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Jussara Martins C. de Oliveira

Uma mera percepção acadêmica?

26 Abr 2016 - 06h00
Uma mera percepção acadêmica? -
Estou REALMENTE muito triste com o rumo da nossa democracia visivelmente mais oligárquica que nunca. Aliás, esta uma velha conhecida, até que um dia conseguimos mudar essa realidade!


E pensar que é uma democracia tão jovem!!! E no entanto, a mais longa de nossa história repleta de golpes e contragolpes...


Grandes mestres constitucionalistas afirmam que o cidadão brasileiro nunca soube o que venha a ser DEMOCRACIA, pois "nunca teve mesmo uma noção clara", por ser ela uma aspiração das elites políticas. Esse povo, colonizado que foi um dia, continua com a mesma concepção de uma DEMOCRACIA meramente REPRESENTATIVA???


O DOMÍNIO, o PODER deve pertencer a um grupo elitista. Pensamentos, posicionamentos diferentes dos da classe pensante majoritária, que estejam voltados para outras classes sociais devem ser extirpados: "É Comunismo!", "Isso é coisa de gente do Pé Redondo, Pé de Pato!" (palavras ouvidas por Hélio Nicolau Martins, ainda quando pequeno, nos idos anos da década de 30), portanto, não podem participar da administração pública desse país!


Foi assim com o GOLPE MILITAR DE 64, lembram? Aqui, sob nossas barbas, presenciamos Sírio Borges, então prefeito municipal de Rio Brilhante, ser afastado e substituído em seu posto, por quê? "Ah, ele demonstra ter posturas muito preocupantes, como exigir que grandes latifundiários locais pagassem seus impostos como os demais!...". Nessa mesma ocasião, vimos também Dr. Alberto Neder – médico campo-grandense, com uma visão mais humanista - passar pelo campo de aviação de Rio Brilhante, algemado, pedindo um copo de água aos presentes. E que dizer da cassação de Wilson Barbosa Martins, representante desse povo do sul do Mato Grosso (naquela ocasião, anterior à separação do Estado) ante o "perigo" que representava à política nacional!
E o que se observa nesse momento? O ranço, os resquícios daqueles tempos vigendo ainda em nossos dias, em pleno século XXI!!... A memória do povo brasileiro é semelhante àquilo que se faz com sua história, muito efêmera e vulnerável!


A hipocrisia se avoluma, basta ouvir os argumentos da maioria absoluta daqueles seguidores dos impichadores no momento da votação na Câmara dos Deputados...


Uma DEMORACIA em um ESTADO DE DIREITO!... Um Direito que seja o parâmetro, o equilíbrio, o fundamento para o meu e o seu direito, o nosso e o vosso direito de viver com dignidade em uma Nação de muitos povos, respeitado o pluriculturalismo nos seus direitos à vida digna com o pão de cada dia, à casa para viver em família, a plena Justiça e assistência jurídica, ao trabalho, lazer e mais, ao direito ao ensino fundamental até à Universidade (hoje com programas emergenciais, sim, COTAS para indígenas, negros) para seus conhecimento, crescimento, informação e formação na busca de construir um mundo melhor e mais humano para TODOS. Enfim, uma visão das conquistas daqueles que nos precederam no curso da história, com o escopo de impedir que venha ocorrer o retroceder no presente e no futuro dos povos de todas as Nações!
E mais, que nós, sul-mato-grossenses, não nos esqueçamos jamais que os povos originários dessa pátria tão CANTADA e EXALTADA por todos, que vivem ao nosso lado, que transitam pelas ruas à pé, em suas bicicletas, carroças, ou em um carro "caindo aos pedaços" (segundo conceito do não índio), tentando sobreviver com o muito pouco que lhes resta, num "bairro" ao lado, denominado "Aldeia Indígena", verdadeiros ZUMBIS, FANTASMAS, INVISÍVEIS aos olhos da sociedade política e civil, continuarão eternamente sujeitos aos rigores da Lei dos impichadores!!!


Mestre em Direito Constitucional pela UnB, professora da UEMS

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