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Motoclubes de MS cobram combate ao cerol e linha chilena

05 Set 2019 - 10h21Por Valéria Araújo
Vítima da linha chilena diz que só não perdeu a vida porque foi protegido por Deus - Crédito: Marcos RibeiroVítima da linha chilena diz que só não perdeu a vida porque foi protegido por Deus - Crédito: Marcos Ribeiro
Motoclubes de Mato Grosso do Sul se uniram declararam “guerra” contra o cerol e linhas chilenas nas pipas. Em Dourados, motociclistas procuraram apoio da Câmara Municipal para demonstrar a indignação sobre a pouca efetividade das leis estaduais e municipais que proíbem o comércio e uso desses produtos. 
 
De acordo com o motociclista e advogado Washigton Luiz Alves da Silva as cenas de mulheres, crianças e muitos jovens gravemente feridos e em alguns casos até mortos em acidentes com linha de pipa com cerol, têm horrorizado motociclistas e ciclistas de Dourados. “São registros horríveis de cortes em faces, pescoços, braços, mãos e que em alguns casos terminam em mortes, quando envolvem motociclistas que são derrubados ao chão ou colidem diretamente com outros carros em razão da violência do choque com a linha chilena (linha de pipa com cerol)”, destaca.
 
Segundo os motociclistas, a falta de uma fiscalização eficiente nos estabelecimentos comerciais, e nos bairros, leva à oferta da linha chilena como opção mais eficiente de corte às linhas envolvidas com cerol artesanal. “Muitas pessoas são vistas brincando com pipas as quais estavam claramente utilizando a linha chilena, pois realizavam “batalhas aéreas” cortando linhas de oponentes.  Diante de casos que estão acontecendo de pessoas feridas no Brasil, os motoclubes estão propondo uma mobilização da comunidade douradense para a realização de atos de esclarecimento e educação”.
 
Os motoclubes buscam apoio das autoridades legislativas, administração pública, segurança pública, Poder Judiciário para a construção de estratégias de ações sociais na comunidade douradense. Também propõem alianças com sindicatos de moto taxistas, moto boys, associações e grupos de ciclistas amadores e esportivos, entre outros, para abraçarem a causa do combate ao uso de linha chilena (linha com cerol).
 
Conforme Washigton Luiz atos e eventos públicos festivos com finalidade educacional, terão a participação dos motociclistas e triciclistas como voluntários garantida.
 
“Os diversos clubes de motociclistas e triciclistas põem-se à disposição para a realização de serviços voluntários de esclarecimento nossa cidade. Sugerem ainda que o Poder Legislativo municipal reveja a norma existente sobre o tema e construam uma legislação mais abrangente, com o estabelecimento de uma Política pública mais eficiente e regras de prevenção, educação, fiscalização e repressão mais forte e eficaz do que a atual. Esperam ainda reduzir e até eliminar o uso da linha chilena, uma perigosa arma utilizada como brincadeira por crianças e adolescentes”, disse. No mês passado os motociclistas se reuniram com o vereador Marcelo Mourão.
 
Sobrevivente 
 
O mecânico de moto Deivinson Cabrini Melo é uma vítima da linha chilena. No ultimo dia 18 ele levou um susto ao passar pela Rua Antônio Emílio de Figueiredo, nas proximidades do parque Antenor Martins. “O semáforo estava aberto e ao passar pela via me deparei com a linha. Eu freei e tentei  proteger meu rosto com a mão. Senti um ardor e tentei proteger o meu pescoço. A sorte é que eu estava numa velocidade baixa. Motoristas que estavam vindo atrás perceberam o ocorrido, me ajudaram e recomendaram que eu relatasse o ocorrido na Guarda Municipal. Foi o que fiz”, destacou.
 
Por sorte, a linha causou ferimentos leves na mão da vítima, porém cortes profundos são visíveis na luva da motocicleta dele e na carenagem. “Foi assustador. Quando eu vi a linha estava pendurada no semáfaro.  Se eu estivesse desatendo olhando para o lado a linha tinha pegado no meu pescoço. A sorte que eu freei e ai eu consegui desviar. Mas mesno assim a linha enrolou na roda, na frente da moto. Uma simples linha poderia ter tirado minha vida. Foi por Deus que não aconteceu algo de mais grave”. 
 
Apreensões 
 
Em Dourados, a  Guarda Municipal tem feito apreensões de linhas chilenas e cerol como medida preventiva para evitar acidentes. Nos primeiros dias de agosto, cerca de 10 casos foram registrados. Os envolvidos, geralmente adolescentes e responsáveis foram orientados sobre os riscos desse material, que foi recolhido para sede da corporação. 
 
De acordo com a GM, acidentes envolvendo usuários de pipas e terceiros que transitam pelas localidades, tornam-se fatos recorrentes nesta época do ano, onde a intensidade dos ventos estimula a prática. Porém, conforme a GM, é algo que pode ser evitado. A Guarda orienta que o usuário deve sempre procurar a utilização da linha específica para a prática da brincadeira, e de forma alguma passar “cerol” na linha ou utilizar linhas cortantes como as famosas “ linhas chilenas”. A Guarda Municipal de disponibilizou serviços telefônicos para atender denúncias de possíveis infratores, através dos números 199, 153 ou 3424-2309. 
 
Legislação 
 
Em Dourados, uma lei de autoria do vereador Olavo Sul (Patriota) proibe a utilização de cerol ou qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas. Ela está em vigor desde 2017, mas não “saiu” do papel porque a Prefeitura precisa regulamentá-la. Trata-se da lei nº 4.140, de 06 de dezembro de 2017, que prevê ainda que o estabelecimento que for pego comercializando qualquer que seja o produto, poderá receber multa de meio salário mínimo ou até ter o seu alvará de localização e funcionamento cassado.
 
Segundo o texto, em relação ao usuário do produto, fica estabelecido que ele pode receber multa de meio salário mínimo, além de responder civil e criminalmente pelos danos físicos ou materiais que possam vir a acontecer com terceiros. Caso o usuário seja menor de 18 anos, os pais ou responsável legal responderá pelos atos do menor infrator.
 
Ao O PROGRESSO, o vereador Olavo Sul disse que tem cobrado providências da Procuradoria da Prefeitura e da Guarda Municipal para que a lei seja de fato regulamentada. “Nosso intuito é prevenir acidentes e também respaldar os trabalhos de fiscalização que são feitos em nossa cidade”, destaca.   
 
Em âmbito estadual a lei 3.436, de 19 de novembro de 2007, proíbe o uso de cerol ou outros materiais cortantes em linhas de pipas e similares em todo Mato Grosso do Sul, e ainda prevê a aplicação de multa e responsabilização. Já a lei 5.111/2017 proíbe a venda da linha chilena. Além disso, está previsto no código penal, artigo 129, o crime de lesão corporal.
 
Cerol e linha chilena 
 
O Cerol é uma mistura de cola de madeira com vidro moído que é utilizado para cortar linhas de pipas. São utilizados também variações de pó cortante, o mais comum é o pó de ferro, que  pode conduzir eletricidade quando toca nos fios de alta tensão provocando choques elétricos e riscos de morte ao usuário.
 
Linha Chilena é feita com Oxido de alumínio e outros materiais abrasivos, através de um processo mecanizado a quente. A linha fica bem mais forte com este processo. Primeiro passa-se a linha na cola quente, depois passa pelo abrasivo.
 
 
 

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