para amenizar os efeitos da pandemia, da contaminação e de melhorias da economia, Dr. Diogo sugere mais respeito por parte da população - manter distanciamento social e adoção das demais medidas de biossegurança. Conforme o vereador, muitos restaurantes, por exemplo, respeitam as medidas estabelecidas, assim como os clientes. “O que tem que acabar é com as festas clandestinas, com as aglomerações”, afirmou.
Ele defende maior rigor da fiscalização por parte dos órgãos de segurança, para acabar com os eventos clandestinos. Recentemente Diogo esteve reunido com comerciantes que foram à Câmara pedir apoio para que o município não adotasse o toque de recolher do Estado. Foram vencidos. Por via de regra, União, estados e municípios são independentes nas decisões sobre normas de combate a covid-19.
Médico cirurgião, ele ainda diz que o foco sobre a pandemia tem penalizado a própria área da saúde. “Não faço cirurgias eletivas (aquelas que não são de urgência) na rede pública desde o início da pandemia, março do ano passado, e tem muitos pacientes na fila de espera que necessitam operar”, relatou. O prejuízo sobre isso é que o quadro de saúde pode se agravar, gerando mais complicações de saúde.
Mato Grosso do Sul chegou a ensaiar retorno das cirurgias eletivas na rede pública, contudo não levou à frente a ideia. Os procedimentos não pararam nos hospitais particulares. Conforme o governo do Estado, entre os atendimentos médicos que devem ser realizados assim quando cessar a pandemia estão as cirurgias ortopédicas de quadril e coluna e as cirurgias oftalmológicas, além de exames oncológicos e de tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas, entre outros.