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Pe. Crispim Guimarães

Radicalismo religioso e laico

17 Jun 2016 - 06h00
Radicalismo religioso e laico -
As religiões, quando não procuram valorizar o ser humano mais que a lei, tendem ao radicalismo. Foi o que vimos nesta semana, quando dezenas de pessoas foram mortas e outras feridas em Orlando, Estados Unidos.


O nome de Deus usado erroneamente só leva a desastres. Desta vez foi vítima a comunidade LGBT. Muitos foram as manifestações de solidariedade, mesmo aqueles que não aprovam suas práticas, pois acreditam que ninguém tem o direito de tirar a vida de outras pessoas seja pelas suas opções sexuais ou por qualquer outra razão. Foi neste contexto, que até o Papa Francisco, no domingo, dia 12, chamou o atentado de "a manifestação de loucura homicida e ódio insensato".


Atos extremos semelhantes a este se espalham por diversas partes do mundo, a França, por exemplo, berço da Revolução Liberal, vive sitiada. A própria força policial francesa tem dificuldade de aplicar a lei nacional em certas comunidades islâmicas. Mas é a velha Europa como todo que sofre com a mesma problemática. Não faz muito tempo que a civilizada Alemanha se alarmou com o caso de violência contra mulheres, muitas delas sofreram estupros, infelizmente praticados por muçulmanos.


Religião sem o uso da razão pode causar muitas misérias, porém, este extremismo, igualmente pode ser praticado por quem não tem religião. Aliás, pode também ser praticado contra quem tem religião. Infelizmente, as 100 mil mortes anuais de cristãos vítimas do extremismo islâmico, não ganha destaque na imprensa. Não denunciar tal barbárie é uma das mais nefastas omissões dos países ocidentais e também dos grandes organismos de comunicação, é um extremismo às avessas, pois se torna conivente com a violência, não apoiando explicitamente, mas silenciando.


Estamos falando de 100 mil vítimas fatais. É claro que é justo denunciar, noticiar, cobrar a justiça para vítimas na França, nos Estados Unidos, mas, por que se calar diante de milhares e milhares de outras vidas? A repercussão é completamente diferente e tem a ver com o interesse dos governos e das ideologias. Ou alguém explica quais são as causas de tamanho silêncio?


Os fatos se multiplicam e a cada ano vemos atitudes absurdas onde vidas são ceifadas indiscriminadamente. Os analistas de plantão se apressam em oferecer versões. Alguns dizem que é a facilidade para comprar armas a grande causa desta e outras formas de violência, ora, no Brasil existem muitas dificuldades para um cidadão comprar armas, mas os criminosos as têm de carrada e matam tanto quando nas piores guerras, vimos a chacina em Ponta Porã, outros dizem que é parte da ascensão da direita, que os radicais querem matar negros, homossexuais, mas não dizem que cristãos são mortos aos milhares em muitos países do mundo, sejam negros ou brancos, além das mortes existe uma discriminação por serem cristãos.


Certas correntes acusam o ocidente de ser o grande responsável pelo surgimento desses grupos, pois suas políticas de dominação criaram esses extremistas, mas não se pode negar uma aversão deles em relação aos valores ocidentais, a saber, a cultura cristã, a cultura laica que promulga o direito das mulheres, dos homossexuais, etc. Experimente gritar nas praças sobre esses ideais, ou fazer uma manifestação na frente de uma mesquita em países como Arábia Saudita, Iraque, Irã, por exemplo, contra o islamismo, como fazem contra algumas igrejas cristãs.


São muitas as causas do surgimento do radicalismo pós-moderno, dentre eles o radicalismo islâmico, mas talvez as avaliações ainda estejam tapando o sol com a peneira.


Pároco da Catedral de Dourados, MS. e-mail: [email protected]

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