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Wilson Valentim Biasotto

Tudo pela hegemonia

09 Abr 2016 - 06h00
Tudo pela hegemonia -
Por via indireta Hitler foi responsável pela hegemonia norte-americana, pois a Inglaterra somente perdeu o controle hegemônico do Ocidente capitalista quando foi invadida pelas tropas nazistas e precisou da ajuda dos Estados Unidos para combater o Eixo constituido por Alemanha, Itália e Japão, na Segunda Guerra Mundial.


Por iniciativa do presidente Roosewelt, em 1944, foram convocados 44 países para participarem da Conferência de Bretton Woods, quando foi criado o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial (a partir do BIRD) e o padrão libra-ouro foi substitído pelo padrão dólar-ouro. Essa substituição demonstra claramente a hegemonia norte-americana sobre os demais paises capitalistas (em 1971, unilateralmente, os Estados Unidos desvincularam o dolar do ouro e a partir de então uma cesta de moedas regula o mercado).


Fica muito claro que os Estados Unidos utilizaram-se de seu enorme poder pós-guerra para impor os seus interesses. E, a partir de então, desde 1944 até os nossos dias, continuam a determinar as suas estratégias imperialistas seja pela guerra, a exemplo do Oriente Médio, seja pela cooptação das elites de alguns países, como no caso da América, especialmente a do Sul e a Central.


Enquanto as elites econômicas locais aceitam o jugo, subordinando-se com o que teoricamente denomina-se teoria da dependência, não há dificuldade alguma. Contentam-se com os repasses das tecnologias de segunda geração, ou seja, quando os Estados Unidos avançam científica e tecnologicamente, então repassam para os países em desenvolvimento aquilo que já não lhes é útil. O problema é quando os países-quintais passam a ter uma prática subversiva a essa ordem. Então os norte-americanos, aproveitando-se sempre de alguma crise dos países que lhe são sulbaternos, ou mesmo da conjuntura internacional, interferem impondo-lhes modelos aparentemente benéficos.


Foi assim quando da Guerra Fria. Estados Unidos e União soviética se digladiavam ideologicamente, os primeiros na defesa do capitalismo, o segundo na defesa do socialismo. Para os norte-americanos o grande perigo era a implantação do comunismo em outros países latino-americanos, a exemplo de Cuba. Então, quando o presidente João Goulart tentou implementar as chamadas Reformas de Base no Brasil, os EEUU conceberam a "Doutrina da Segurança Nacional" e Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Peru, implantaram ditaduras militares, tendo como pano de fundo o combate ao comunismo.


Outro exemplo: quando em 1989, houve a derrocada do chamado socialismo real, com a simbólica derrubada do muro de Berlim, os Estados Unidos prepararam o Consenso de Washinton, que instituiu o neoliberalismo econômico ou seja, existência de um estado mínimo, deixando para a iniciativa privada o controle do mercado. Essa política levou ao empobrecimento de vários países, inclusive o Brasil, com as privatizações insanas, o sucateamento do ensino superior o desemprego e o empobrecimento da população.


Esgotado esse modelo, os mesmos países que implantaram ditaduras e implantaram o neoliberalismo, foram buscar nos líderes que se opunham a esses modelos os seus governantes, a exemplo de Mojica, kirchner, Lugo, Evo Morales, Lula, Bachelet, Chaves. Esses presidentes, uns com maior, outros com menor intensidade, promoveram ações sociais que beneficiaram especialmente aos pobres.


Esses avanços fizeram com que surgisse nova investida norte-americana objetivando a derrubada desses governos de esquerda. E todos estão sendo derrubados como numa cascata de dominós.


No caso brasileiro, os EEUU se contrariaram com vários acontecimentos: a aliança do Brasil com os BRICS e a fundação do Banco dos BRICS, que tira a hegemonia do Banco Mundial; a evidencia de que o Brasil está se tornando uma das maiores potências mundiais; a compra de caças da Suécia, etc. Por essas e outras é que há fortes indícios da participação da CIA (Central IntelligenceAgency) no golpe que está em curso. Ela promoveu escutas clandestinas no Palácio Alvorada bem como na Petrobrás. Por seu lado, Moro (dentre outros) foi treinado nos Estados Unidos, participou do "PROJETO PONTES: construindo pontes para a aplicação da lei no Brasil" (Wikileaks). Alguma coincidência? Moro seria agente da CIA?


Membro da Academia Douradense de Letras. e-mail: [email protected]

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