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Avó sequestra neto que está sob guarda

02 Fev 2011 - 13h35
Pais adotivos estão desesperados com o sequestro do filho de dois anos - Crédito: Foto: Hedio FazanPais adotivos estão desesperados com o sequestro do filho de dois anos - Crédito: Foto: Hedio Fazan
DOURADOS – O casal indígena Vicente Isnarde e Juliana Cabreira Isnarde tiveram o filho adotivo de 2 anos raptado. A acusada é a avó da criança, Valdelice Cavalheiro de Lima. O fato ocorreu no último sábado, na casa do casal. Ainda não se sabe o paradeiro da criança, mas a suspeita é de que ela esteja na companhia da avó em aldeias da região de Dourados.

Vicente, vigilante, e Juliana, artesã, tem a guarda da criança desde dezembro de 2009, expedida pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Dourados, Zaloar Murat Martins. Conforme Juliana, o sequestro aconteceu na tarde de sábado quando ela estava na companhia da cunhada em casa. “Eu estava como menino (nome preservado) no quintal quando percebi pessoas estranhas. Foi aí que presenciei a avó do garoto [Valdelice]. Ela veio em minha direção com uma faca, junto com outras três pessoas. Enquanto isso uma mulher com capuz na cabeça pegou o menino”, relata a mãe adotiva.

O casal teme pela saúde da criança, já que ela é frágil devido o nascimento prematuro (7 meses). De acordo com Vicente, a mãe biológica da criança chegou morta no hospital para dar à luz. Ao nascer, o menino foi morar com a avó.

“Pelo que fiquei sabendo junto a Funai e assistentes sociais, a criança vivia em estado de abandono, sem cuidado nenhum”, relatou, acrescentando não conhecer a família do garoto. “Foram sete a tentativa de reinserção do menino junto à família [avó], mas todas elas não deram certo”, acrescenta. O pai biológico e a avó, teriam problemas com álcool.

Juliana apela para que indígenas que souberem do paradeiro da criança entrem em contato com ela e o marido ou lideranças das aldeias, bem como a Funai. “Ele tem problemas de saúde, é alérgico a vários tipos de comida, principalmente a açúcares”, diz a mãe adotiva. O casal acredita que Valdelice tenha fugido com o menino para aldeias da região de Dourados, já que na Jaguapiru, local onde mora em Dourados, não está.

#####SOFRIMENTO

Na tarde de ontem o casal recebeu O PROGRESSO para contar um pouco da história de vida e denunciar o sequestro do filho. Família simples, eles moram numa pequena casa de madeira às margens da rodovia MS-156, entre Dourados e Itaporã. Casados há dez anos, Juliana tentou engravidar, mas nunca conseguiu. Foi aí que procurou a Fundação Nacional do Índio (Funai) e se cadastrou para a adoção.

“Por cinco anos fiz tratamentos e nunca tive a oportunidade de ter um filho. Como sei que tem muitas crianças indígenas em situações críticas, decidi com o meu marido adotar uma delas”, disse Juliana. Desde 2005 eles tentavam a adoção.

Em outubro de 2008 veio a boa notícia. “A assistente social do Fórum procurou a gente, junto com a Funai. Foi o dia mais feliz da minha vida”, relata Juliana, que aguardava ansiosa adotar uma criança indígena. O casal também tem a guarda de uma menina de 5 anos, filha de uma prima.

A artesã Juliana não consegue tirar da cabeça a trágica cena do sequestro. “Depois de tanta batalha para adotar a criança, a avó vem e a tira de meus braços. É como se um pedaço de mim fosse arrancado”, disse a lágrimas. O pai adotivo Vicente garante que o casal cuida do menino como um filho biológico. “Ele tem a cama dele, os brinquedos e recebe muito carinho. É nosso filho”, diz o pai.

#####FUNAI

A coordenadora da Funai em Dourados, Maria Aparecida Oliveira, disse ao O PROGRESSO que uma equipe da assistência social esteve ontem nos locais que a família suspeita para onde a avó tenha fugido – acampamento Curral de Arame, Laguna Caarapã, e numa aldeia em Aral Moreira. Também foi mantido contato com lideranças das aldeias da região sul do Estado e com a Funasa. A Polícia Civil também investiga o caso. O casal fez Boletim de Ocorrência.


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