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MS é destaque por menor número de mortes e governador descarta afrouxar restrições

20 Mai 2020 - 13h05Por Da Redação
Foto: Marcos Ermínio/Midiamax - Foto: Marcos Ermínio/Midiamax -

O jornal Valor Econômico destacou a situação de Mato Grosso do Sul frente à pandemia do novo coronavírus. O estado apresenta a menor taxa de mortes no Brasil, sendo 16 até o último boletim atualizado ontem (19/5). 

Em entrevista ao jornal, Reinaldo Azambuja (PSDB) descartou a possibilidade de afrouxamento das restrições que garantem a prevenção ao contágio. Ao todo já foram registrados 642 casos confirmados. 

“A economia nós conseguimos recuperar. Vidas perdidas, não”, diz o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Dos 296 leitos de UTI disponíveis para o tratamento da doença, oito estão ocupados. Um hospital de campanha ficou pronto, mas não  eve necessidade de inauguração. 

Com a autoridade de quem ostenta esses indicadores, o tucano afirma que não é hora de flexibilizar protocolos e defende “unidade” no combate à covid-19.  Por unidade, ele entende que é preciso conter o "radicalismo” e que “chega de apontar o certo e o errado”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro, mas também a outros  overnadores. “Meu finado pai ensinava: vamos desarmar os espíritos”, disse o governador, que está no segundo mandato. Veja a íntegra da entrevista ao Valor.

Valor: Mato Grosso do Sul tem o menor número de casos e de mortes no país. A que o sr. atribui isso?
Reinaldo Azambuja: O mais importante foi termos montado um centro de operações em 31 de janeiro. Conseguimos frear muito a disseminação do vírus por causa do isolamento desde março. Antevíamos o risco de um problema grande e  olocamos várias secretarias para trabalhar em conjunto na questão sanitária. Ampliamos em 43% a disponibilidade de UTIs, implantamos teletrabalho no funcionalismo, suspendemos aulas presenciais, criamos uma plataforma digital para  oferecer 70 serviços aos cidadãos. Também instalamos 17 barreiras sanitárias nas divisas do Estado e fechamos fronteiras com Bolívia e Paraguai, além da suspensão de visitas aos presídios.  

Valor: Como estão os indicadores de ocupação das UTIs?
Azambuja: Estamos com 613 casos confirmados - há 25 pessoas internadas - e 16 óbitos. Temos 296 leitos de UTI  disponíveis na rede pública e na rede privada que contratamos. Desses, oito estão ocupados hoje. Ainda é uma situação  relativamente confortável, mas com trajetória ascendente. Há um total de 800 leitos clínicos. Temos um hospital de campanha pronto em Campo Grande, ao lado do hospital regional de referência, mas só vamos colocá-lo em funcionamento  uando atingirmos 70% de ocupação. 

Valor: O sr. considera a situação sob controle no Estado?
Azambuja: Mato Grosso do Sul tem uma extensão territorial ampla e densidade demográfica baixa, com exceção de  Campo Grande. Há cidades do interior que nos preocupam hoje mais do que a capital. Em Guia Lopes da Laguna, tivemos  maior volume de contaminados devido à contaminação em um frigorífico local. De uma população de 10 mil  habitantes, 92 foram infectados. Muitos se contaminaram compartilhando tereré [espécie de chimarrão gelado típico da  região]. Agora há “lockdown” e um controle muito restrito. Não proibimos atividades produtivas. Conseguimos montar  rotocolos de segurança no setor industrial e na agroindústria. Houve diminuição, mas não paralisia.

Valor: Com esses resultados, não seria viável afrouxar o isolamento?
Azambuja: Hoje mesmo [segunda-feira] tive reunião com o centro de operações especiais e nossa posição é de redobrar a cautela. A volta às aulas estava prevista para 18 de maio e acabamos de prorrogar para 30 de junho. Vamos manter a vigilância e o isolamento, especialmente por causa dos idosos. Se olharmos o mapa de óbitos em Mato Grosso do Sul, só temos duas pessoas abaixo de 60 anos - ambas com doenças pré-existentes.

Valor: Então não seria o caso de adotar um isolamento vertical?
Azambuja: Não é o caso de afrouxar os protocolos. Temos bons resultados. Ainda há lugares com crescimento exponencial [de casos]. Agora é hora de manter a vigilância e o isolamento

Valor: Não é prolongar desnecessariamente o dano à economia?
Azambuja: O impacto para a economia é no mundo todo. Nenhum setor está saindo ileso. Talvez o agronegócio, com a alta do dólar e a busca por proteína, devido ao bom desempenho exportador. A economia nós conseguimos recuperar. Vidas perdidas, não. Meu foco é na saúde das pessoas.

Valor: Qual é o impacto fiscal da pandemia no Estado?
Azambuja: Vivemos à base de ICMS, que corresponde a 90% das receitas, com transferências muito pequenas do FPE (Fundo de Participação dos Estados). Restringimos contratos, diárias, progressões no funcionalismo para segurar a  despesa. Em maio, devemos perder mais de R$ 100 milhões na comparação igual período do ano passado. Para 2020, no decreto de calamidade, projetamos R$ 900 milhões em perda de arrecadação. 

Valor: O pacote do governo federal para socorrer Estados previa congelamento dos salários de servidores até o fim de 2021, mas o Congresso incluiu várias categorias como exceções. O presidente deve vetar isso, como pede Paulo Guedes?
Azambuja: É impossível, em um momento de todos darem sua cota de sacrifício, fazermos qualquer tipo de reajuste. Independentemente da sanção ou veto do presidente. Na maioria dos Estados, a despesa com pessoal já chega a 70%, o teto da Lei de Responsabilidade Fiscal. É impraticável ampliar gasto com queda de receitas. 

Valor: O sr. está disposto a bancar o desgaste, em termos de popularidade, de não dar reajustes salariais ao funcionalismo, incluindo Polícia Militar e Bombeiros? 
Azambuja: Não é questão de popularidade, é uma questão de consciência. Não tem outro jeito. 

Valor: Como tem avaliado a atuação do presidente, que demite ministros e acirra conflitos políticos no meio do combate à pandemia?

Azambuja: É o momento de dialogar com todo mundo e buscar soluções comuns. Quanto menos conflito, mais assertividade nas ações de saúde. Se ficarmos na discussão sobre relaxar o isolamento, tem que isso ou tem que aquilo...  Vamos seguir a orientação da ciência e nos pautarmos pelo pessoal de saúde. É preciso despolitizar. Tem excessos de todos os lados

 

 

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