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José Alberto Vasconcellos

“Sex appeal” e apelos comerciais

21 Mai 2016 - 06h00
“Sex appeal” e apelos comerciais -
Ouando você está com sua família à mesa, para o almoço, estando a TV ligada, você assiste com a esposa e suas crianças, a certas propagandas que atentam contra a dignidade da família, a crença religiosa que prega princípios de moralidade e bons costumes.


São comerciais de medicamentos para a impotência sexual, e outras nitidamente repulsivas, que recomendam remédios, ungüentos ou outras drogas, para a cura ou alívio das hemorróidas. Propagandas de bálsamos para aliviar os incômodos da menarca e seus desdobramentos. Para aliviar e "domesticar" intestinos rebeldes, estabelecendo horários rígidos (é o que garantem) para a função.


Suas filhas com dez, onze anos, poderão numa hora dessas, perguntar-lhe o que é disfunção erétil, impotência precoce, e deixar você embaraçado, com a cara de paisagem. Você poderá estar deglutindo um bife malpassado, sangrando, e o sujeito da TV aparece, fazendo propagando de remédios para as hemorróidas. Então?


À mesa do jantar, o mesmo ajuntamento de pessoas: o pai, a mãe, as crianças e, às vezes, até convidados, todos imbuídos do congraçamento familiar, nessa hora, quando nos parece ouvir os acordes da Ave-Maria, a mesma TV que nos assombrou e enojou durante o almoço, volta com suas novelas. Os temas, nunca vão além de arroubos sexuais. São mulheres seminuas, descabeladas, rolando em camas com homens, usando linguajar chulo, obsceno, grosseiro, impróprio para menores e também para maiores menos avisados. É a falência do recato que deve agasalhar a família, contra a baixaria da ralé deseducada, usuária de porcarias que vislumbra arte no esgoto.


Para perpetuar-se como criatura de Deus, inteligente, imbuído de boa-fé, cultivando bons costumes e a moral que a convivência social exige, o homem não pode descuidar-se da preservação da pureza dos costumes no seio da família. O que se afere, contudo, nos dias atuais, é nenhum compromisso com a ética e muito menos com o direito alheio.


Mulheres desfilam pelas ruas seminuas, pecando pela falta de higiene, carimbadas com tatuagens, trajando exíguas vestimentas para exibi-las, ou para mostrar o corpo ou o que resta dele. Os shorts, cada vez menores, sujos, assemelham-se, nas dimensões, aos exíguos "fios dentais" usados nas praias encobrindo o mínimo da genitália.


Assim desfilam com argolas no nariz, carentes de banho e de roupas limpas e descentes. Afrontam a ética social com a deplorável exibição, na busca da atenção do sexo oposto.


Talvez uma auto afirmação: revelar seu "bom gosto", querendo com isso chamar atenção, sem se darem conta de que tal conduta é degradante, repulsiva e condenável. Esse modo de vida, essa exposição, deixou de ser novidade há muito tempo, todavia a cada dia, a ousadia vai mais longe, alimentada pela ignorância e nutrida pela indolência cultivada.


Desfilam em público, desafiando o bom senso e glorificando a pouca vergonha, diante dos transeuntes estupefatos. Longe vai o tempo, em que as pessoas distinguiam cultura de imbecilidade, cultivavam o bom senso e tinham esperanças num futuro melhor.


Mulheres das classes abastadas, elegantes e maquiadas, também têm seu momento para abusar da liberdade individual, no comportamento em público. Imitando a classe mais numerosa e agressiva que aflora das periferias, realizam-se, igualmente, exibindo o que possuem, daquilo que acham mais bonito no seu corpo que, no "frigir dos ovos", não deixa de ser também um apelativo: o badalado "Sex appeal". Mostram-se, a despeito de cultas e educadas, carência do recato que a sociedade julga indispensável, quando impõe limites às "gloriosas exibições", ao distinto público.


Infelizmente todas as classes sociais, de alguma forma, buscam imitar aquilo que as TV`s exibem, no que toca à indumentária, vocabulário e outros "batuques".


E tudo é encenado e exibido com entusiasmo, mirando nos homens como espectadores. A classe masculina, a cada dia, encontra-se mais frustrada e desiludida, com as revelações precoces, promíscuas e equivocadas dos segredos femininos, que as mulheres sentem orgulho em mostrar, arrebatando-lhes aquilo que sempre mais os cativou: a curiosidade, a imaginação e a impaciente espera, para descortinar o mistério que habitava sua imaginação, e o fazia sonhar com uma mulher!


A prática dessas inconseqüências que invadem o lar, e o foro íntimo das pessoas, com deliberado acinte à moral, desafiam o bom senso, os bons costumes, a ética e, sobretudo, desapontam. A cada dia temos um mundo mais confuso, onde os valores humanos são suplantados por bobagens.


Membro da Academia Douradense de Letras. e-mail: [email protected]

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