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Pe. Crispim Guimarães

Uma Olimpíada de Graças

12 Ago 2016 - 09h36
Uma Olimpíada de Graças -
"O mundo vive um contágio de ódio, repetindo o filósofo: ‘o contágio é muito perigoso nas multidões, você imita o perverso ou o odeia’ e diz Anne Frank, de 13 anos, vítima do holocausto: ‘o que foi não pode ser desfeito, mas podemos prevenir para que não aconteça novamente’, esta é a consciência despertada na Jornada Mundial da Juventude, JMJ" (Pedro Chaves, 18 anos, diante de Auschwitz).


Durante 15 dias vivi, com mais 96 pessoas da nossa região, uma verdadeira maratona espiritual, onde a emoção e a superação estavam na ordem do dia. Numa peregrinação é possível contemplar as belezas dos lugares, especialmente os religiosos, mas a dinâmica da oração e da contemplação dos fatos, dos lugares "santos", é predominante no itinerário.


Rumo à JMJ, em Cracóvia, fizemos várias paradas. Na cidade eterna, Roma, fizemos uma procissão pela cidade do Vaticano, entrando na grande Basílica de São Pedro. Algo foi perceptível ao nosso grupo, os que nos viam rezando e compenetrados, olhavam-nos admirados e fotografavam os mínimos gestos, os nossos observavam que a maioria estava visitando um lugar turístico, mais que um lugar religioso, de tal modo, admirava-se com as orações num lugar tão apropriado.


Passamos em Assis, terra de São Francisco, e Pádua, onde está sepultado Santo Antônio. Nas partilhas diárias, salientava-se que nestes locais, as celebrações estavam sempre cheias, o que naturalmente remetia ao testemunho destas grandes figuras do cristianismo, que 800 anos depois, atraem para Cristo uma multidão oriunda de todo o mundo. São lugares, constatavam os jovens, que transpiram Deus.


Na cidade de Veneza, até a Basílica de São Marcos, caminhamos aproximadamente 3km, o fizemos cantando, tocando e dançando músicas religiosas, milhares de pessoas pararam para fotografar, aplaudir e dançar conosco, isto gerava uma alegria naqueles turistas que pareciam andar sem rumo, a fotografar até os pombos. Por outro lado, os nossos tinham uma disposição e alegria contagiante. Finalmente deixamos a Itália, passando pela bela cidade de Viena, na Áustria, e na República Theca, para depois entrarmos em terras polonesas.


O país do criador da Jornada da Juventude, João Paulo II, revela, nos mais variados monumentos, igrejas, etc., o quanto este homem marcou seu povo, para muitos é a personalidade mais importante de sua história, esta marcada por 1050 anos de catolicismo. Cracóvia foi o centro da nossa peregrinação, para lá acorreram mais dois milhões de jovens, com o intuito de encontrar Jesus Cristo.


Dois eventos, dentre outros, provocaram questionamentos e desejos de renovação, a vigília com o Papa na noite de sábado para o domingo, quando no Campo da Misericórdia, uma antítese do Campo de Concentração de Auschwitz, dois milhões de jovens se prostaram em Adoração ao Santíssimo Sacramento, num silêncio, que nem mesmo na Catedral onde trabalho, consigo perceber nas missas com apenas mil pessoas. O Papa Francisco lembrou que num mundo violento, os cristãos são recordados que o ódio não se vence com o ódio, mas com o amor. Chamou atenção ainda para uma sociedade que está com paralisia, impedindo a cultura do encontro, da amizade, onde se perdeu o gosto de sonhar juntos, de caminhar com os outros. Nela, basta um bom sofá, onde se assisti as desgraças do mundo como se nada tivesse a ver conosco. Quem vive assim não sonha, não age. "O tempo que hoje estamos a viver não precisa de jovens-sofá, mas de jovens com sapatos, ainda melhor, calçados com as botas" da missão, ressaltou o pontífice.


Na missa de encerramento para milhões de pessoas, depois de uma bela noite de sono a céu aberto, de muitas canções, testemunhos, experiências, novamente Francisco, dirigiu-nos estas palavras: "Jesus quer fazer parte dos ‘chats’ diários e tornar o Evangelho o ‘navegador’ pelas estradas da vida". Refletindo a partir da figura bíblica de Zaqueu (Lucas 19), o Papa lembrou aos jovens que a memória de Deus não é um disco rígido que grava e armazena os dados, mas um coração rico de compaixão, que quer eliminar todos os vestígios do mal. "Tentemos, também nós agora, imitar a memória fiel de Deus e guardar o bem que recebemos nestes dias". É o que desejamos oferecer como presente aos nossos familiares, comunidades, ambientes de trabalhos e acadêmicos.


Pároco da Catedral de Dourados, MS. e-mail: [email protected]

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