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Justiça marca primeira audiência com réus da Operação Purificação

Depoimentos de acusados e testemunhas serão coletados no dia 12 de fevereiro na 2ª vara federal em Dourados

17 Jan 2020 - 19h30Por Valéria Araújo
Preso desde o dia 06 de novembro, Renato Vidigal tem buscado responder o processo em liberdade, mas sem sucesso - Crédito: DivulgaçãoPreso desde o dia 06 de novembro, Renato Vidigal tem buscado responder o processo em liberdade, mas sem sucesso - Crédito: Divulgação

A Justiça Federal marcou a primeira audiência para ouvir réus e testemunhas da Operação Purificação, desencadeada pela Polícia Federal, Ministério Público e Controladoria Geral da união, que levou para a cadeia o ex-secretário de Saúde de Dourados Renato Vidigal. Será no dia 12 de fevereiro na 2º Vara Federal em Dourados. Réu e testemunhas, tanto de defesa e acusação serão interrogadas. Os depoimentos servirão de base para a condenação ou absolvição dos acusados.

Preso desde o dia 06 de novembro, Renato Vidigal tem buscado responder o processo em liberdade, mas sem sucesso. No último dia 17 de dezembro, o ministro Nefi Cordeiro, relator da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, negou o pedido de habeas corpus feito pela defesa do médico.

Ele foi denunciado à Justiça Federal em Dourados pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul junto com outras quatro pessoas acusadas de desviar recursos públicos destinados à aquisição de alimentação hospitalar para pacientes internados e acompanhantes entre os anos de 2017 e 2018.

Perícia

A Polícia Federal de Dourados já tem cinco aparelhos de telefone celular modelo Iphone que pertenceriam ao ex-secretário de Saúde. Quatro dos aparelhos foram apreendidos durante a prisão de Renato, enquanto o 5º foi recolhido por agentes penitenciários entre as roupas dele na cela onde se encontrava.  

Ao O PROGRESSO o delegado Dênis Colares Araújo disse que há fortes indícios de que Vidigal estaria interferindo nas investigações. As suspeitas poderão se confirmar ou não após a perícia nos aparelhos do ex-secretário, que após o flagrante foi encaminhado para cela disciplinar onde permanecerá por 10 dias e não poderá receber visitas.

Operação

Vidigal foi preso na Operação Purificação da Polícia Federal, acusado de desvios de mais de R$ 500 mil. As apurações tiveram início a partir de denúncias de fraudes em licitações, com direcionamento a empresas vinculadas a agentes públicos da Secretaria de Saúde. Em trabalhos de fiscalização, os auditores da Controladoria Geral da União também detectaram irregularidades em contratações com recursos do SUS na área de alimentação hospitalar, de transporte de pacientes e de uso de software de gestão. Os contratos sob investigação perfazem um total de R$ 3.509.814.

Consta nos autos que o esquema aparentemente chefiado pelo ex-secretário Renato Vidigal, teria cometido várias fraudes para “manipular” e vencer a licitação, ao ponto de tornar vencedora uma empresa de fachada, extinta desde 2014 e que seria do ex-secretário em sociedade de Rafhael Henrique Torraca Augusto diretor financeiro da Secretaria de Saúde, na época dos fatos (2017).

Um “laranja” apontado como pertencente ao grupo, assinava como proprietário da empresa. Rafhael e Vidigal foram presos na Operação Purificação, desencadeada pela Polícia Federal no último dia 6 e encontram-se na Penitenciária Estadual de Dourados. Ambos tentaram o habeas corpus essa semana mas tiveram o pedido negado pelo Judiciário.

Outros três servidores da Saúde foram apontados no esquema, segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público. Conforme as investigações, os acusados se uniram “com a finalidade de fraudarem o processo de licitação, afastarem licitante, e, ato contínuo, desviarem recursos financeiros, oriundos de tal contratação”. O  recurso que custeava, na época, os serviços de alimentação nos hospitais saíam do fundo destinado a manter atendimentos da alta e média complexidade, que são serviços que envolvem atendimentos especializados e de alto custo no Sistema Único de Saúde.

Conforme inquérito, a suposta organização criminosa teria fraudado o processo de licitação 022/2017 e o pregão presencial 06/2017 para a escolha da fornecedora. Para isso os então servidores públicos teriam utilizado os dados cadastrais de empresa Marmiquente Comércio de Bebidas e Alimentos LTDA-ME, que ainda não estava em efetivo funcionamento, com o uso de declarações falsas.  Conforme os autos, integrante do grupo teria procurado os antigos proprietários da empresa e teria negociado  a utilização do registro do CNPJ, que permanecia ativo, além da razão social, ambos utilizados de forma indevida nos processos de licitação em investigação. Em depoimento, o ex-proprietário declarou que até 2017 a empresa permaneceu fechada, no entanto, atestados de “boa prestação” de serviço foram declarados ao processo de licitação para atender critério de edital que exigia a comprovação de experiência de atuação no mercado. As respectivas declarações davam conta de bons serviços prestados pela empresa nos anos de 2015 e 2016, anos que a marmitaria estava desativada.

O fato chamou atenção do Ministério Público Federal que indagou as empresas que assinaram o documento. Na ocasião disseram que entenderam se tratar de um restaurante que já teria prestado serviço a eles e que era vinculado a uma das integrantes da suposta organização criminosa. Esse mesmo restaurante e outra empresa forneciam, segundo as investigações, as marmitas para a Marmiquente, já que ela não estava em pleno funcionamento. Em outras palavras, a empresa comprava marmitas de outras e repassava para os hospitais públicos. Segundo as investigações as marmitas eram compradas por R$ 9, valor bem abaixo do contratado com a Funsaud que era de R$ 13 e R$ 14, o que para o Ministério Público Federal evidencia um possível superfaturamento no valor das marmitas comercializadas pela Marmiquente.    

Fraude em documentos

Conforme a investigação apurou, a aquisição da empresa a partir de 2017 se deu exclusivamente para o atendimento dos contratos administrativos firmados com a Funsaud. O MPF apurou que a estruturação da empresa aconteceu apenas após a assinatura do contrato com o sérvio público em 14 de março de 2017, sendo que o prédio locado para as atividades da empresa só se deu dois dias após o contrato, bem como o fornecimento de energia elétrica (23 de março) e água (24 de março de 2017). Até mesmo o alvará sanitário teriam sido entregues a Funsaud após assinatura do contrato.

Segundo as investigações, o fato da falta regular de funcionamento da Marmiquente desde 2014 deveria impedir sua participação na licitação, assim como a exigência de capacidade técnica. Mesmo sabendo das clausulas impeditivas, membro da organização utilizou os dados cadastrais do registro no CNPJ, como se a empresa estivesse em efetivo funcionamento e com estrutura adequada para o imediato atendimento dos serviços contratados por meio da licitação. Além disso apresentou documentos falsos particulares contendo declarações falsas a fim de comprovar a capacidade técnica da empresa.

Nos autos também consta que o grupo teria oferecido vantagem para que outra empresa não participasse do processo. A concorrente teria entregue cotação de fornecimento de alimento de alimentação à Funsaud, mas que apesar de estar próxima ao local da licitação, não compareceu e estranhamente desistiu de participar.

 

 

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