Cacique Marcos Veron morto em janeiro de 2003 - Crédito: Foto: arquivo/PROGRESSO
CAMPO GRANDE - O julgamento dos três acusados pelo assassinato do cacique guarani-kaiowá Marcos Veron, ocorrido em janeiro de 2003 em Juti, no interior de Mato Grosso do Sul, acontece na próxima segunda (21), em São Paulo. A pedido do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal do Júri foi transferido de MS para SP para garantir a imparcialidade dos jurados e evitar que a decisão sofra influência social e econômica dos envolvidos no crime.Pelo MPF, participam do julgamento, no Fórum Jarbas Nobre, na capital paulista, os procuradores da República Marco Antônio Delfino de Almeida, de Dourados, Rodrigo de Grandis e Marta Pinheiro de Oliveira Sena, de São Paulo, além do procurador regional da República Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.
O julgamento é considerado histórico pois é a primeira vez que acusados pela morte de um indÃgena em Mato Grosso do Sul vão para o banco dos réus. Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde são acusados de homicÃdio duplamente qualificado por motivo torpe e meio cruel, tortura, seis tentativas qualificadas de homicÃdio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha. Outras 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime.
O júri foi suspenso em maio do ano passado, depois que o MPF abandonou o plenário, em protesto contra a decisão da juÃza Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Federal (SP), que iria designar intérprete apenas para os Ãndios que não falam português. Para o MPF, o fato de um indÃgena compreender o que é perguntado não significa domÃnio completo do idioma e do universo simbólico que ele representa. Além disso, a ordem para que os Ãndios falem apenas Português, sem auxÃlio de intérprete, viola convenções internacionais e a Constituição Federal.