Delegada Paula Oruê, conduz as investigações sobre a morte da criança indígena. - Crédito: Foto: Hedio FazanO caso foi descoberto na quinta-feira quando o Conselho Tutelar recebeu a denúncia de uma criança ter dado entrada em estado grave no Hospital da Missão Caiuá, localizado na Reserva Indígena, de Dourados. A Polícia Civil foi comunicada e o caso passou a ser investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM).
Devido a gravidade, a menor foi encaminhada ao Hospital da Vida, porém não resistiu aos ferimentos. Foi constatado que a menina estava com a canela e o maxilar fraturados e tinha sinais de abuso sexual no ânus e na vagina. Além disso, havia sinais de espancamento pelo corpo e queimaduras nas partes íntimas.
Os policiais conseguiram prender os tios da menina ainda no mesmo dia. Segundo a delegada Paula Ribeiro dos Santos Oruê, da DAM, o casal aparentemente se preparava para fugir quando foram detidos. Até dezembro do ano passado a criança estava num abrigo da cidade, até ser encaminhada para guarda dos tios. A mãe biológica havia sido presa na época e segundo indígenas já estaria em liberdade, porém não voltou para a aldeia. Não há informações sobre o pai.
A tia acusada de espancamento disse à delegada que batia na criança com a intenção de educar porque a menina insistia em fazer as necessidades nas calças. Porém, negou espancamento, alegando os hematomas no corpo da criança em razão de um tombo de bicicleta no domingo. Quanto às queimaduras, segundo a delegada, a mulher argumentou que a menina teria se ferido depois de se esbarrar numa chaleira com água que estaria sendo fervida para o café. O marido dela, também confirmou as informações, mas teve divergência ao confirmar a data do suposto acidente de bicicleta e da queimadura.
O casal tem outros filhos, todos menores. Os policiais falaram com uma das crianças que confirmou as agressões e ainda apontou que a mãe utilizava uma escova de lavar roupa para "limpar" a menina quando fazia necessidade nas calças. "A tia confirmou que teria usado a escova uma só vez, mas há suspeita que possa ter ocorrido em outras ocasiões", acredita a delegada.
A versão dos tios sobre o tombo de bicicleta e logo em seguida sofrer o acidente com a chaleira, não convenceu os policiais. "Isso não é possível, pois no hospital constatamos que a fratura na perna impedia a menina de andar", explica a delegada.
A Polícia Civil fez exame de corpo e delito nos demais filhos do casal e não constatou nenhum sinal de abuso ou violência. As crianças foram entregues à guarda da avó, já que os pais foram presos. Ainda ontem o Conselho Tutelar iniciou um trabalho para identificar se avó tem condições de assumir e educação dos netos.
Os tios foram presos em flagrante acusados de tortura com resultado de morte e por estupro de vulnerável. Eles estão detidos na delegacia do 1º Distrito Policial.
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