Paralelamente à s apresentações da acusação e da defesa, a partir das 9h foi aberto prazo para que os deputados interessados em discursar sobre o processo se inscrevessem na Mesa Diretora. As inscrições foram encerradas à s 11h. Os inscritos poderão ser da tribuna da Câmara, por três minutos, neste sábado (16), em sessão marcada para ter inÃcio à s 11h, conforme cronograma definido pelo presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os lÃderes partidários.
Durante o todo o processo de discussão e votação, serão realizadas sessões de quatro horas, prorrogáveis por mais uma hora, quantas forem necessárias até a conclusão da votação, prevista para domingo (17).
Revezamento
Após a fala do jurista Miguel Reale Júnior e do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que reforçaram argumentos da acusação e da defesa da presidente Dilma Rousseff respectivamente, ontem, o deputado Zé Geraldo (PT-PA), foi o primeiro a defender o governo durante o tempo destinado às lideranças dos partidos, que foi dividido entre os parlamentares.
O deputado destacou que no próximo domingo (17), quando a admissibilidade do processo de impeachment será votada no plenário da Câmara dos Deputados, será "o pior domingo" da sua vida. Ele classificou o processo de impeachment de ilegal e imoral e afirmou que o povo brasileiro clama por "justiça contra a corrupção".
Assim como fez o advogado-geral da União, Zé Geraldo acusou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de tentar chantagear deputados para que processo contra ele no Conselho de Ética da Casa não prosperasse.
Outro deputado petista, Luiz Sérgio (RJ), disse que a opção que está posta é entre a democracia e o golpe. Ele considerou que a crise financeira do paÃs é resultado da crise polÃtica, criada por aqueles que "não quiseram aceitar o resultado das urnas".
Luiz Sérgio disse ainda que quem não foi "legitimado nas urnas" não vai ter autoridade moral para conduzir a sociedade brasileira. "Vai ser o aprofundamento da crise", destacou.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) ressaltou que o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff é uma "farsa", segundo ele, comandada por um "réu", que está "livre, leve e solto" que é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Oposição
Do lado da oposição, o deputado Augusto Coutinho (SD-PE) disse que o "impeachment não é golpe, mas uma "obrigação republicana". Ele acusou o governo de ser "perdulário e corrupto".
O deputado Pauderney Avelino (AM), lÃder do DEM, disse que os parlamentares de seu partido estão convencidos de que o Brasil está numa encruzilhada: "O povo brasileiro não aguenta mais essa corrupção sistêmica instaurada no governo do PT", disse acrescentando que a Petrobras está "sendo devastada".
De acordo com Pauderney Avelino, o governo agiu de forma irresponsável e mentiu para o povo: "Agora só nos resta fazer justiça, buscar uma solução, que é o impeachment".
Ainda em defesa do impeachment, o deputado Paulo Foletto (PSB-ES) criticou a crise na economia e na saúde. Outro a falar a favor do impedimento foi Dirceu Sperafico (PP-PR). Ele defendeu um novo governo para melhorar as condições do paÃs: "Esse governo não existe mais. Precisamos de um governo mais enxuto que esteja olhando para os problemas da sáude e da educação", disse.
Após o tempo dedicado às lideranças, cada um dos 25 partidos da Casa teve uma hora para defender suas posições.
PSDB acusa
Maior partido de oposição no Congresso Nacional, o PSDB levou seus cinco representantes à tribuna da Câmara para reafirmar a posição favorável ao impeachment e acusar a presidente Dilma Rousseff de ter cometido crime de responsabilidade e fraude fiscal.
O primeiro, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse que a presidenta mentiu sobre a situação fiscal do paÃs para se reeleger, enganando os eleitores e as instituições fiscalizadoras. "Quando era questinada sobre a situação dizia "estamos de pé, estamos firmes, superavitários". Era mentira! O Brasil já estava de joelhos", disse o deputado.
Sampaio também criticou a defesa da presidente Dilma, feita pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, na manhã de ontem. O deputado tucano disse que Cardozo fez uma defesa "imprestável" e "amesquinhou o papel da AGU" ao defender a presidenta e seu cargo. "Imprestável é a defesa de Vossa Excelência, que perdeu de oito a dois na mais alta corte", disse o deputado, em referência ao pedido da AGU para que a sessão sobre a admissibilidade do impeachment fosse suspensa e que foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal.
Os lÃderes tucanos também abordaram a divisão polÃtica que vem sendo observada no Brasil e responsabilizaram o governo e PT por ela. Para o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), ambos jogaram a população em dois lados e alimentam as divergências. "Dividiu o branco contra o negro, o religioso contra o ateu, o Ãndio contra o produtor. Não podemos continuar assim, nós somos filhos de uma mesma pátria. O PT não pode continuar dividindo o Brasil", disse.
Bruno Araújo (PSDB-PE) ressaltou que "é hora de unir o Brasil" e disse que o impeachment servirá para que as instituições brasileiras mostrem que "há limites" ao governo. "Se não agirmos dessa forma outros governantes poderão incorrer na mesma irresponsabilidade e ilegalidade. Poderão cometer crimes contra a população e a Constituição para se manter no poder a qualquer custo", afirmou.
Antes dos deputados falaram pelo partido, o deputado Antônio Imbassahy usou tempo de lÃder para também discursar a favor do impeachment. Para ele, esse "é o remédio jurÃdico que deve ser aplicado contra a presidente da República que cometeu crime de responsabilidade".
"O que ficou evidente, durante toda a discussão, é que seus defensores não negam as infrações à legislação. Apenas tentam tumultuar a discussão e desviar o seu foco central, que são os crimes praticados", afirmou o lÃder.
Para ele, a defesa da presidenta não negou que ela tenha cometido crime, apenas alegou que outros também tinham incorrido nas mesmas práticas, admitindo assim o desrespeito à Constituição. "De uma presidente da República que não respeita nem a Constituição, tudo pode se esperar. Restou comprovado que a presidente, ao maquiar as contas públicas e ao emitir decretos de suplementação de verbas sem autorização do Congresso Nacional, infringiu a Lei Orçamentária, a Lei de Responsabilidade Fiscal e praticou crimes de responsabilidade", afirmou.