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Maior facção criminosa da Venezuela têm célula do tráfico em Dourados

24 Fev 2020 - 09h59Por Valéria Araújo
Denuncia é da comunidade venezuelana, que assegura que maioria é honesta - Denuncia é da comunidade venezuelana, que assegura que maioria é honesta -

Membros que atuavam na maior facção criminosa da Venezuela, a Pranato, estariam operando no tráfico de drogas em Dourados. De acordo com informações apuradas pelo O PROGRESSO, a “célula” já conta com cinco principais integrantes. Eles estariam atuando em duas principais “bocas de fumo” em bairros como o Jardim Márcia e Jóquei Clube. Outros 25 nomes de criminosos, que pertenciam a outras organizações, foram identificados.

A suspeita é que ao chegarem em Dourados, sem emprego e renda, teriam sido aliciados e passaram a atuar em organizações criminosas, que operam o tráfico na fronteira. O PROGRESSO apurou que recentemente um grupo de imigrantes que estava em Indápolis foi abordado por pessoas que se identificaram como membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e ofereceram “trabalho” na organização com salários que passam de R$ 7 mil ao mês. Depois disso, seis refugiados que até então, estavam empregados, pediram demissão. Com pagamento atrativo e condições “favoráveis”, já que Dourados é o principal corredor do tráfico da américa latina, os imigrantes que vivem em condições precárias e precisam conseguir dinheiro para trazer o restante da família, se tornam iscas fáceis. 

Segundo as denúncias, além da Pranato, o grupo identificado em Dourados agia em outras duas grandes facções, sendo elas com características de extrema violência. Os membros atuariam em execuções e narcotráfico. Conforme ainda os denunciantes, o fato é preocupante porque pode gerar um aumento nos índices de criminalidade local.

De acordo com os relatos ao O PROGRESSO, o grupo de criminosos ainda não tem um líder, ou o que eles chamam de “Pran”, o chefe da organização. A forma de operar ainda seria de forma tímida em Dourados. Porém o temor é que passem a  fazer como na Venezuela, “tocando o terror”. “Há cidades que registram média de 10 a 15 execuções por semana por essas facções”, disse denunciante que por questões de segurança não será identificado nessa reportagem. 

O grupo atuante em Dourados foi identificado pela própria comunidade Venezuelana que reside no município. As famílias asseguram que a maior parte dos imigrantes é formada por pessoas de bem e que querem recomeçar a vida de forma honesta. A motivação da denúncia é que além de não serem coniventes com a situação, ele temem que por causa dessa quadrilha todo o povo venezuelano, que vive em Dourados passe a sofrer preconceito.

Entrada facilitada e perda de controle

Por ser uma operação de socorro a refugiados que saem do País para sobreviver à crise política, econômica e social do país de origem, a entrada no Brasil é facilitada. Os imigrantes apresentam documento de refúgio, apenas, que solicitam na Polícia Federal para garantir o Visto Temporário de 2 anos. O problema é que o governo brasileiro não estaria chegando os antecedentes criminais das pessoas que entram no País, devido a política humanitária. Muitos nem entram pela Operação Acolhida por rotas alternativas chegando pela Bolívia e Paraguai por exemplo. Já no Brasil eles estão migrando entre os Estados, fazendo com que as autoridades brasileiras não tenham o controle sobre essas pessoas.  A única forma de identificação será daqui dois anos, quando terão que renovar o visto temporário.

Em Boa Vista, Roraima, são recepcionados pela Operação Acolhida do Exército Brasileiro, que auxilia na emissão dos documentos pessoais como o CPF e na interiorização. As quatro primeiras caravanas de refugiados que chegaram em Dourados tinham até emprego garantido.  Depois disso, outros oito grupos que vieram, não tiveram a mesma sorte. Hoje são cerca de 2 mil venezuelanos, muitos vieram por conta própria, sem emprego e passando por dificuldades; a maioria vivendo de bolsa família ou da ajuda de igrejas, segundo relatos que chegaram ao O PROGRESSO.

Desemprego

Recentemente O PROGRESSO apurou que duas situações que precisam ser consideradas. A primeira é que a grande maioria não tem qualificação básica para o mercado de trabalho e quem tem qualificação, como alguns engenheiros que aqui chegaram acabam sendo “explorados” com vencimentos que não chegam a um salário mínimo para sustentar toda a família. Em levantamento a agência da ONU revela que 59% desses refugiados e migrantes estão sem trabalho. Um em cada três tem dificuldade em ter o que comer. 

 

Pranato

Em outubro do ano passado 30 venezuelanos foram detidos sob a suspeita de estarem traficando drogas em Roraima junto ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo as investigações, os suspeitos pertencem à maior facção da Venezuela, chamada Pranato, e agiam em Pacaraima, cidade roraimense que faz fronteira com o país vizinho. Conforme reportagem do Uol, o Pranato surgiu dentro do sistema carcerário venezuelano. Fora das prisões, os integrantes da organização criminosa estão ligados ao tráfico de drogas, de armas, extorsões, assassinatos e ao esquema de tráfico de pessoas para imigração ilegal.

“Há relatos de cobrança de valores para auxiliar na travessia da fronteira brasileira, sobretudo no período em que a barreira de ligação entre os dois países foi fechada, entre os meses de abril e maio passados. A facção cobraria até US$ 1.000 (pouco mais de R$ 4.000) para garantir a entrada de venezuelanos no Brasil. Um relatório do OVP (Observatório Prisional da Venezuela) de 2017 revela problemas nas prisões do país: superlotação, deterioração dos prédios, falha na classificação dos presos, falta de serviços vitais básicos e posse e tráfico de armas e drogas pelos presos”, diz trecho da reportagem.

Sejusp

O PROGRESSO procurou a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado de Mato Grosso do Sul, que disse não ter informações a respeito da suposta atuação de membros de facção criminosa atuando em Dourados. 

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