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Antonio Carlos Siufi Hindo

Será que só uma revolução sangrenta salva o nosso País?

10 Jun 2016 - 06h00
Será que só uma revolução sangrenta salva o nosso País? -
O povo brasileiro nunca conheceu dentro do território nacional os horrores de uma guerra civil, tampouco de revoluções sangrentas que derrubaram governos constituídos. Ele não sabe o que é a falta de energia elétrica, de transportes, de alimentação, e de outras tantas necessidades básicas para um viver digno. Talvez por essas razões assiste todos os dias estarrecidos os fatos que enlameiam a nossa história como nação politicamente organizada, resignado.


Recentemente, o principal jornal de Nova York estampou como manchete, em sua primeira página, que o Brasil, já ganhou a medalha de ouro no tema chamando corrupção. O mundo inteiro tomou conhecimento dessa matéria. Constrange os nossos nacionais e afugenta os investidores internacionais. Abre um abismo medonho para a nossa economia.


As desculpas esfarrapadas apresentadas pelos agentes políticos envolvidos em atos de corrupção causam náuseas. Foi isso o que o âncora do Jornal da Bandeirante disse, no dia 6 de junho. Agora, o procurador-geral da República, surpreende a nação com o pedido de prisão de Renan, Sarney e Jucá. Outras prisões se sucederão. O próprio governo interino está recheado desses corruptos ocupando ministérios. Por todos os lados dessa República campeiam a desonestidade, a roubalheira e os atos que ultrajam o nosso passado de glória. Isso tudo está ocorrendo porque não temos o exato conhecimento dos fatos semelhantes, que ocorreram no mundo.


Dois episódios merecem apreciação: a Revolução Francesa de 1.789 e a Revolução Russa de 1.917. Em ambas as ocasiões o que se constatou foi a roubalheira desenfreada da aristocracia que se alimentava, bebia, não pagava os impostos e ainda gozava de outros tantos privilégios em evidente desrespeito à massa dos trabalhadores. Um regime de força se instalou e se ocupou de processar, julgar e condenar, os que conspiravam em desfavor do povo.


Essas revoluções, e outras tantas que existiram em todos os quadrantes do nosso planeta, podem não ter resolvido a vida econômica, política e social dos povos envolvidos nesses fatos, mas, seguramente, serviram de exemplo, de freio, para os avanços inescrupulosos daqueles que só enxergam no dinheiro o seu único Deus, o seu único poder. Não precisamos chegar a esse ponto, embora tenhamos motivos sobejamente fortes para tanto.


Nesse quadro horroroso que estamos protagonizando ninguém mais sabe o que é a verdade, onde ela está e com quem está. Uma verdadeira angústia. Por isso que Rui sempre terá razão. Precisamos depositar a nossa confiança na Justiça séria, honesta e bem propositada e não na venal. Dessa, não precisamos. Os nossos juízes, são sérios e dignos da toga que usam.


Temos que acreditar que somente com a correta aplicação da lei teremos a esperança fundada de ver restituída a saúde que a nossa República tanto necessita. Sem essa confiança para patrocinar a limpeza moral que tanto clamamos a alternativa que nos resta outra não é senão o uso da força, o que seria um retrocesso. Isso ninguém quer. Isso ninguém deseja.

Promotor de Justiça aposentado. e-mail: [email protected]

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