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Presos em MS chefes do tráfico internacional

03 Fev 2016 - 07h00
Delegados da Polícia Federal esclarecem esquema do tráfico de drogas comandado por família em Mato Grosso do Sul. - Crédito: Foto: Hedio FazanDelegados da Polícia Federal esclarecem esquema do tráfico de drogas comandado por família em Mato Grosso do Sul. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
Dois irmãos e dois filhos de um deles, moradores em Ponta Porã e Aral Moreira, eram os responsáveis pelo tráfico internacional de drogas com ramificações em outras cidades de Mato Grosso do Sul e vários Estados do país. O nome deles não foi divulgado pela Polícia Federal em Dourados, responsável pela Operação Matterello, desencadeada ontem. A família foi alvo de investigação em outras operações, porém, não havia provas que os incriminassem como sendo os responsáveis pela organização.


Em coletiva à imprensa na manhã de ontem, na seda da PF em Dourados, o delegado Cleo Mazzotti, da área repressão ao crime organizado, disse que o maior trunfo da operação foi a prisão dos responsáveis pelo tráfico. “Desta vez chegamos aos responsáveis e não aos atravessadores”, disse ele, afirmando que, com a detenção dos principais, o tráfico irá ‘sofrer um baque’.


Foram cumpridos 32 mandados de prisão preventiva em cinco Estados, dos quais 20 pessoas já estão presas, sendo 5 de Aral Moreira e um de Dourados. Todos os detidos atuam como empresários de diferentes ramos. Um dos presos é vereador em Aral Moreira e, segundo o delegado, exerceria a função de intermediário.


Na companhia da delegada Paloma Brígido, de Brasília (DF), e do delegado Dênis Colares, de Dourados, Cleo Mazzotti disse que a quadrilha tinha grande capacidade organizacional e financeira, tanto que tinha atravessadores no Porto de Santos (SP) para facilitar remessa de drogas para a Europa, principalmente à Espanha e Itália.


A sede de todo o esquema do tráfico acontecia em Aral Moreira e Ponta Porã, mas era de Dourados e Campo Grande que partia principalmente a carga de entorpecente. A quadrilha ainda tinha ramificação em Dois Irmãos do Buriti, Cuiabá (MT), São Paulo, Avaré, São Vicente, Taquarituba e Pirajuí, todos em São Paulo, Medianeira no Paraná e Recife, no Pernambuco.


Segundo o delegado, as investigações iniciaram em 2011 e foram até início de 2014, quando foram apreendidas aproximadamente 4 toneladas de maconha e 2,7 quilos de cocaína. Com as apreensões, além de outras provas, como enriquecimento ilícito da quadrilha, a operação foi retomada para cumprir os mandados de prisão.


O levantamento do valor patrimonial de todos os envolvidos, com o objetivo de ‘quebrá-los financeiramente’ ainda está sendo executado. De acordo com a delegada Paloma Brígido, a quadrilha utilizava várias empresas para lavagem de dinheiro, dentre elas casas de câmbio no Paraguai.


Com o dinheiro do tráfico, a família que comanda a quadrilha, segundo a delegada, investiu em comércio de cavalos de raça em Aral Moreira e adquiriu imóveis e carros. Pelo menos 50 veículos foram apreendidos, alguns deles de luxo com valor estimado em até R$ 400 mil.


A droga enviada à Europa chegava com um valor vultoso. A delegada Paloma Brígido diz que o quilo da cocaína, por exemplo, era comercializado entre R$ 60 a R$ 70 mil reais no exterior, garantindo grande retorno à família presa. O entorpecente ia por navio em carga de 150 a 300 quilos da droga. “Era encaminhado por container através de empresas de fachada e de empresas legais, misturados a outras cargas”, acrescenta.
Não foi revelado o nome das empresas participantes no esquema.


O inquérito da operação será finalizado para ser remetido ao Ministério Público, responsável por oferecer denúncia dos envolvidos à Justiça.

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