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Faltam investimentos para a educação infantil em Dourados

Ausência de valorização profissional, formação continuada e outros investimentos acabam se tornando obstáculos para que o ensino de crianças de 0 a 5 anos seja um diferencial na formação escolar

10 Out 2021 - 10h00Por Gracindo Ramos, especial para O Progresso
Profissionais da educação infantil denunciam que Ceims são ‘depósitos de crianças’, e a rede está sem efetivo completo de auxiliares - Crédito: Banco de imagensProfissionais da educação infantil denunciam que Ceims são ‘depósitos de crianças’, e a rede está sem efetivo completo de auxiliares - Crédito: Banco de imagens

Quando o bebê deixa sua casa para frequentar a creche se torna um passo importante para o desenvolvimento dessa criança. Além de ser um espaço que deva proporcionar a socialização para os pequenos, as unidades de ensino infantil também podem ofertar atividades psicomotoras que despertam a imaginação, os movimentos corporais, sensações com sons e música, experiências com desenhos e pinturas, além de diversas outras importantes formas de expressão, como brincadeiras, leitura e contação de histórias. 

Mas a realidade da educação infantil impõe desafios para os educadores também. Há muito tempo que profissionais dos centros de educação infantil do município de Dourados reivindicam melhorias para o ensino infantil e ressaltam que os Ceims não são ‘depósitos de crianças’. Nos últimos anos, as cobranças têm sido por auxiliares de apoio às professoras, para que os pequenos sejam atendidos com segurança e tenham a atenção necessária nas unidades públicas de ensino da cidade.

A professora da educação infantil, Márcia Regina Xixa, que faz parte da direção do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados, avalia que o município vem retrocedendo no atendimento às crianças de zero a cinco anos. “Os Ceims são espaços que possibilitam o desenvolvimento educacional e a sociabilização das crianças. Mas algumas situações dificultam, como a visão de antigamente, em que creche era somente um lugar para deixar os filhos, e que isso era competência apenas da mãe. Na verdade, a vaga é da criança e a família escolhe matricular o filho para oferecer uma formação educacional. E a responsabilidade tem que ser compartilhada.”

De acordo com a docente, o principal desafio das unidades de educação infantil é proporcionar às professoras a possibilidade de desenvolver atividades pedagógicas necessárias para a formação dessas crianças. No entanto, a rede municipal de ensino ainda está sem efetivo completo de auxiliares, o que leva os Ceims a organizarem escalas de atendimento com 50% das turmas por semana. Mas, devido à falta de pessoal e organização, algumas crianças chegam a frequentar apenas uma vez por semana. 

A dirigente sindical também esclarece que apenas um Ceim funciona em período integral na cidade, os demais atendem apenas um período, ou matutino ou vespertino. Muitas turmas também enfrentam superlotação ou crianças de idades diferentes acabam sendo inseridas em uma mesma turma, o que prejudica o ensino. Essas dificuldades, aliadas à falta de valorização dos profissionais, oferta de formação continuada, investimento em infraestrutura, materiais e tecnologias, acabam por se tornarem obstáculos para que a educação infantil seja um diferencial na formação escolar dessas crianças.

Na segunda-feira, 4 de setembro, o vereador Laudir Munaretto (MDB) solicitou à prefeitura informações sobre o Ceim do Parque do Lago I. “Em completo estado de abandono, o local tem servido de abrigo para usuários de drogas e moradores de rua, enquanto há uma fila enorme de crianças que esperam por uma vaga nos Ceims do município”, diz a nota da assessoria parlamentar.

Segundo a Prefeitura de Dourados, a Rede Municipal possui 38 Ceims e quase mil vagas ofertadas em 10 creches conveniadas. Em abril deste ano, a prefeitura divulgou que o município tinha “5.494 vagas ocupadas e 512 disponíveis [nos Ceims), e 10 unidades de educação conveniadas que ainda conta com 987 vagas, caso a Reme ultrapasse seu limite”, dizia a nota. Ainda segundo a divulgação, eram “6.068 vagas próprias e mais 3.003 vagas através das escolas conveniadas”.

Com a pandemia da Covid-19, essa demanda por vagas havia caído, já que as unidades de ensino ficaram fechadas por medidas de segurança contra o novo coronavírus. Ainda em outubro de 2020, as unidades de educação infantil particulares foram autorizadas pela prefeitura a retornarem com atendimento presencial seguindo protocolos de biossegurança, e, de forma gradual, em berçário e hotelzinho, creches e similares. Pelo menos 19 instituições foram autorizadas a funcionar num primeiro momento. Já os Ceims retornaram com atendimento presencial no dia 16 de agosto, assim como toda a rede municipal de ensino.

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