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Polícia Federal apreende leite vencido na Funai

07 Jul 2011 - 22h30
Famílias indígenas receberam as cestas básicas sem o leite em pó apreendido pela PF - Crédito: Foto: Hédio Fazan/PROGRESSOFamílias indígenas receberam as cestas básicas sem o leite em pó apreendido pela PF - Crédito: Foto: Hédio Fazan/PROGRESSO
Fonte: João Rocha


DOURADOS – Depois que O PROGRESSO denunciou que a Fundação Nacional do Índio de Dourados estava distribuindo pacotes de leite em pó com prazo de validade vencido, inclusive muitos deles roídos por ratos, oferecendo sérios riscos à saúde dos indígenas da Aldeia Bororó, agentes da Polícia Federal, que estão atuando na Operação Tekohá, estiveram na sede do órgão onde apreenderam mais de 700 pacotes do produto e ouviram depoimento da coordenadora regional da Funai, Maria Aparecida Mendes e de um funcionário que é encarregado pelo distribuição das cestas básicas.

O delegado Alexandre Fresneda, que acompanhou a diligencia, disse que depois de receber a denúncia, foi com uma equipe até o prédio do órgão e pediu que a coordenadora regional da Funai acompanhasse a fiscalização.
Durante a vistoria os agentes constataram que todos os sacos de leite em pó estavam com o prazo de validade vencido.

O local foi fotografado e todo produto apreendido. “Pegamos cinco amostras do leite que serão analisadas pela perícia. Se o laudo constatar que o produto estava impróprio para o consumo, fica então caracterizado o crime contra a saúde pública. A partir de então deverá ser aberto um inquérito para apurar quem são os autores que deverão ser responsabilizados”, explicou.

O delegado informou ainda que a Polícia Federal encaminhou ofícios ao Procurador da República e também para a Funai de Brasília-DF. “Esses são os órgãos competentes para analisar se houve falha administrativa ou crime de improbidade, por parte da coordenação do órgão, no município, já que trata-se de alimentos possivelmente adquiridos com recursos públicos”, salientou Fresneda.

O produto apreendido seria entregue ontem, à tarde, para famílias da Aldeia Jaguapiru. A entrega das cestas básicas ocorreu em frente a escola Tengatuí Maragantu, no entanto sem o leite em pó com prazo de validade vencido.
No momento da entrega uma nova denúncia, contra a Funai, foi feita por indígenas. Dona Nilce de Souza, que tem uma filha deficiente de 18 anos, disse que outro item da cesta básica estaria impróprio para o consumo.

O feijão. A índia, da etnia Guarani, afirma que o feijão que recebeu na última cesta básica, entregue pelo órgão, não cozinhou. “Esse é igual o que recebi da vez passada, com certeza não vai cozinhar também. O problema é que o médico da minha filha disse que ela está com anemia aguda e corre o risco de virar leucemia. O feijão é um item importante na alimentação dela”, desabafa a indígena.

O feijão entregue pela Funai, é embalado em um saco plástico amarrado na ponta, que não possibilita a identificação do prazo de validade do produto. Na quarta-feira, durante visita ao galpão do órgão, a reportagem constatou que existem dezenas de sacos, do produto, empilhados. A reportagem também constatou que o prazo de validade do macarrão, entregue dentro das cestas básicas, espira no próximo dia 19, ou seja, daqui 11 dias.

INVERNO

A reportagem publicada ontem, por esse jornal, informou que em pleno inverno, onde a queda de temperatura foi brusca, inclusive com registro de geada, foi constatado centenas de cobertores e mantas empilhadas no galpão da Funai.

Ontem, durante a entrega dos alimentos, o órgão acabou distribuindo um “kit inverno”, com três mantas e dois cobertores, aos índios da Aldeia Jaguapiru. No entanto as famílias da Aldeia Bororó, não receberam cobertores, na última terça-feira, quando o órgão entregou as cestas, naquela localidade.

A coordenadora regional da Funai Maria Aparecida Mendes informou que o órgão já realizou entregas desses produtos nas Aldeias Jaguapiru e Bororó e que não havia entregado o restante por falta de condições.

OUTRO LADO

Na ocasião, a chefe regional do órgão confirmou que sabia que o leite em pó estava vencido e mesmo assim ordenou a entrega, porque recebeu a informação de uma pessoa de que o produto poderia ser consumido até um mês após o vencimento.

Quanto ao fato de vários pacotes apresentarem furos causados por ratos, a chefe do órgão confirmou que vários deles chegaram a ser retirados de cestas por terem sido comidos por ratos. “Nós pegamos os produtos abertos e doamos para criadores de porcos. A Funai procurou retirar todos os que tinham sido roídos e fizemos a detetização do prédio”, explicou.

Para justificar as falhas, Maria Aparecida denunciou que a Funai de Dourados está sucateada e faltam funcionários para ajudar na separação dos alimentos. “O órgão não conta com o mínimo de estrutura. Para fazermos as separações, sempre precisamos contar com a ajuda de voluntários”, disse a chefe regional.

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